postais

Barreiro - Teatro Projéctor
MULHER 100 PECADO – o conflito entre a razão e a emoção

Barreiro - Teatro Projéctor <br />
MULHER 100 PECADO – o conflito entre a razão e a emoção Está em cena no Teatro Projéctor, a peça “MULHER 100 PECADO”, de Nelson Rodrigues, com encenação de Luciano Barata. Uma peça divertida, com uma encenação sóbria, e, sublinhe-se com brilhantes interpretações.

“MULHER 100 PECADO” é um espectáculo com ritmo, que prende o público, diverte e faz pensar contextos sociais.
A primeira nota que pretendo registar é a seguinte. Assisti à estreia da peça, e, por razões diversas não escrevi o meu habitual comentário. Por essa razão, voltei ao Auditório do Teatro Projéctor. A primeira agradável surpresa foi verificar, que, continua, paulatinamente, a registar-se melhoramentos naquela sala - “Teatro de Bolso”. A segunda surpresa, e, sublinho, bastante agradável, foi sentir que, após a peça ter estado em cena, em diversas sessões, nota-se na interpretação, de uma forma geral, um domínio das personagens e uma vivência das situações com intensidade. Sente-se um ritmo vivo.

A encenação da peça, com aquele tabuleiro de xadrez no chão do palco, proporciona que os movimentos das personagens seja vivio como um jogo de peças, como se a vida fosse isso, um jogo de conflitualidades, uma permuta de emoções, entre o preto e o branco, entre o silêncio e os grito, entre as lágrimas e os sorrisos. O cenário permite que as personagens fluam nas suas marcações, bem estruturado e pensado, adequado as cenas ao espaço cénico, com lucidez. Os figurinos estão com perfeição, sem excessos, e adequados ao espaço e aos papeis.
A interpretação do silêncio, dos silêncios, nesta peça está pressente no papel da mãe do Octávio – o marido. Uma personagem marginal que sufoca o que vê, que sente o que vê, e, sem dizer uma palavra, em toda a peça, espelha pelos seus gestos agitados, pela sua recusa de comer, pela energia dos seus olhos, o drama psicológico. Uma interpretação de excelência de Paula Almeida.

As interpretações são no geral muito positivas, com boa dicção, com as personagens a sentir as palavras, vivenciando os seus papeis com mais, ou menos calor.
Naturalmente, há interpretações que se destacam, pelo papel central na peça, na dramatização, no tocar as emoções, sim porque esta peça dirige-se, essencialmente, para o sentir emocional, para a gestão das emoções, tem uma intensa dimensão psicológica. Pensar com o sentir.

Aliás, não é por mero acaso que ao longo da peça assistimos ao diálogo entre o personagem central – Octávio – com a sua consciência, com os seus fantasmas. Cenas marcadas por uma coreografia, onde a dança e a ilusão, nascem numa penumbra de cor azul, que abraça o tempo e o espaço. São gargalhadas e angústias. O ego e o superego.

Elsa Coelho, a mulher “100 pecado” é deslumbrante. Vive a personagem por dentro do coração. Tem uma energia que salta nos seus gestos com beleza. Há cenas que nascem como um clarão de emoções.
Vive a personagem com sensualidade e liberdade.
Diogo Lencastre – o marido - é excelente. Cresce ao longo do tempo da peça, tem calor nos seus movimentos, faz sentir, por dentro, as conflitualidades e os dramas da sua personagem. Mantém um ritmo vivo, essencial, porque é central em toda a peça.
No geral, os restantes personagens cumprem, com rigor e eficácia, os papeis com entrega e amor ao fazer teatro, ou seja, ao darem vida à vida imaginada e interpretada, no palco, no tempo e no espaço.

O tema da peça é um ponto de partida para um debate sobre a vida, o pensar a vida a dois, a vida em casal, as partilhas, sobre o pensar amor, ou pensar amar, enfim, a força que faz a vida. O amor que pode ser paixão, pode ser instinto, pode ser razão, que pode ser emoção. A vida sexual. A paixão. O ciúme. O ter e o ser. Afinal, um tema em aberto, que, hoje como ontem, faz pensar a vida e sentir a humanidade.
Uma peça a não perder. Vai divertir-se e sentir o pulsar dos dias.

António Sousa Pereira

A MULHER 100 PECADO
46ª produção do Teatro Projéctor
Estreou no dia 8 de junho de 2024

Breve sinopse
O autor fragmenta a peça numa ambiência sobre o adultério.
Em que, um empresário bem sucedido, casado com uma bela mulher, faz-se passar por deficiente, com a única intenção de testar a fidelidade dela.
O seu desequilíbrio emocional medra gradualmente na trama, assim como o seu ciúme patológico pela mulher.

Ficha Técnica

Texto - Nelson Rodrigues
Encenação - Luciano Barata
Cenografia, figurino e desenho de luzes – Abílio Apolinário
Guarda Roupa – Inês Nunes e Isabel Silva
Assistência Geral – Maria João, Anabela Pereira e Ana Matos

Intérpretes
Diana Neves
Diogo Lencastre
Elsa Coelho
Inês Nunes
Luís Cunha
Paula Almeida
Ricardo Fernandes
Rita Lobo
Rosa Dias

Marcação de bilhetes para o Nº 919 871 910.

02.10.2024 - 20:06

Imprimir   imprimir

PUB.

Pesquisar outras notícias no Google

Design: Rostos Design

Fotografia e Textos: Jornal Rostos.

Copyright © 2002-2025 Todos os direitos reservados.