inferências

Carreira 7
Horário 22.06
Teses Partidárias

Há quem não goste de dar notas. Há, até, quem ache que quem dá notas é só o Marcelo.
A propósito de um inquérito que respondi, onde me foi sugerido que desse nota de 1 a 10, sobre diversos aspectos da vida do Barreiro, aqui ficam as notas, que atribuo, sobre a acção dos partidos políticos no concelho do Barreiro.
São meras NOTAS para reflexão.

Teses partidárias (I)
PCP a estratégia da “gestão do silêncio”

O PCP nos últimos tempos tem estado remetido ao que se pode considerar a “gestão do silêncio”.
Não faz comunicados. Não promove iniciativas, pelo menos com visibilidade no exterior. O PCP, como partido, não existe com projecção na cidade.
Se por um lado, a “gestão do silêncio” pode ser vista, um pouco, como numa perspectiva de “deixá-los falar”, ignorando a dimensão partidária dos restantes partidos, por outro lado, pode também ser o reflexo de alguma incapacidade de acção politica, ou que o PCP, pode estar a deixar que a sua acção politica fique pela esfera meramente da intervenção autárquica.
Ou seja o PCP pode estar, após dois anos da sua vitória, que andou pelo terreno, em diálogo com as populações, procurando construir o “espaço CDU”, pode estar, nesta fase, a encostar às “boxes” e limitar-se a existir.
Portanto, o PCP, poderá estar a sofrer dos primeiros sintomas da “município-dependência”, uma doença “infantil” que, normalmente, afecta quem está no poder.
Se o PCP se reduz como partido, no fazer política na vida da cidade, está a abrir caminho para que se confunda a “intervenção política ao nível autárquico”, com a sua própria intervenção política, porque é o “partido do poder”!
Esta factura, muitas vezes paga-se cara, porque quando o PCP quiser levantar a voz em defesa daquilo que são as suas perspectivas e visão de cidade, será tarde, porque nessa altura o discurso assimilado é o discurso oficial autárquico…onde o PCP surge diluído.
A isto costuma-se chamar a “municipalização dos partidos”, que não tem que ser, nem significa obrigatoriamente o inverso, ou seja, a “partidarização da autarquia”…mas, esta “gestão do silêncio”, abre, naturalmente, contornos nesse sentido, mais não seja ao nível da “intervenção politica”, porque gera a tendência de preencher com os resultados da “acção autárquica ao nível político”, o vazio existente da falta de acção política ao nível partidário.
Ao PCP dou nota 5.

Teses Partidárias (II)
PS a “estratégia do retrovisor”

O PS apostou numa estratégia de afirmação em defesa dos “desfavorecidos” e dos bairros degradados. Um discurso fácil.
Promoveu, igualmente, algumas acções com carácter de formação e sensibilização para temas políticos.
Ou seja, aposta no explorar os flancos, atacando por situações que são de difícil resolução.
Esperemos que, sobre estas matérias, o PS, para além de dizer que está mal, o que é fácil, porque todos sabemos que esses problemas existem, um destes dias, apresente um programa, uma proposta de acção, onde defina uma estratégia e aponte os caminhos para a resolução do problema, na perspectiva de quem, é, quer ser, uma alternativa, ou alternância, na gestão autárquica.
Ou seja, que o PS diga : Se nós ganharmos as eleições : a Quinta da Mina resolveremos assim; enquanto o Bairro das Palmeiras, resolveremos assado...
E, como todos sabemos, será impossível que a Câmara Municipal do Barreiro, só por si, resolva estes problemas, para quem quiser, com honestidade intelectual analisar estas problemáticas. Ou há soluções?!
Será que é possível definir alguns acordos ou propostas, a debater com o Poder Central, tendo por objectivo, com o apoio do Governo, encontrar soluções?
Só vejo uma hipótese, que, por exemplo, estas duas situações pudessem merecer a atenção do Presidente da República, de forma a serem inseridas no programa “Rota de Inclusão” e, talvez, por esta via, no âmbito da recuperação de áreas criticas, pudesse o Governo…deitar um olhar para o Barreiro.
Se o PS for por aqui, então, talvez, o discurso sobre os “ventres ao sol” faça algum sentido, de contrário é pura demagogia. Essa já deu o que tinha a dar. Os Barreirenses votaram.
O PS funciona, de facto, com uma “estratégia de retrovisor”, olhando para trás, vendo o caminho que percorreu…mas sempre preocupado mais em ver o que os outros fazem, ou não fazem, para se desviar, atacar, criticar, do que em preocupar-se em se apresentar como alternativa politica.
Mas, compreende-se, é difícil, é mesmo difícil ter estratégia com objectivos, de curto e médio prazo, num partido que são três, ou quatro, que vive balcanizado, e, onde, na verdade, mesmo para a sua vida interna precisa de estar de forma permanente, com uma estratégia de retrovisor, para não sofrer um acidente.
A “estratégia do retrovisor” permite seguir por um caminho, enquanto se olha para outro…que outros percorrem e, nós, já percorremos, noutro instante, noutra circunstância.
Em suma, é uma condução da acção politica, com um olhar na frente, mas, mais preocupada com as memórias, com o que ficou para trás…a saudade do passado.
Ao PS dou nota 4.

