opinião

A DESVALORIZAÇÃO DA MERITROCRACIA DOS TRABALHADORES
Por Pedro Pereira
Barreiro

A DESVALORIZAÇÃO DA MERITROCRACIA DOS TRABALHADORES<br />
Por Pedro Pereira<br />
Barreiro A questão dos salários miseráveis dos trabalhadores em Portugal é como uma doença endémica. Um flagelo nacional.
Nos dias de hoje, acrescidamente e uma vez mais, na sequência do que vem acontecendo na última década, os trabalhadores e a maioria da população, enfrentam problemas que resultam, primordialmente, em dificuldades para satisfazer as suas necessidades básicas.

Além disso, cresce o coro de críticas de que a meritocracia, ou seja, a valorização do mérito do desempenho dos trabalhadores, não é levada em conta na determinação dos salários, quer no sector privado, quer na função pública.
A maior parte dos trabalhadores portugueses auferem salários mínimos ou escandalosamente baixos, inclusivamente na função pública, comparativamente com o custo de vida e os padrões de bem-estar dos trabalhadores dos restantes países comunitários.
Grande parte dos trabalhadores enfrentam no cotidiano, desafios para conseguir arcar com as despesas básicas, como a alimentação, habitação, saúde e educação, pedras basilares da Constituição da República Portuguesa.

Além disso, são do domínio e comentários públicos, as críticas em relação à falta de uma verdadeira meritocracia no sistema de remuneração laboral em Portugal. É do conhecimento geral que em alguns sectores públicos e empresas, a progressão na carreira e a determinação dos salários não são baseadas no mérito e no desempenho dos trabalhadores, mas sobretudo em outros factores, como nepotismo, filiação partidária, caciquismo, relações familiares e favorecimento pessoal.

A falta de meritocracia é geradora de insatisfação e desmotivação entre os trabalhadores, que se sentem desencorajados para se esforçar em desenvolver a excelência no seu trabalho, visto que as suas remunerações não se encontram diretamente relacionadas com o seu desempenho profissional. Além disso, contribui para a desigualdade salarial e injustiça laboral, devido ao facto de haver trabalhadores com as mesmas qualificações e desempenho a receberem salários diferentes devido a factores não relacionados com o mérito, o que sucede, por exemplo, entre trabalhadores autárquicos e funcionários de empresas municipais desses mesmos municípios.

É importante referir que a questão dos salários miseráveis e a falta de meritocracia são questões complexas, que envolvem múltiplos factores, acrescidos aos atrás referidos, como a situação económica do país, a competitividade do mercado de trabalho, as políticas de remuneração das empresas e as relações laborais. A solução para esses problemas não é simples e requer uma abordagem abrangente e holística, envolvendo acções dos governos, das empresas e dos próprios trabalhadores.
É fundamental que os trabalhadores sejam valorizados face à sua formação profissional/académicas, de forma justa, e que a meritocracia seja levada em consideração na determinação dos salários, para que possam ser adequadamente recompensados pelo seu esforço no desempenho das suas funções.

Políticas de transparência e equidade na remuneração, assim como incentivos para a formação e capacitação dos trabalhadores, podem contribuir para uma maior justiça salarial e uma sociedade mais equilibrada.
Em Portugal, a questão dos aumentos salariais tem sido desde há vários anos um tema de grande preocupação, transversal a todos os sectores profissionais, especialmente nas classes dos médicos, enfermeiros, professores, forças de segurança, Forças Armadas e outras.

São justamente criticáveis, obscenos e miseráveis os aumentos salariais verificados nos últimos dez anos, que não acompanharam a inflação nem reflectem adequadamente o valor e a importância das classes laborais na sociedade. São profissionais essenciais para o bem-estar da população e para o desenvolvimento do país e da sociedade.

Por isso, muitos médicos, enfermeiros e outros agentes de saúde, queixando-se dos salários baixos e das más condições de trabalho, incluindo a falta de pessoal e a sobrecarga de trabalho, têm emigrado em grande quantidade nos últimos anos para outros países em busca de melhores condições salariais e de trabalho, o que tem impactado negativamente no sistema nacional de saúde.

Os professores por sua vez, também têm enfrentado dificuldades no que diz respeito aos aumentos salariais e valorização das suas carreiras, para além dos corpos profissionais da PSP, GNR, e das Forças Armadas.
Estes profissionais continuam a reclamar da falta de atualização salarial justa e do desfasamento entre os seus salários e o crescente custo de vida, por via da inflação e das altas taxas de juro.

Em resumo, a questão dos salários miseráveis dos trabalhadores portugueses e a falta de meritocracia na determinação dos mesmos, são questões graves e relevantes, que requerem atenção e acção por parte dos agentes políticos, empresas e sociedade como um todo.
A retenção de talentos, de trabalhadores qualificados, a garantia de uma força de trabalho motivada, e a promoção de serviços de qualidade para a população dependem de uma valorização justa e adequada das várias classes profissionais que contemple o mérito e os respectivos salários.

É essencial e urgente investir na valorização dos profissionais de saúde, de ensino e de outros sectores laborais, como forma de evitar a hemorragia/emigração de trabalhadores especializados e capacitados para desenvolverem o progresso da nação portuguesa, tal como continua a acontecer.

Pedro Pereira

27.02.2024 - 23:56

Imprimir   imprimir

PUB.

Pesquisar outras notícias no Google

Design: Rostos Design

Fotografia e Textos: Jornal Rostos.

Copyright © 2002-2024 Todos os direitos reservados.