opinião
Saúde Mental na terceira idade: mais vale prevenir que remediar
Por João Fernando Martins
No entanto, apesar de nesta fase a saúde física esteja associada a um maior declínio, torna-se importante compreender que além da longevidade, que cada vez tem sido maior fruto dos avanços na ciência, importa promover uma velhice de qualidade, com um bem-estar geral que seja satisfatório.
Em todo o caso, o envelhecimento (processo que começa no momento em que nascemos), pode apresentar nesta fase, obviamente, uma maior intensidade, que coloca o idoso muitas das vezes numa situação de perda de parte da sua força, mobilidade, visão e/ou audição que o limitam, mas que também o preocupam, preocupação essa que pode contribuir para um menor bem-estar psicológico.
Assim, por mais que seja um processo natural, o facto de o idoso vivenciar essas mudanças no seu próprio corpo pode ser algo que tenha dificuldade em gerir, não só a nível físico com uma adaptação de si mesmo a certas limitações, mas também psicológico, podendo perspetivar para si um futuro de sofrimento, de inutilidade ou dependência, que pode condicionar o seu dia-dia, ou inclusivamente, potenciar essa perda de funções com ainda maior intensidade.
Além das naturais mudanças no seu corpo, no domínio da vivência interna de um idoso podem existir uma multiplicidade de perdas, sejam elas de pessoas, mas também animais de estimação, que têm para muitos um grande significado, assim como questões materiais como a sua casa, a sua independência, ou a sua estabilidade financeira que não existindo o tornará dependente de terceiros.
No fundo trata-se de um conjunto de perdas que podem ir acontecendo à medida que o percurso de vida do idoso decorre e que exigem de si uma adaptação constante que nem sempre pode acontecer da melhor maneira.
Assim, é relativamente comum nestas situações o aparecimento de sintomas como a ansiedade, angústia, medo ou tristeza, que muitas vezes não são causa de uma situação específica, mas sim de um conjunto delas.
Se por um lado muitas vezes o acompanhamento Médico passa por intervir na doença e prevenção, podendo passar, por exemplo pelo atenuar do desconforto físico, a dor, ou a intervenção em determinadas patologias, na caso da Psicologia o acompanhamento passa por uma intervenção ao nível cognitivo, comportamental e emocional, procurando estabelecer estratégias que permitam que o idoso adquira comportamentos saudáveis nas suas rotinas e se sinta satisfeito com o seu percurso de vida.
A terapia psicológica pode ser, neste contexto, uma especialidade relevante para a promoção de um bem-estar psicológico e emocional junto do idoso, promovendo um acompanhamento próximo, afetivo e com protocolos cientificamente validados que o ajudem a lidar com as dificuldades que atravessa, neste processo de mudança e de adaptação que todos conhecemos como envelhecer.
Por Dr. João Fernando Martins
Psicólogo
26.08.2022 - 14:33
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