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37. Os anos de Cidade que ele tem.
Por Ana Lourenço Monteiro
Barreiro

"Nascida e criada" no Barreiro, assim me dava a conhecer. Apenas tinha ido nascer de fugida a um hospital em Lisboa e voltei para o berço que, ainda hoje, praticamente todos os dias me recebe.
Tal como um filho adolescente está para um pai, também eu, jovem, quis deixá-lo e procurar na capital o que me atraía e deslumbrava, deixando por explorar o que, poucos anos mais tarde, se tornou, em simultâneo, terra de dormida e campo de trabalho.
Esse duplo papel levou-me, contudo, a um novo afastamento, dessa feita já numa fase menos "desencantada", aliás, pelo contrário, mais apaixonada pelo que esta terra nos pode contar.
Como com todas as paixões, para não "sufocar" afastei-me, quis ver o Barreiro de "mais longe" para melhor agir "mais perto". E fui abraçar outra margem do rio Coina, não mais uma margem enamorada mas igualmente encantada.
Assim permaneço nesta sintonia entre terras da mesma margem do Tejo em que me banha o rio. Enquanto filha do Barreiro, vou fugindo ou aproximando-me dele, conforme a zanga da adolescência fica mais sanada... ou não.
Se calhar falta-me dormir nele um pouquinho, para que o tempo me embale e me faça aproximar desta terra, como se o cordão umbilical, aquele que nunca foi cortado, puxasse.
Texto e foto de Ana Lourenço Monteiro
29.06.2021 - 09:03
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