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Barreiro – Por dentro dos dias
D. Fernanda – uma mulher que semeava amor com sorrisos.

Barreiro – Por dentro dos dias <br />
D. Fernanda – uma mulher que semeava amor com sorrisos. Há dias que sentimos a vida esvair-se nos olhos, uma tristeza que toca os nervos. Lágrimas que surgem para regar as memórias do tempo. Recordações. Sorrisos. Palavras de afecto.

Hoje, no começo da tarde, fui despedir-me no Crematório do Barreiro, de uma amiga que partiu. No caminho observei o céu nublado, uma gaivota a rasgar as nuvens. Senti os limites e o infinito que somos.
Conheci a D. Fernanda, foi assim que sempre a tratei, quando assumi a presidência da Cooperativa Pioneiros do Lavradio. Respeito. Dignidade. Um tempo de sonhos. E, com ela, ao longo dos anos mantive sempre uma amizade, daquelas que estão sempre guardadas no cantinho das coisas lindas da vida. Uma trabalhadora exemplar, dedicada, cumpridora dos seus deveres, uma ternura de relacionamento com todos. O humanismo estava inscrito nos seus olhos. Nunca vi nela maldade. Se há pessoas puras, D. Fernanda é um exemplo perfeito de fraternidade.
Sempre que, decidia ir tomar a minha bica matinal, ao Café Capri, lá estava, ela, na conversa com amigas. Aquele espaço era como a sua segunda casa. Senti isso nas lágrimas de dor da Sónia. Mal eu entrava, e D. Fernanda colocava os seus olhos nos meus olhos, levantava-se para nos beijarmos. Uma relação pura que mantivemos ao longo da vida. Uma relação que escrevo com a palavra – Gratidão!
Recordo os dias que ela, já reformada, colaborava com a ASDAL – Associação de Defesa do Ambiente do Lavradio. Com serenidade, como braço direito do seu Amado.

A D. Fernanda Amado, partiu ontem, dia 3 de novembro, não era lavradiense, como eu não sou lavradiense. Nasceu a 12 de dezembro de 1940, em S. Pedro do Sul, contava 85 anos. Mas, sem dúvida, serviu esta terra.
Fiquei surpreendido com a sua brusca partida, porque, ainda, há uns dias atrás, senti os seus olhos a brilhar nos meus olhos a sorrir. Era assim a nossa amizade.
D. Fernanda, viveu uma vida profissional de dedicação e serviço. Só a conheci nos anos 80, mas recordo de ouvir falar da sua vida profissional, que começou na CUF, onde exerceu funções na Cantina.

Hoje, enquanto o sacerdote recordava que somos a memória, que está viva no presente e com essa memória temos que construir futuro, senti as saudades dos dias de sonho, que muitos homens e mulheres tudo deram de si, voluntariamente, no cooperativismo, mesmo os profissionais deram muito de si, voluntariado, para construir o futuro e sonhar um mundo melhor.
A D. Fernanda foi isso mesmo, uma mulher que deu de si, que gostava de ajudar os outros, que tinha sempre um sorriso e uma palavra de ternura. Semeava amor.
Obrigado! Até sempre D. Fernanda.

António Sousa Pereira

04.11.2025 - 17:30

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