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Às vezes a pressa dá maus resultados
Por Bruno Vitorino

Às vezes a pressa dá maus resultados<br>
Por Bruno Vitorino As árvores que inicialmente seriam simplesmente abatidas para a viabilização da construção do estacionamento subterrâneo no centro da cidade, e que pela polémica viriam a ser “salvas”, podem afinal ter os dias contados, porque a pressa e os interesses do promotores falam sempre mais alto.

Espero sinceramente estar enganado.

O transplante de árvores provenientes do parque Catarina Eufémia para o parque de estacionamento situado na entrada da Mata Nacional da Machada está concluído.

Nesta operação, foram transplantadas 10 árvores no total, sendo elas oito plátanos, um acer e uma magnólia, tendo sido posteriormente assegurada a rega por intermédio de um sistema gota a gota.

Até aqui tudo bem. Contudo, quando uma acção desta natureza é realizada, deve assegurar-se uma correcta planificação e ter sempre presente a época do ano escolhida (embora este principio não seja igual para todas as espécies, dependendo da capacidade de resistência ao transplante de cada uma).

Por exemplo, os plátanos são árvores conhecidas pela sua resistência e passíveis de serem transplantadas, contudo o sucesso da operação poderá estar comprometida pela presente altura do ano (Junho/Julho/Agosto), assim por outros factores, tais como:

- No acto do transplante as árvores deveriam ter sido protegidas do efeito nefasto das correntes utilizadas no seu transportes (carga e descarga no camião);

- No local de fixação, muito devido à natureza do solo em questão (arenitos), deveria ter sido acautelada uma adubação orgânica e mineral em profundidade, e não apenas a superficial que foi feita após o transplante;

- Durante uma operação deste tipo, a maior parte do sistema radicular é afectado. Deste modo, poder-se-ia igualmente ter recorrido à utilização de uma hormona vegetal (Auxina), a qual promove o desenvolvimento radicular.

Relativamente à Magnólia e ao Acer, mas principalmente a Magnólia, são árvores que apresentam uma maior probabilidade do transplante vir a falhar, dadas as suas características físicas (sistema radicular) e a altura do ano.

Embora duas das árvores que apresentam mais problemas de fixação (Magnólia, Acer) tenham sito tutoradas com o recurso a espias paralelas, tenho dúvidas que esta técnica se apresente como a mais segura para árvores deste porte.

Quanto aos Plátanos, estes não foram tutorados. Embora presentemente não seja necessário proceder a esta operação, a questão de segurança irá sempre ser posta em causa, quando a folhagem começar a rebentar (efeito vela das folhas).

Nestes processos é preciso dar totais garantias de segurança de pessoas e bens.

Com isto, não estou a pôr em causa a competência da empresa responsável, nem do acompanhamento técnico, estou simplesmente a dizer que a pressa e a falta de planificação atempada pode ter maus resultados.

As árvores que inicialmente seriam simplesmente abatidas para a viabilização da construção do estacionamento subterrâneo no centro da cidade, e que pela polémica viriam a ser “salvas”, podem afinal ter os dias contados, porque a pressa e os interesses do promotores falam sempre mais alto.

Espero sinceramente estar enganado.

Bruno Vitorino
Vereador do PSD na CMB
http://www.brunovitorino.blogspot.com

31.7.2008 - 11:07

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