opinião
Encerramento das Urgências de Obstetrícia no Barreiro: Desinvestimento, Negligência e o Abandono do SNS
Por Ricardo Teixeira

Esta medida não só compromete a saúde materno-infantil, como também revela uma gestão pública marcada pela falta de planeamento, transparência, respeito pelos cidadãos e descompromisso com o SNS.
Desde 2022, são recorrentes as notícias sobre a falta de obstetras e os consequentes encerramentos não programados das urgências no Hospital do Barreiro. Em Abril de 2024, a situação agravou-se, provocando encerramentos extraordinários nas urgências de Setúbal e do Barreiro devido à escassez de especialistas. Esta realidade demonstra a incapacidade do governo de contratar e reter profissionais essenciais, comprometendo seriamente o funcionamento do SNS e a segurança das gestantes.
A resposta das autoridades tem sido, no mínimo, insuficiente e enganadora. Em Novembro de 2022, após reuniões com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, os autarcas locais garantiram que o encerramento das urgências de obstetrícia no Barreiro não iria acontecer, afirmando tratar-se apenas de um estudo preliminar. No entanto, a realidade desmente essas palavras, evidenciando falta de compromisso e transparência para com a população.
A autarquia do Barreiro, de maioria PS, também não está isenta de responsabilidades. Além da falta de pressão sobre o governo central, que deveria impedir este encerramento, destaca-se uma decisão ainda mais grave: a cedência de um terreno público a uma clínica privada para serviços de saúde. Enquanto os hospitais públicos sofrem com cortes e encerramentos, o executivo socialista no Barreiro facilita a expansão do sector privado, enfraquecendo ainda mais o SNS e prejudicando as classes mais desfavorecidas, que dependem exclusivamente do serviço público.
Se este cenário já era catastrófico, as recentes notícias tornam-no ainda mais alarmante: a taxa de mortalidade infantil no Barreiro, Moita e Montijo é mais do dobro da média nacional. Este é um dado vergonhoso que nos coloca num retrocesso equivalente à situação do milénio passado.
Com o encerramento das urgências de obstetrícia, as grávidas da região são obrigadas a deslocar-se para outros hospitais, aumentando drasticamente o tempo de resposta em emergências e colocando em risco vidas de mães e bebés. A falta de serviços obstétricos públicos na região agrava as desigualdades sociais e prejudica directamente as mulheres com menores recursos financeiros.
O encerramento definitivo das urgências de obstetrícia e ginecologia no Hospital do Barreiro é um ataque directo ao SNS e à população local. Os governos do PS e do PSD, aliados à autarquia socialista do Barreiro, demonstram incompetência, falta de compromisso com a saúde pública e preferência clara pelo sector privado.
Enquanto a mortalidade infantil dispara e os serviços públicos são destruídos, o governo e a autarquia optam por investir na privatização da saúde e na cedência de terrenos públicos a grupos privados.
Os cidadãos do Barreiro devem exigir respostas e responsabilizações antes que o SNS seja completamente desmantelado em favor dos interesses privados. E temos já essa oportunidade na Marcha pelo Direito à Saúde, organizada pela CUSP, AMPM e MDM, no dia 22 de Fevereiro de 2025, desde a Baixa da Banheira até ao Hospital do Barreiro. Hoje, mais do que nunca, é importante sairmos à rua e lutar pelo Serviço Nacional de Saúde a que temos direito.
Ricardo Teixeira
Vereador da CDU na Câmara Municipal do Barreiro
31.01.2025 - 17:28
imprimir
PUB.
Pesquisar outras notícias no Google
A cópia, reprodução e redistribuição deste website para qualquer servidor que não seja o escolhido pelo seu propietário é expressamente proibida.
Fotografia e Textos: Jornal Rostos.
Copyright © 2002-2025 Todos os direitos reservados.