opinião
Isto é Obsceno
Por Alexandra Serra
Sesimbra

Uma amiga ligou-me, disse que lhe apetecia ouvir-me, as mensagens não têm o mesmo sabor.
Soube tão bem e eu senti-me em dívida.
Não, partilhámos medos pelos que amamos, nostalgias pelo não vivido com quem partiu, esperança de voar rumo ao sonho. Senti o quanto precisava de a escutar, ela que pertence a uma categoria rara de amigos - os de infância.
Os amigos são os pilares de uma resiliência afadigada.
Diminuí a informação que consumo, tenho medo de esquecer as pessoas por trás do alude de números, mas não sou cega nem surda e oiço os amigos e familiares que fazem questão de me informar.
Deixamos de ver pessoas quando os números alcançam valores acima das dezenas. Esquecemos quantos choram os seus mortos, não queremos pensar que a morte está a bater á porta de todos
Ouvi o nosso Primeiro-ministro António Costa: "Se acha que resolve o problema do país dizendo que a culpa é minha, ofereço-me desde já esse sacrifício. É assim que eu vivo com a minha consciência e assumindo plena responsabilidade pelas circunstâncias em que o país está hoje".
Repercussões de juvenilidade: "Cordeiro de Deus que tirais o pecado do Mundo...". Não questiono que arrogue a responsabilidade por uma resolução que olhei errada por simplesmente política.
A qual, outros partidos copiariam. Mas pirómana para os desfastios de muitos "pecadores", que utilizaram para viverem a época natalícia no habitual estonteamento consumista e em reuniões ampliadas e deambulantes de que sabiam os riscos.
Concentrar o debate no Natal é embusteiro, lográvamos em estar mais bem preparados para o que tanto o primeiro-ministro como o presidente da República anunciaram - o mais do que provável aumento da situação no Outono, ainda reforçado no Inverno. Um exemplo é a delonga dos inquéritos epidemiológicos, escusável com um oportuno reforço da Saúde Pública. Outros, uma comunicação sinuosa, um estranho confinamento ligeiro e as indecisões no que às escolas e aos idosos diz respeito.
Uma última palavra para a cercadura de textos de opinião que circundam nas redes sociais. Nalgumas observações e chamamentos que lhes acompanham as partilhas há um júbilo; não se deseja informar, mas sim escoar animosidades e obter lucros políticos. E isso, é obsceno.
Alexandra Serra
26.01.2021 - 11:49
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