opinião

PESSOAS NORMAIS, de Sally Rooney
Por Ana Gonçalves
Barreiro

PESSOAS NORMAIS, de Sally Rooney<br />
Por Ana Gonçalves<br />
Barreiro Pessoas Normais é um livro de Sally Rooney, publicado pela editora Relógio D´Água em julho de 2019, que aborda temas como o da amizade e do amor. Foi, também, adaptado a uma série televisiva que fascinou muitos telespetadores.

Inicialmente, não houve nada que despertasse a minha atenção para a leitura deste livro, contudo, como aceitei um desafio de discussão num Clube de Leitura sobre o mesmo e já tinha tido alunos a apresentá-lo oralmente, decidi mergulhar nas suas páginas.

A histórica começa com a apresentação de vários jovens no fim do ensino secundário, incidindo sobre as relações e comportamentos entre eles. Aparentemente, lemos o que encontramos nos dias de hoje, nos jovens das nossas escolas, os medos, a preocupação com o olhar dos outros, com as notas, com quem se escolhe para ir ao baile de finalistas, e a preocupação com a escolha do caminho a seguir, na ida para a Universidade, em que muitos terão de se deslocar das suas localidades para ir viver noutras cidades. Vamos acompanhando mais de perto as vivências de dois jovens, da mesma escola, que vão para a mesma Universidade, e que já se tinham envolvido, de forma secreta. Nunca assumiram que foram namorados. A partir daí, assistimos a momentos em que as suas vidas se cruzam com as de outros colegas e há vários relatos de relações coloridas, umas mais saudáveis que outras.

Os capítulos vão surgindo com datas, que apresentam os acontecimentos por ordem cronológica, mas por vezes há necessidade de voltar atrás para contextualizar determinada informação ou comportamento das personagens.
Não sendo o meu tipo de leitura preferida, reconheço que é um livro que pode captar facilmente os jovens, que se podem identificar perfeitamente com as personagens do livro por diversos fatores, tais como a dificuldade de integração no grupo de amigos, pelas vivências familiares, sobretudo as monoparentais, em que a mãe tem um papel principal, pois trabalha até aos seus limites para sustentar e proporcionar o melhor ao seu filho, ou a mãe que tem tanto dinheiro, mas está tão ausente que não chega a perceber as reais necessidades do seus descendentes. Encontramos jovens que têm de trabalhar e estudar ao mesmo tempo para conseguirem fazer face às despesas de deslocação, os que passam a vida em festas e copos, os que se aproveitam da fragilidade dos outros, os que têm boas notas, os que “se perdem” por não conseguirem conviver com o seu “eu” ou até os que têm de procurar um médico para aprender a viver com os seus conflitos emocionais. Os jovens crescem e os caminhos de cada um vão-se traçando.

No fim, percebemos que as decisões da juventude influenciam, sem dúvida, o rumo da nossa vida, alguns percursos podem ser alterados, limados, mas há que manter o contacto com quem nos faz bem. Seremos todos (ou não) “pessoas normais”?

Este é um livro que faz parte do Plano Nacinal de Leitura, recomendado para jovens com mais de 15 anos.

Ana Gonçalves
Barreiro
Professora do Agrupamento de Escolas de Casquilhos

22.01.2024 - 00:26

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