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Vultos da Nossa Terra – Tertúlias promove debate
Sobre o tema Futebol “Clandestino” no Barreiro no Estado Novo

Vultos da Nossa Terra – Tertúlias promove debate <br />
Sobre o tema Futebol “Clandestino” no Barreiro no Estado Novo Na passada sexta-feira, na sede do Luso Futebol Clube, realizou-se uma palestra tendo como tema : Futebol “Clandestino” no Barreiro no Estado Novo, sendo prelector Alcino Pedrosa, historiador.

Alcino Pedrosa, na sua intervenção, referiu que na década de 1940, António Santos, um homem com sentido cívico, instalou-se no Barreiro, e, aqui, procurou criar uma escola de Futebol.
António Santos, disse, tinha ligações à vila operária, porque, quando jovem, viveu em casa de seus tios, ligados à indústria corticeira. Conheceu a escola de alfabetização criada pelo Luso Futebol Clube e treinou o Vitória Barreirense.

Cidadãos imbuídos de um “espírito fraterno e colaborativo”

António Santos, integrou o grupo de resistentes liderado por Cândido de Oliveira, e, terá pertencido à maçonaria, disse, Alcino Pedrosa, e, por estas razões foi considerado pessoa “non grata” pelo Estado Novo.
A escola de futebol no Barreiro, que fundou, contou com a colaboração de Chico Câmara, um grande guarda redes, do Futebol Clube Barreirense, e, também dos irmãos Pedro e João Pireza, prestigiados futebolistas, salientou o historiador, acrescentando que na escola de futebol, a prática desportiva era vista como complemento à formação de cidadãos conscientes e imbuídos de um “espírito fraterno e colaborativo “.

“Em Barreiro los pobres se levantam”


A entrevista que, António Santos, deu em 15 de Outubro de 1947, ao jornalista Alves Teixeira para o jornal “ Norte Desportivo”, foi censurada pela PIDE, nunca tendo sida publicada, referiu Alcino Pedrosa, referindo que o jornal Catalão “La Vanguardia”, editou uma pequena notícia de dez linhas, sobre a escola de futebol do Barreiro, escrevendo que - “em Barreiro los pobres se levantam”.
Alcino Pedrosa, disse, que teve acesso a esta notícia através de um exemplar do jornal catalão que se encontrava nos arquivos da PIDE/DGS.

Críticas à instrumentalização que o poder político sujeitava o desporto

A entrevista foi divulgada através do envio de cópias a várias associações e colectividades desportivas do País, referiu o historiador, sublinhando que esta ação deu origem a um grande debate ao nível nacional, envolvendo o movimento associativo.
Em 1948, na Escola Alfredo da Silva, recentemente inaugurada, decorreu um debate que contou com a presença de imensas colectividades da margem sul, disse Alcino Pedrosa, acrescentando que, esse debate, encerrou com a participação de Cândido de Oliveira e do capitão Júlio Ribeiro da Costa, antigo presidente do Sport Lisboa e Benfica, que teceram críticas directas à instrumentalização e ao controlo a que o poder político sujeitava o desporto.
Esta actividade, segundo o historiador, foi considerada subversiva pela PIDE, originado a prisão de António Santos, que foi deportado para Angola, por um período de dois anos.


De referir que este evento foi realizado pela “Vultos da Nossa Terra – Tertúlias”, com o apoio do Luso Futebol Clube, tendo sido convidados o Grupo Desportivo Fabril/CUF, Futebol Clube Barreirense e ícones do futebol barreirense, como, José Augusto - bicampeão europeu - Conhé, Garrido, Castro, Victor Pereira, Capitão Mor, Ruas, Bandeira e Francisco Torrão.
No final foi passado um vídeo com ícones do futebol barreirense e apresentadas fotografias de jogadores do presente, do Barreiro e distrito de Setúbal, nomeadamente João Cancelo e Quaresma.

P’VULTOS Tertúlias
Luís Victório

28.10.2024 - 23:56

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