associativismo
MOITA - No Ginásio Atlético Clube da Baixa da Banheira
Exposição Vasco Gonçalves e Abril
O termo reinauguração teve um cunho bem assumido, o de assim combater a ofensiva neofascista que neste 25 de Novembro conhece desenvolvimentos em pontos muito altos.
Contando com a presença e intervenção do Militar de Abril José Brinquete e dirigido por José Matias da Encarnação Fernandes, um dirigente do Ginásio, o evento teve dois momento que no seu todo somaram mais de 50 presenças, um almoço-convívio pelas 13h00 e um debate aberto pelas 15h00.
Muitas intervenções tiveram lugar, tendo José Brinquete sublinhado: “Em vésperas deste 25 de Novembro, as forças derrotadas em Abril de 1974, em Junho e Setembro de 1974 e em Março de 1975, entendem ser chegada a hora de retomarem a ofensiva num
novo patamar de ataque ao Regime Democrático que a Constituição da República Portuguesa consagra, traduzindo-se no regresso à pobreza, ao acentuar de desigualdades, na redução substantiva da parte da riqueza que cabe aos que a produzem e no aumento
obsceno dos lucros da banca e das grandes empresas multinacionais”.
O Militar de Abril não prescindiu da denúncia do envolvimento de Mário Soares e do PS em intimíssima conexão com Frank Carlucci da CIA e outros sectores reacionários do nosso País no golpe de 25 de Novembro de 1975, com o desígnio declarado de transferir para o Norte do País o Governo e a Assembleia Constituinte e assim deixar “a comuna vermelha de Lisboa”, a um passo de poder vir a desencadear-se uma autêntica guerra civil.
Para tal, leu excertos de obras como “A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril”, de Álvaro Cunhal, “O 25 de Abril de 1974 e os média estatizados” e “25 de Novembro, o Depois”, de Ribeiro Cardoso, “A noite que mudou a Revolução de Abril”, sob a coordenação de Carlos Almada Contreiras, assim como “A verdade escondida - 25 de Novembro e os Praças da Armada”, de que José Brinquete é coautor.
V. S. ~
Intervenção José Brinquete, marinheiro e membro do MFA Ginásio Atlético Clube – Baixa da Banheira, 24 novembro 2024
Boa tarde a todos e a todas!
Em nome da Associação Conquistas da Revolução agradeço o convite que nos foi endereçado para dizer algumas palavras!
Já passaram 50 anos da Revolução de Abril.
O 25 de abril de 1974 foi um dos acontecimentos mais importantes da História de Portugal.
Estamos a comemorar os seus 50 anos e, as primeiras palavras que me ocorrem sobre esta importante data são as seguintes: Memória - Gratidão - Liberdade - Democracia – Direitos – Bem-Estar - Progresso - Desenvolvimento.
Caros amigos e camaradas!
Há sempre várias formas de abordar a Revolução de Abril e o Portugal de Hoje.
Direi algumas palavras do ponto de vista daqueles que pertencemos e participaram activamente nos tempos exaltantes de luta e esperança, na defesa da Revolução de Abril e na consolidação do Regime Democrático. Daqueles que deram expressão prática à Aliança MFA/POVO e POVO/MFA.
A nosso ver, a acção militar do 25 de Abril começou por ser um golpe militar, mas no desenrolar dos acontecimentos, o golpe foi ultrapassado no próprio dia, pelos acontecimentos que ele despoletou, muitos carregados de espontaneísmo, envolvendo as massas populares, que se desenvolveram durante meses.
A consigna Povo-MFA não foi uma consigna imaginada em gabinetes, ou por estrategas militares, ou por políticos imaginativos, mas o reconhecimento, a aprovação e a definição de um desenvolvimento real e concreto do processo da conquista da liberdade e da democracia e a sua instauração e institucionalização com a Revolução de Abril.
As novas gerações, muitas vezes, questionam o que foram as Conquistas de Abril e, é justo e correcto responder que: foram os 200 decreto-Lei que Vasco Gonçalves promulgou nos seus 4 governos provisórios, que vieram a ficar consagradas na Constituição da República Portuguesa, aprovada no dia 2 de Abril de 1976, pelos deputados eleitos para a Assembleia Constituinte, nas eleições mais participadas do Portugal democrático.
