opinião

“Elementar meu caro… (Costa)!”
Armando Sousa Teixeira
Barreiro

“Elementar meu caro… (Costa)!”<br />
Armando Sousa Teixeira<br />
Barreiro - Numa das últimas vezes que António Costa esteve no Barreiro com “decisões estratégicas”, foi para anunciar o famigerado projecto do “Terminal de Contentores de Lisboa no Barreiro”, entretanto derrotado pelas contradições do próprio sistema capitalista e pela oposição firme de alguns barreirenses.

As grandes multinacionais do “Transhippement” não se entenderam, algumas preferiram ficar em Lisboa e a anunciada transferência de todos os portos de contentores da capital para a sacrificada vila-cidade (agredida durante cem anos de terrível poluição atmosférica, hídrica, por resíduos sólidos perigosos) ficou para as calendas.

A agressão ambiental, paisagística, territorial, de circulação e acessibilidades, social até, era tão tremenda que poucos defenderam tal projecto, entre eles a CM Barreiro com especial arreganho. Elucidativo!

Só não dizemos paz à sua alma porque qualquer dia “voltam à carga”, se se mantiver a importância do transporte contentorizado, om finlandeses, holandeses e chineses a arranharem-se pela hegemonia no ramo.
- Vem isto a propósito do anúncio de “novos projectos” estratégicos para o Arco Ribeirinho Sul. Nenhum é verdadeiramente novo, há muito foram reivindicados pelas autarquias como projectos estruturantes para a região, fizeram parte dos “Planos de Desenvolvimento da Península de Setúbal “quase nunca cumpridos, nomeadamente:
* O prolongamento do Metro de Superfície Sul;
*A ponte Barreiro-Seixal (que o actual executivo municipal recusou-se a considerar prioritário: elucidativo também!).
* O Passeio do Arco Ribeirinho Sul”, sobretudo a beneficiação das margens para aproximar as populações do rio e potenciar o turismo.

De tão evidente importância estratégica diríamos como o insubstituível inspector Maigret: “Elementar meu caro… (Costa!”.
- Temos as maiores dúvidas sobre a anunciada ponte Barreiro-Montijo que “cheira” ao projecto do Aeroporto no dito. Ainda não está morto mas cada vez mais moribundo, tal a dimensão dos problemas ambientais e sociais adjacentes. Contraditoriamente a CMB defende tal ponte com “unhas e dentes”, sem cuidar da sua localização e do estudo de impacte ambiental. Tal como fez com o território da Braamcamp que continua em contencioso judicial (felizmente!). Elucidativo mais uma vez!

- Como sabemos existe uma enorme distância entre o anúncio e a concretização das ideias-projecto. Veja-se os exemplos da 3ª Travessia do Tejo, do Comboio de Alta Velocidade e do próprio Novo Aeroporto, que continua a ter Alcochete como melhor alternativa estratégica regional e nacional. Pena o governo não ter aproveitado para anunciar esta elementar evidência, na “Hora de Setúbal”, como diria uma vez mais o inspector Maigret.

- Uma palavra para a ausência de projectos e investimentos, centrais ou locais, na preservação, e valorização com usufruto, do riquíssimo e impar Património Industrial e Ferroviário do Barreiro.

Os “tesouros” do dito estão nos locais vivos (alguns destruídos ou moribundos…) que exigem conservação e salvaguarda, não são os documentos mortos que se andam a mostrar por aí (com todo o respeito pelos arquivos. Precisamos de Núcleos Museológicos vivos (da Pesca, da Industria Moageira, da Proto-indústria, dos Caminhos de Ferro, da Indústria Química, da Cultura Operária e da Resistência Antifascista) e não apenas de documentos em arquivo para memória futura.
- Uma última e pertinente questão: que projectos estruturantes tem a Autarquia para o Barreiro?

Barreiro, 29-03-2023
Armando Sousa Teixeira

01.04.2023 - 00:33

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