opinião
Autoeuropa! E agora?
Por Fernando Sequeira
Moita
A alteração na fábrica prevê a adaptação para “grande volume” de produção e a admissão de aproximadamente 2000 postos de trabalho.
A alternativa encontrada pela CT no passado dia 26 de Julho, para além das remunerações adicionais previa a redução do horário de trabalho semanal para as 38,20 horas o que corresponde a aproximadamente menos 10 dias de trabalho por ano.
A Comissão Trabalhadores chegou a entendimento com a administração, aprovando esse entendimento por maioria na Comissão de Trabalhadores, com votos contra do sindicato afeto à CGTP, designadamente dos representantes do SITE-Sul, que propunham para fazer aproximadamente 240 mil ano, capacidade máxima da fábrica é de 860 carros dia, com um horário de segunda a sexta com trabalho extraordinário ao sábado em regime voluntário, “incendiando” os Plenários e influenciando os trabalhadores com promessas que não pode cumprir porque sabemos que segundo a Lei e os Contratos Coletivos de Trabalho, cito “compete as empresas definir os horários de trabalho ouvidos os representantes dos trabalhadores “ não sendo o parecer dos representantes dos trabalhadores vinculativo. Depois de ouvirmos advogados sindicais, de estudarmos vários turnos rotativos praticados e assinados em Contratos Coletivos de Trabalho assinados pelos sindicatos, com apenas um domingo de folga por mês, não sendo possível a fábrica garantir a produção exigida pela Alemanha de segunda a sexta, vi com alguma possibilidade de êxito que o turno em discussão na Autoeuropa fosse alternativa a estes horários muito mais penosos acordados com o sindicato em outras empresas, este horário permitia com a admissão de algumas centenas de trabalhadores garantir que ninguém trabalharia mais de 5 dias por semana e que todos teriam o Domingo como folga.
Lamentavelmente (ou propositadamente) o SITE está a ir na onda populista, através de baixo assinados, comunicados contra este turno, não explicando os acordos que tem e como se trabalha na maioria das empresas que têm turnos, no distrito e no país, da Fisipe, Protucel, às celuloses, onde tem CCT ou AE (acordos de empresa).
Não aprenderam nada com a Opel, (argumentam sempre que na Opel até fizeram um acordo e que depois a empresa deslocalizou na mesma) nada mais falso, sempre se soube que demorar a decidir é atrasar o processo e dar às empresas tempo para encontrarem alternativas das quais depois não recuam.
Na Autoeuropa, alguns, começando pelo SITE-Sul (sindicato ainda maioritário) cavalgando a onda do descontentamento prefere trabalho extraordinário à criação de emprego. A Autoeuropa, não será, (acredito), outra Opel Azambuja, mas a VW não deixará de fazer os 240 mil carros ano, mais a mais tendo o novo carro a base do Golf e havendo fábricas alemãs onde se produzia o Golf, estando neste momento com reduzida produção.
Face a esta tomada de posição do SITE-Sul devemos questionar:
Será que a criação de 2000 postos de trabalho na região não é importante?
O Sindicato preocupa-se ou não com o desemprego?
Dá mais importância à luta sindical, ou defende o emprego e as famílias que dele dependem? Como pode um sindicato que tem um pré-aviso de greve ao trabalho extraordinário até ao final do ano defender a realização do mesmo? Defende trabalho extraordinário ou criação de emprego?
Esperemos que depois do chumbo do pré-acordo o SITE-Sul faça uma reflexão sobre a agonia que está a provocar nas famílias e a sua forma de atuar no movimento sindical. O tempo, como sempre será um enorme professor. Vale tudo e principalmente desinformar os trabalhadores para preparar o “assalto ao castelo”, e transformar assim a Autoeuropa em mais uma empresa igual às milhares que andam por aí.
Isto é uma vergonha de sindicalismo ou por outras palavras é um sindicalismo que me envergonha, razão pela qual venho assim publicamente pedir a demissão de sindicalizado do SITE-Sul.
Fernando Sequeira
Coordenador da Comissão de Trabalhadores Autoeuropa
03.08.2017 - 20:25
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