opinião

Homenagens e critérios, ou talvez não?
Por José Encarnação
Barreiro

Homenagens e critérios, ou talvez não?<br />
Por José Encarnação<br />
Barreiro No dia da cidade, 28 de junho, a Câmara Municipal do Barreiro decidiu homenagear 50 figuras da terra a propósito dos 50 anos da Liberdade.
Já passaram alguns dias é verdade e, por isso, também, alguma perplexidade do primeiro momento já se desvaneceu um pouco.

Contudo, a passagem do tempo não faz esquecer flagrantes injustiças que o “critério dos critérios” para a escolha destes e destas 50 não deixou de produzir.
O problema não está tanto nos e nas que foram homenageados (alguns e algumas poderiam já o ter sido ou virem a ser, mais tarde, homenageados), mas sobretudo por alguns que o não foram.

Falo de um ilustre cidadão do Barreiro, que esta terra acolheu há largas dezenas de anos, e que, “por acaso”, até foi o primeiro vereador eleito pelo Partido Socialista nas primeiras eleições para o Poder Local Democrático, em 1976.
Cidadão da terra e do mundo com um vasto currículo em diversos aspectos da vida social, política, cultural e associativa do Barreiro.

Ele foi dirigente de várias colectividades ao longo da sua vida. Foi, e ainda é, colunista em jornais locais durante muitos anos. É professor na Universidade da Terceira Idade e tem 4 livros de poemas publicados e um livro de contos. Merecedor de diversos prémios e agraciações honrosas nesse domínio ainda não teve a “sorte” (risos) de ser agraciado pela autarquia.
Autarquia que ajudou, entre 1976 e 1979, a dirigir e autarquia que o elegeu para deputado metropolitano quando ainda não existia a Área Metropolitana de Lisboa.

Trabalhou dezenas de anos na antiga CUF e tem, nos seus arquivos, um currículo invejável.
Fez, há cerca de um mês, 88 anos de lucidez e participação cívica, literária e política cá no “burgo”.
É advogado aposentado. Já não exerce advocacia, mas continua a exercer cidadania.
É, desde que o conheço, um homem de ideias democráticas e um progressista. Sempre o conheci ou como simpatizante e defensor da liberdade ou como militante e dirigente do Partido Socialista.
Foi sindicalista durante vários anos.

Chama-se Fernando Jorge Camacho Fagundes e muitos dos que me lêem conhecem-no bem.
Pois é deste homem, deste cidadão, deste Barreirense, não indígena, que estou a falar.
Custa-me, e julgo que a muitos mais, verificar que ainda não foi agraciado. Podia e devia tê-lo sido nos 50 anos do 25 de Abril e da Liberdade.

Mal vão os decisores quando não são capazes de distinguir alguns dos melhores que temos entre nós.
Costuma dizer-se que “mais vale tarde que nunca”. É verdade, mas isso não faz esquecer a injustiça que, até à data, lhe fizeram.
Ainda por cima é conhecido por não ser um homem sectário. Coisa que hoje já não abunda assim tanto.

Barreiro, 12 de julho de 2024
José Encarnação

12.07.2024 - 17:59

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