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E SE FALÁSSEMOS DO BARREIRO VELHO, SR. PRESIDENTE DA CÂMARA?
Por Fernanda Afonso

E SE FALÁSSEMOS DO BARREIRO VELHO, SR. PRESIDENTE DA CÂMARA?<br />
Por Fernanda Afonso Depois de ter solicitado, há cerca de dois meses, uma audiência ao Senhor Presidente da Câmara, Dr. Frederico Alexandre Aljustrel da Costa Rosa, por telefone e por e-mail, e não tendo até à data recebido qualquer resposta ao meu pedido, decidi falar do Barreiro Velho no jornal que dá Rostos à cidade.

Sim, do Barreiro Velho que o Senhor Presidente mostra não conhecer, pelas decisões que vai tomando erradamente, talvez porque nunca ali esteve demoradamente, talvez porque não conhece o passado do bairro, talvez por outras razões.
Como lhe disse no e-mail a que não respondeu até hoje, passei a minha infância e parte da minha juventude no Barreiro Velho, onde os meus pais tinham uma grande padaria, na Rua Serpa Pinto, que fazia e vendia pão de boa qualidade às centenas de operários que ali passavam a caminho da fábrica e bolos aos meninos que iam para a Escola Conde Ferreira. Na mesma Rua, ficava uma próspera mercearia e noutra rua a seguir ficava o alfaiate, o chapeleiro, a casa que vendia loiça e até a meio da Rua do Conselheiro António Augusto de Aguiar, havia a papelaria/livraria do Sr. Francisco Câmara, que nos alugava livros por 15 dias, proporcionando-nos a leitura de diversificadas obras, anulando assim a escassez de bibliotecas. Vivia-se de forma empreendedora no Barreiro Velho!

Poderemos dizer que o progresso mudou a Vila que passou a Cidade. A Escola e a fábrica fecharam. Os grandes centros comerciais destruíram completamente os pequenos comércios. O Barreiro Velho, onde a cidade nasceu, ficou mais velho e mais abandonado. A grande padaria dos meus pais converteu-se num depósito de venda de pão, que a inquilina, a Ana Paula, foi gerindo durante alguns anos, cada vez com mais dificuldades, até que encerrou a porta. O espaço vazio foi convertido em mercearia de bairro, tendo também a nova arrendatária, D. Maria Eugénia de Matos Páscoa, senhora firmemente empenhada no atendimento dos clientes do bairro, acabado por confessar com lágrimas nos olhos que, apesar de pagar apenas 250 euros de renda, não podia competir com as grandes superfícies comerciais. Posteriormente, recorri ao anúncio de arrendamento do espaço na plataforma da Associação dos Proprietários do Barreiro, onde continua anunciada, e também à Imobiliária existente na rua José Elias Garcia, mas sem qualquer êxito. Para vingar o pequeno comércio, seria preciso o apoio da Autarquia.

Quero, agora, dizer-lhe, Senhor Presidente que, no último dia do ano de 2024, recebi com grande indignação, uma carta dos Serviços Camarários, anunciando que o IMI, que pagarei este ano, será penalizado porque mantenho fechado de forma deliberada um espaço comercial! Não é o aumento do IMI, absolutamente injusto, que está em causa! O que dói mesmo nesta situação, nesta V/ carta sem sentido, é a vossa ignorância sobre os problemas que afligem os barreirenses! Ignorância em que teimam em persistir, mesmo depois de vos ter sido explicado o que se passa, isto é a falta de apoio que os pequenos comerciantes sentem. Ou será que, por razões que desconhecemos, os nossos autarcas não estão mesmo interessados na recuperação de pequenos comércios que revitalizem o Barreiro Velho, o lugar onde a cidade nasceu?
Oxalá o Senhor Presidente venha a encontrar tempo para ouvir a palavra dos munícipes!

Maria Fernanda Afonso

26.02.2025 - 16:18

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