Teses partidárias (III)
PSD a estratégia da flexisegurança

O PSD ao nível partidário também pouco tem vindo a agitar-se, vão surgindo uns artigos de opinião, uma ou outra iniciativa de carácter muito global.
A sua acção política partidária confunde-se com a sua acção politica ao nível da intervenção nos órgãos autárquicos.
Uma acção ou outra mas, de facto, das quais não se encontra uma intencionalidade.
Na Assembleia Municipal do Barreiro de facto, muitas vezes, é a força politica mais incisiva, e , ao nível da Câmara Municipal do Barreiro, sendo partido que tem pelouro, tem participado de forma muito positiva, na área do Ambiente, na apresentação de propostas como a criação da Agência de Energia, ou mesmo no processo relativo ao Planeamento Espacial.
O PSD tendo pelouro tem mantido uma acção de cooperação, de intervenção, e, ao mesmo tempo de distanciamento, assumindo as diferenças em relação ao PCP.
Ou seja, demonstrando que a solidariedade institucional, não significa submissão institucional.
No entanto, parece que, à medida que o tempo passa, nota-se que a corda vai esticando, esticando. Vamos ver até onde estica e se não parte…
Refira-se, no entanto, que ao nível partidário, o PSD, enquanto partido, parece que anda um pouco ausente da vida local, com limitada intervenção de carácter partidário, ficando-se entre o silêncio e a gestação de um discurso meramente ao nível da sua acção nos órgãos autárquicos.
A acção politica do PSD pode ser encarada como quem aposta numa dimensão de “flexisegurança”, estar pronto a partir para outra, mas gerindo sempre a possibilidade de manter o seu papel de charneira.
È que, na verdade, o PSD por um lado, não deseja o regresso do PS (por razões locais, regionais e nacionais); por outro lado, tem que conviver com o PCP, o que lhe causa algumas neuroses, daí que, ir mantendo equilíbrios, numa permanente gestão politica que assenta num modelo de flexisegurança : pronto para rasgar; disponível para aguentar…
Ao PSD dou nota 6.

Teses partidárias (IV)
BE a estratégia da “frente popular”

O Bloco de Esquerda está a sair de um período de alguma hibernação.
Depois de ter andado um pouco à deriva, parece ter-se encontrado consigo mesmo e aposta em duas linhas de acção.
Protagonizar uma frente de acção politica, essencialmente marcada por dinâmicas culturais.
Por um lado, com as comemorações dos 100 anos da CUF, aposta em chamar a si o legado da “cultura operária”.
Por outro lado, no âmbito da intervenção cívica, mobiliza-se para situações de intervenção “frentista”, de “acções de massas”, no “bairrismo” onde, é possível motivar os cidadãos, acima e para além, de uma dimensão meramente politica ou partidária.
O BE está a lutar e bem, por alargar a sua influência na vida local, cativando, debatendo…criando o seu espaço e agindo na vida da cidade, mais com acções do que com palavras.
Ou seja, parece que o BE, começa a sentir, no seu seio, os reflexos de algum valor acrescentado, fruto das últimas eleições autárquicas, nas quais, pela primeira vez elegeu em órgãos autárquicos no concelho do Barreiro.
Por essa razão, a promoção de uma “estratégia de trabalho” que assenta numa dimensão de “frente popular” ou de “trabalho de massas”, está a contribuir para que o BE possa deixar de ser acusado de estar a cair ao colo do PS, ou de ser apenas uma projecção da comunicação social.
O BE está a afirmar-se por si próprio e pode ir longe se criar um discurso alternativo na cidade, de contracultura, de ruptura com as culturas dominantes, sejam “lideradas” pelo PCP, sejam “administradas” pelo PS.
Ao BE dou nota 8.


Pensamento do Dia

“Põe quanto és no mínimo que fazes”
Fernando Pessoa

22.6.2007 - 10:26

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