Aproveito para lembrar que: só o CDS votou contra a Constituição da República Portuguesa!
As Conquistas da Revolução consagram inquestionáveis avanços civilizacionais que foram reflexo das profundas transformações operadas na sociedade portuguesa, nos domínios dos direitos e deveres fundamentais, da organização económica e da organização do poder político.
Foram transformações caldeadas por meio século de acção antifascista, onde só um Partido resistiu e se destacou na luta à ditadura, que durou 48 longos anos!
A democracia que hoje vivemos, apesar de respaldada numa das Constituições mais progressistas da Europa e do Mundo, está ferida e, em alguns aspectos, de certa forma, é uma afronta à Democracia de Abril.
Hoje, a exploração capitalista dos trabalhadores por conta de outrem atinge patamares nunca vistos. Ao mesmo tempo que se observam lucros fabulosos por parte dos grandes grupos económicos.
Vivemos tempos em que pairam novamente nuvens negras no horizonte.
As forças derrotadas em Abril de 74, em junho e setembro de 74 e em de março de 75, entendem ser chegada a hora de retomarem a ofensiva num novo patamar de ataque ao Regime Democrático, que a Constituição da República Portuguesa consagra.
Na Vice-Presidência da Assembleia da República está agora gente ligada à rede bombista que em 1975 conspirou, matou e pôs "Portugal a arder".
O avanço das forças anti Abril e antidemocráticas tem-se traduzido no regresso da pobreza, no acentuar das desigualdades, na redução substantiva da parte da riqueza que cabe aos que a produzem e no aumento obsceno dos lucros da banca e das grandes empresas multinacionais.
Como cantou José Afonso "Eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada"!
Passados 50 anos do 25 de Abril torna-se mais evidente o escândalo inconstitucional da subordinação do poder político ao poder da economia capitalista, da banca, das grandes cadeias de distribuição, dos setores da energia e das telecomunicações e, o escandaloso aparelho de manipulação em que se converteu a Comunicação Social com destaque para os canais televisivos.
A corrupção parece imparável e serve de caldo de cultura ao populismo e à demagogia!
O embuste à democracia de Abril em que vivemos é alimentado por um sistema de ensino sem a qualidade necessária, que se foca no individualismo, em prejuízo da coletividade, da sociedade.
As famílias esgotam-se a trabalhar e, diariamente, ficam fora de casa 15 a 16 horas para fazerem face às despesas do mês por causa de rendas de casa incomportáveis e transportes públicos deficientes.
As novas gerações, as mais qualificadas de sempre são forçadas a emigrar.
O despovoamento do interior, de há décadas, e o inverno demográfico parecem imparáveis, sobretudo por falta de políticas de natalidade adequadas.
O actual regime político recorre de forma crescente à imigração e, o Estado mostra-se ineficaz em assegurar a essa população trabalhadora condições de dignidade e respeito, deixando-a abandonada às redes de trabalho clandestino que proliferam à
luz do dia, à frente do nariz das autoridades.
Por todos estes motivos as pessoas desacreditam a política e o sistema instalado e viram-se erradamente para os pregadores de falsas promessas, nem que seja simplesmente para exprimir o seu protesto.
Falso protesto!
Por tudo isto, nós que participámos na Revolução vitoriosa “nessa manhã clara e transparente”, lado a lado com as novas gerações, não podemos ser, nem ficar indiferentes a este nosso tempo.
Impõe-se-nos, lutar contra esta situação de degradação, corrupção e exploração instalada.
Impõe-se-nos recordar a uns e ensinar a outros o que foram e são os Valores de Abril.
Impõe-se retomar Abril!
Por isso, aqui estamos hoje de cabeça erguida, com alegria e determinados a continuar a luta por uma vida melhor, pela nossa e pela vossa felicidade.
As novas gerações devem agarrar nas suas mãos os seus sonhos.
Os Novos Sonhos de Abril!
Os jovens serão sempre a parte fundamental de uma Revolução!
A Democracia, a Liberdade e o Socialismo VENCERÃO!
VIVA O 25 DE ABRIL
26.11.2024 - 19:40
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