opinião

QUEM VÊ CARAS NÃO VÊ CORAÇÕES
Por José Paulo Rodrigues
Barreiro

QUEM VÊ CARAS NÃO VÊ CORAÇÕES<br />
Por José Paulo Rodrigues<br />
Barreiro Relatos de munícipes indignados com situações do dia a dia do Barreiro são frequentes, embora nem sempre cheguem ao grande público. Essas histórias, que retratam a dura realidade enfrentada por quem vive no concelho, raramente aparecem nas redes sociais da autarquia ou nos vídeos bem-produzidos que a sua máquina de propaganda divulga nas plataformas digitais.

Ao contrário, são casos que revelam a ineficiência de processos administrativos, o desperdício de recursos e a falta de respeito para com os cidadãos.

Um exemplo paradigmático chegou-nos recentemente, ilustrando a lentidão e desconsideração com que os serviços municipais tratam os munícipes. Trata-se de um caso que poderíamos descrever como um verdadeiro retrato da burocracia obtusa que parece ser vista como algo inevitável — uma fatalidade à qual todos devemos nos resignar.

Eis os factos:

1. Uma munícipe decide utilizar o serviço de abate de viaturas disponibilizado pela Câmara Municipal do Barreiro (CMB). O objetivo é simples: dar baixa de um veículo herdado de sua mãe para evitar os custos continuados, como o pagamento do Imposto Único de Circulação (IUC);

2. Num primeiro momento, a CMB compromete-se a recolher a viatura e dar início ao processo de abate. No entanto, após a recolha, decide unilateralmente que o veículo se encontra em estado utilizável e que pode ser integrado na frota municipal;

3. Em função disso, a Câmara decide suspender o processo de abate e a munícipe é informada de que deve continuar a suportar com os custos associados ao veículo — incluindo o pagamento do IUC — até que a CMB tome uma decisão definitiva sobre o futuro do carro;

4. Mais de dois meses após o início do processo, o veículo permanece, supostamente, sob custódia da Câmara Municipal, enquanto a munícipe continua a ser onerada com despesas que já deveria ter eliminado. A resposta oficial da autarquia é uma promessa vaga: “Quando houver uma decisão definitiva, será informada.”

Esta situação é lamentável. Revela uma postura de indiferença e prepotência por parte dos serviços públicos que deveriam servir os munícipes e não complicar ainda mais as suas vidas. A lentidão do processo é agravada por uma decisão arbitrária, que transfere para a cidadã a responsabilidade por custos e inconvenientes que já não lhe pertencem.

Este é apenas um exemplo entre tantos outros de como a gestão autárquica do Barreiro falha em atender às necessidades reais dos cidadãos. Uma administração que se perde em processos internos lentos e ineficazes, enquanto exibe uma fachada de modernidade nas redes sociais.

Está na hora de questionar este absolutismo burocrático que paralisa o município e ignora os direitos dos munícipes. Resta-nos a indignação e a reflexão sobre o nosso papel nas próximas eleições. Porque, se é verdade que “quem vê caras não vê corações”, é igualmente verdade que quem sente as dores do quotidiano sabe que podemos e devemos exigir melhor.

José Paulo Rodrigues
Delegado Assembleia Distrital do PSD
2024.11.19




19.11.2024 - 22:14

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