opinião
Moinho Poente em Alburrica: à Beira da Ruína ou do Abandono?
Por António Matias
Barreiro
Os três moinhos de Alburrica são parte essencial da identidade do Barreiro, representando não só um património histórico, mas também um símbolo da ligação da cidade às suas raízes industriais. No entanto, o Moinho Poente, um dos maiores expoentes deste legado, apresenta uma base gravemente deteriorada, estando cada vez mais envolvido pelas águas devido à erosão. É evidente que o tempo e as condições naturais já escavaram grande parte da sua fundação, ameaçando a estabilidade da estrutura.
No passado, a Câmara Municipal mostrou capacidade de intervenção ao proteger o Moinho Nascente, colocando grandes pedras para evitar que fosse engolido pelas águas. Contudo, quando se trata do Moinho Poente, a inação é evidente, alimentando o receio de que a estratégia seja deixar a estrutura colapsar para justificar uma "reconstrução" pouco fiel ao original — tal como aconteceu com o Moinho Pequeno e o novo Moinho de Maré, onde pouco ou nada do que existia foi preservado.
Apesar de se apontar a responsabilidade pela gestão do terreno à Administração do Porto de Lisboa (APL), é difícil compreender como a Câmara Municipal, proprietária do moinho, permite que o mesmo permaneça nesta condição. Será que a APL realmente se oporia a medidas de proteção tão simples e urgentes, como a colocação de 1 ou 2 camiões de pedras, semelhantes às utilizadas no Moinho Nascente? É improvável, sugerindo que a inércia pode ser mais política do que técnica.
Deixar o Moinho Poente cair seria perder não só uma peça do património industrial moageiro do Barreiro, mas também um dos seus maiores símbolos culturais e turísticos. Este é um apelo à ação antes que as marés vivas do inverno agravem ainda mais a situação. O Barreiro merece respeito pela sua história e pelo seu património.
A preservação do Moinho Poente é uma questão de responsabilidade e de orgulho barreirense. Não há justificativa para o abandono de um símbolo tão marcante da cidade. A Câmara Municipal tem o dever de intervir imediatamente, protegendo a memória coletiva e garantindo que o Barreiro continue a ser uma cidade de história, e não de ruínas. Que este apelo sirva para evitar mais um "aborto patrimonial" e para preservar o que ainda é nosso.
António Matias
01.12.2024 - 07:39
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