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ArteViva - Companhia de Teatro do Barreiro
“Viagem a um país sem cor” : encontro com o sonho e luta de gerações

Num projecto dirigido para as escolas do concelho, a peça “Viagem a um país sem cor”, estreou em maio de 2024, no âmbito das iniciativas, dinamizadas no Barreiro, para assinalar os 50 anos do 25 de Abril.
ArteViva - Companhia de Teatro do Barreiro, considerou importante apresentar esta sua produção à comunidade, numa estreia, realizada no passado dia 10 de janeiro.
Tive, agora, o prazer de ver esta peça, que tem a autoria e encenação de Paula Magalhães. Uma produção pensada para um público infantil, na verdade, merece ser vista, em conjunto, pelas famílias, pais, avós, netos, netas, filhos, filhas. Uma lição sobre o significado das palavras - Liberdade Democracia. Essas que foram as sementes “limpas” desse belo e inesquecível dia que colocou ponto final a “um país sem cor”.
Uma que vai à raiz das causas que estiveram na génese da revolução de Abril, as realidades duras que marcaram esses dias de prisões, torturas censura, descriminação, que, um dia findaram com cravos a florir nas ruas. Foi isso o 25 de Abril. É essa a história contada. O 25 de Abril tem um antes, “sem cor”, que floriu nesse dia em Liberdade. O depois, todos os depois, continuam até aos dias de hoje, uns com saudade do ontem, outros continuando a manter vivo o “sonho”, o tal, “que eles não sabem”.
Fiquei emocionado com este trabalho do Arte Viva. Porque recordar Abril, é recordar esse dia, inscrito na história do nosso país, exemplo para o mundo, do valor da palavra Liberdade.
Neste trabalho de Paula Magalhães, a beleza do texto, reside no facto de sentirmos a palavra Liberdade, voar ao longo da peça com ternura e uma leveza.
Ao texto da peça, que dá vida aos personagens, junta-se a poesia de Ana Lúcia Santos, com a musicalidade de Miguel Félix, que contribuem para criar momentos de teatro musical, com as excelentes coreografias de Andreia Martins. O teatro faz-se poema. E a liberdade, afinal, é, sempre um poema. Uma peça onde tudo se conjuga com beleza e harmonia.
As “quatro marias”, que recordam aa três marias silenciadas antes de abril, são as personagens coloridas de azul, rosa, laranja e verde, que, entre as suas conflitualidades e amizade, brincadeiras, invenções de sonhos, vão recordando que foi de um “país sem cor”, que emergiu um país de muitas cores, o direito de ter opinião e o direito à diferença, muitas cores, todas as cores. São excelentes as interpretações, de perfeita dicção, de interação entre personagens, a fluir no espaço com ritmo, alegria.
Sente-se que a Carla Carreiro Mendes, Carolina Lobato, Catarina Santana e Mariana Do Ó, vivem a peça com uma energia que brilha nos olhos e está a pulsar no coração.
O cenário de grande simplicidade, sóbrio, uma paisagem estilizada, que no imaginário motiva-nos a sentir, diluídos, naquele cruzamento estético, de preto e branco, os três Moinhos de Alburrica.
Sim. É justo que tal seja expresso, com simplicidade, com beleza pura, a arte pela arte, a expressar uma justa homenagem ao Barreiro – terra que inscreveu na sua memória o amor à Liberdade.
Foram diversas gerações de barreirenses que sentiram as perseguições e prisões. Registados 462 os que conheceram as prisões da PIDE – comunistas, anarquistas, católicos, socialista, gente que viveu a sonhar com o dia da Liberdade.
A peça «Viagem a um país sem cor», é um retrato de uma realidade que não pode ficar no esquecimento, o amor à Liberdade, exige, que continuemos a erguer os cravos de Abril, que, estão vivos, numa das suas maiores conquistas a Constituição da República Portuguesa, a força da democracia e da Liberdade.
O teatro é expressão da vida. Entre sombras e luz, com a energia, juventude das actrizes, a ternura da poesia, da música e do ritmo dos corpos, esta peça, permite-nos sorrir, pensar e manter vivo o sonho de abril, esse sonho pelo qual muitos lutaram. Obrigado Arte Viva.
Uma nota final, vão ver esta peça, para além de ser divertida é aliciente para unir o corpo à mente. Vão os pais com os filhos, os avós – afinal esta peça é um encontro com o sonho e a luta de gerações. Um legado.
António Sousa Pereira
TE – 180
Equiparado a Jornalista
"VIAGEM A UM PAÍS SEM COR"
com autoria e encenação de Paula Magalhães
ArteViva - Companhia de Teatro do Barreiro
. No Teatro Municipal do Barreiro - Sessões às sextas-feiras, às 21h30, e sábados, às 16h
Um espetáculo infantil a propósito do cinquentenário do 25 de abril.
SINOPSE
Era uma vez um país sem cor. Um país em que tudo era cinzento… as ruas, os automóveis, os edifícios, as escolas, os animais… até as pessoas eram cinzentas!
Pessoas cinzentas!?
Cinzentas porque viviam aprisionadas mesmo quando não estavam atrás das grades!
Naquele país, as cores assustavam-se e fugiam para outras paragens!
Quatro Marias viajam ao país de todas as proibições, para lembrar a importância das palavras democracia e liberdade! Porque é sempre importante lembrar!
O espetáculo estreou em maio, no AMAC – Auditório Municipal Augusto Cabrita, no âmbito da iniciativa «Cenas de Miúdos», promovida pela Câmara Municipal do Barreiro. A convite da autarquia, a ArteViva – Companhia de Teatro do Barreiro, criou um espetáculo, destinado ao público infantojuvenil, para assinalar os 50 anos do 25 de Abril.
Ficha técnica e artística
Autoria e encenação - Paula Magalhães
Interpretação - Carla Carreiro Mendes, Carolina Lobato, Catarina Santana e Mariana Do Ó
Conceção cenográfica - João Pimenta
Figurinos - Ana Pimpista
Música - Miguel Félix
Canções (letra) - Ana Lúcia Santos
Movimento e Coreografias - Andreia Martins
Luminotecnia - João Oliveira Jr.
Operação Técnica - Maria Inês Santos
Design Gráfico - João Pimenta
Vídeo e Fotografia de Promoção do Espetáculo - Cláudio Ferreira
Produção Executiva - Catarina Santana
Apoio Cenográfico António Santinho
Apoio Geral - João Henrique Oliveira
95ª produção da ArteViva – Companhia de Teatro do Barreiro
Reservas: 910 093 886 e/ou geral@arteviva.pt
Bilhetes à venda em arteviva.bol.pt
12.01.2025 - 18:00
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