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Por dentro dos Dias - Barreiro
Antigamente, costumava dizer-se…lá isso é

Por dentro dos Dias - Barreiro <br />
Antigamente, costumava dizer-se…lá isso é O tempo passa, desfaz-se, desenleia-se, corre na frente dos nossos olhos, deixamos que ele deslize por dentro dos nervos, sofregamente, por vezes, sem o saborear, sentir o seu silêncio. Tranquilamente.
O tempo, sim o tempo. Essa neblina que esconde o esquecimento. A vida é o tempo que colocamos no coração. Tudo o resto são resíduos.

Olhamos para trás, e, nos olhos sentimos essa vertigem de um tempo percorrido, um abismo. Olhamos, como quem observa do cimo de uma montanha, toda a paisagem percorrida, e os olhos vagueiam no horizonte, lá longe, muito longe, num tempo inexistente, que apenas resiste na penumbra do nosso tempo perene – a memória.
A vida é feita de ciclos, há, também quem diga que a vida é feita de acasos, circunstâncias, e, até, de sucessivas rotinas, hábitos, repetições que se repetem, clichés, eternizando essa viagem, que é linda, de busca de sentido ao sentido que a vida tem, esse que é único. O tempo.

Ah, é verdade, passaram 14 anos. A correr. Neste dia, 1 de Fevereiro de 2009, fechei um ciclo e comecei a viver esta minha actualidade de não ter horários. Um direito que se obtém depois de cumprir deveres. Cumpri.

Nestes anos, vivi, por dentro, acontecimentos que sei estão, desde já, inscritos na história da humanidade e do meu país. Quando sentimos que estamos dentro da história que está a acontecer, devemos viver intensamente a história, nós também somos protagonistas.

Olho para trás e recordo os anos da crise financeira, lá por 2008, que anunciaram os PEC’s, PEC 1, PEC 2, PEC 3, e PEC final. Aqui começaram os primeiros cortes anunciados. E quando pensávamos que as coisas estavam a acalmar, desaba sobre a vida de todo nós a troika, no ano 2010. Lá vivemos aquela história, repetida dos clichés dos bons e maus. E ficou vincada nos nervos do cérebro aquela frase: Ai aguenta, aguenta!

Seguiu-se, em 2014, a festa anunciada como um novo 1640, e, vai daí, quando parecia que as coisas, mesmo com todos os cortes, alguns que nunca mais ressuscitaram, em em 2019, lá ficamos envolvidos noutra aventura – pandemia do COVID 19. Uma experiência que nunca iremos esquecer, que nos gerou ansiedade, lágrimas, solidão, que fez sentir a força de ser vizinho, de aprendermos a olhar o outro – olhos nos olhos. Redescobrirmos a força da humanidade. Estamos juntos. Vamos juntos.

E, por fim, em 2022, passada a pandemia veio a Guerra da Ucrânia. A Rússia. Os EUA. A China. A Europa. A geoestratégia. O Capital financeiro. A energia. O poder. A morte. A desumanidade.

Cá estamos…14 anos depois, continuando a aprender com a vida. Descobrindo. Redescobrindo.
E, hoje, neste final de noite, deitei-me sobre as palavras para recordar, por dentro dos sons, a vida, a vida que é um ciclo, e, afinal, em todos os ciclos da vida está anunciado o novo ciclo. Sim, o difícil é descobrir. Mas que o novo ciclo está presente, bem presente, a pulsar nos dias, la isso está, antigamente, costumava dizer-se…lá isso é. Coisas de velhos de cabelos brancos.
Pois, a história é feita de ciclos. Não aprenderam isso, nunca aprendem, principalmente, todos aqueles que o poder...sufoca o pensamento.
Divirtam-se.

António Sousa Pereira

02.02.2023 - 18:23

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