inferências
Por dentro dos Dias
Confiança, Esperança. Dignidade.
Por António Sousa Pereira
Barreiro
Dizia alguém: “Eu gosto de viver. Gosto de acrescentar anos à minha vida”.
Eu respondi: “Eu também gosto de viver: Também gosto de acrescentar anos à minha vida”.
Sim, viver, sentir que cada ano me dá sempre algo de novo. Não ficar amarrado ao passado, mas sentir que todo o passado está cheio de lições.
Sentir que o passado está sempre semeado de presente e de futuro.
O tempo é aprendizagem. O tempo enriquece a vida. Aprendemos a apreender com tudo o que já tínhamos apreendido. Renovando as aprendizagens.
O belo da vida é isso - a aprendizagem.
Como é habitual, na troca de palavras, por estes dias, expressamos desejos. Que seja um ano melhor. O que é preciso é ter saúde. Outros dizem o que desejo é ter dinheiro.
“Queremos sempre pouco. Só saúde. Eu quero dinheiro!”, comentava uma amiga.
Eu fico pelo desejo de ter saúde. Basta-me. É a saúde que me dá energia para sentir e viver o tempo. Que me interessa ter dinheiro, se não tiver saúde. É triste. Ou, viver em busca do ter, apenas ter…
Por estes dias, é natural, ao sentirmos que se aproxima o final de mais um ano, olhamos para trás, para o tempo vivido e pensamos por dentro do tempo.
O que sinto, em cada ano que passa, é que em cada ano, acrescento ao tempo, não apenas tempo, mas, mais alegria de viver, mais vontade de amar a vida, de abraçar o tempo que vivo, todo o tempo, este, aqui e agora, que é o que tenho para viver.
Lendo. Escrevendo. Estudando. Aprendendo. Amando. Abraçando a vida. Sorrindo. Beijando. Tocando, com os olhos a saudade. Dar enormes gargalhadas. Sentir que o tempo não está reduzido a um vazio de ambições inúteis.
Sentir, afinal, que a vida é uma gota de água que desliza, lentamente, num vidro e, de súbito evapora-se, dilui-se na eternidade. Apenas, isso, na eternidade.
É por isso, que quero viver o tempo, por dentro do tempo, com tranquilidade, e, nesse viver sereno, sentir a condição de ser humano, neste planeta, nesta casa comum, na minha cidade, na minha rua, no meu canto, sentir, afinal, que em cada ano, aprendi, enriqueci o tempo que vivo, contemplando e agindo. Sendo eu, tu e nós.
Sentir que, em cada ano, dei um passo, mais um passo, no sentir, pensar e descobrir o saber que faz a beleza da vida.
Sentir e pensar que a vida é sempre um diálogo entre o nosso interior, com o mundo em rebuliço. Compreender o mundo.
Compreender, afinal, que a velhice é todo o tempo que está à minha frente para sentir o conforto de abraçar o futuro.
Talvez por isso, hoje, pela manhã, dei comigo a pensar em três palavras para colocar no tempo – entre a memória, as utopias e distopias.
Três palavras que façam uma ponte entre o passado, o presente e o futuro.
Escolhi – confiança, esperança e dignidade,
Confiança - que dá a energia que precisamos para participar no fazer cidade e cidadania. Ser cidadão de corpo inteiro. Construindo uma cultura de fraternidade.
Esperança - que dá ânimo para sonhar utopias, e, viver a mais bela utopia que conheço, desde aquele dia de Abril, aquela que se escreve com a cultura da Liberdade.
Dignidade - que estimula o respeito pelas diferenças, saber que o outro faz parte de mim, saber que somos uns com os outros, saber que somos parte de uma história que recebemos, que somos comunidade, que somos humanidade. Somos pessoas. Somos seres humanos. Somos nós e as circunstâncias. Somos nós no tempo que fazemos, nos sonhos e nas mudanças. A cultura do Amor.
É verdade, como escrevi no meu livro, editado em 2024 – “Quando o silêncio responde à arrogância, não é cobardia, é a Liberdade a gritar Dignidade.”
Findo, com o desejo – Bom Ano 2025.
Confiança, Esperança. Dignidade.
António Sousa Pereira
TE – 180
Equiparado a Jornalista
31.12.2024 - 19:03
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