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Barreiro - ArteViva estreia «LUGAR COMUM»
Onde a vida é arte. Onde a arte é vida.

Barreiro - ArteViva estreia «LUGAR COMUM»<br />
Onde a vida é arte. Onde a arte é vida. ArteViva - Companhia de Teatro do Barreiro, estreou a sua 98ª produção, a peça «Lugar Comum», com encenação de Carina Silva e Rui Quintas. Um espectáculo desenvolvido no âmbito do projeto Comunidades em Ação.

A peça “Lugar Comum” nasceu como fruto de um trabalho de formação de actores, realizado pela Companhia Arte Viva, uma formação dirigida por Carina Silva e Rui Quintas. Quero, portanto, começar por saudar e aplaudir o brilhante trabalho de formação realizado, que está espelhado no palco, transformado num verdadeiro «Laboratório Teatral». Um lugar onde a arte se mistura com a vida. Onde a vida é arte. Onde a arte é vida. A plena vivência do que é ser actor. A plenitude do teatro. Uma encenação, que, por vezes, tem momentos estéticos que fazem mergulhar, por dentro das personagens do teatro grego. O coro. A personagem. Tal tragédia ou comédia, esse legado cultural que está presente nas nossas raízes. O teatro inscrito nas emoções, paixões, alegrias e tristezas do ser humano e da sua comunidade.

“O actor cria o seu modelo na sua imaginação e depois agarra em cada um dos seus traços e o transpõe, como um pintor não para a tela, mas para si mesmo”, escreve Stanislavski, na sua obra “A Preparação do Actor”. Foi esta realidade que senti nas interpretações, vividas, ali, na noite de estreia, interpretações vividas com intensidade, ao ponto de não sermos capazes de “desocultar”, em cada papel, onde estava o personagem, ou onde estava a vida real, do actor. Perfeição. Um jogo de palavras, arrancadas das memórias, por dentro corpos vivos, em movimento entre a pureza e nudez da intimidade, as memórias de uma vida, de relações inscritos no tempo, recriadas, na vivência de um personagem. Eu e o outro. Laboratório Teatral ou Laboratório de Psicanálise.

Sim, Stanislavski, também sublinha “o melhor que pode acontecer a um actor é ser dominado pelo seu papel”. Foi isso que aconteceu de forma brilhante ao longo de toda a peça. Uma peça feita da sociologia do quotidiano. A cidade lá fora. A família. A escola. O silêncio. A solidão. A morte. A saudade. A ternura. O amor. Uma peça que é uma viagem pela história, vivida por dentro de micro histórias. Linguagem. Comunicação.

A vida uma teia, uma rede, sinapses, de mim para ti, de ti para mim, redes que se cruzam, que procuram encontrar-se, cruzam-se. Átomos, Electrões. Que belo momento teatral, que beleza. Sincronizados. Sincopados. Todos diferentes. Todos iguais. A teia construída em movimentos, individuais, com ritmo, harmonia, luminosidade, musicalidade. Constroem. Erguem o tempo. Um tempo com duração que culmina num abraço erguido numa torre de humanidade. A simplicidade da Beleza. A estética feita ética. Todos os tempos, individuais, dentro de um tempo – a comunidade.

E…e…e…escutava esta sonoridade, temporal, e recordava o filme – “IF” , o tal, dos amigos imaginários, esquecidos ou inscritos nas memórias, ou, o outro das revoluções, que começam dentro da consciência. A peça é um “texto feito de muitos textos, uma linguagem que vai para além do “coaching”, ou da psicanálise. É a vida na sua pureza, sem filtros, ou apenas com o filtro da arte cénica, dando vida à vida.

Uma peça que classifico com interpretações excelentes. Com música que dá vida às palavras, Com um guarda roupa, que traduz a mensagem, de todos diferentes, todos iguais, com um jogo de luz, que enquadra os personagens e, é, uma marca no espaço cénico. Com uma encenação, pluridisciplinar, do audiovisual, ao mundo real em palco. Uma encenação de excelência. Uma peça que nos afasta da espuma dos dias e faz pensar a vida real, essa, que está presente no quotidiano onde, cada um é uma estória e todos somos as estórias que inscrevemos no tempo, na vida da comunidade.

Uma peça feita com eloquência, que dá força para viver a cidadania e faz sentir a emoção como força do pensar.
Obrigado, pela vossa coragem e pela beleza que proporcionam a todos, que viverem o espectáculo, de sentirem, no palco, a beleza da dignidade humana.
Não perca!

António Sousa Pereira

SINOPSE

"Lugar Comum" é mais do que teatro; é um retrato íntimo e vibrante da nossa própria comunidade. Subindo ao palco, não estão atores, mas sim vizinhos, amigos, e membros da comunidade – pessoas com histórias reais, que aceitaram o desafio de partilhar a sua vida, as suas memórias e os seus sonhos com o público.
Este projeto de teatro transforma o quotidiano em arte, provando que a experiência humana mais autêntica reside nos detalhes.

O nome "Lugar Comum", sugere à partida algo trivial, mas o que vemos é precisamente o oposto: a extraordinária singularidade de cada indivíduo. Histórias que nos unem através de uma construção colaborativa e emocionante, o espetáculo leva-nos numa viagem pelas vidas dos participantes.

O coração desta experiência reside na conversa intemporal entre quem fomos, quem somos e quem desejamos ser. Durante o processo de criação, os participantes foram desafiados a criar um diálogo singular: escreveram cartas para os seus "eus" no futuro ou no passado, e, em seguida, responderam a uma série de perguntas que forçam a um olhar honesto sobre a sua própria trajetória. É um espelho onde a plateia se pode rever, encontrando nos "lugares comuns" dos outros, os ecos das suas próprias existências.
Um encontro necessário.
"Lugar Comum" é um convite a desmontar barreiras e a celebrar a força da partilha. Ao dar voz e palco a quem normalmente está na plateia, este espetáculo reforça os laços e lembra-nos da riqueza que reside na diversidade de experiências. Vive da coragem de se expor, de transformar a vida real em palco. Agradecemos aos atores-cidadãos pela sua generosidade e valentia. Este espetáculo é a prova de que a nossa história, a nossa vida comum, é o palco mais fascinante de todos.

Este espetáculo nasce de um percurso de partilha e aprendizagem, desenvolvido no âmbito do projeto Comunidades em Ação. Durante vários meses, os participantes fizeram formação teatral, experimentando o palco como espaço de encontro, criação e descoberta. O resultado é esta apresentação, que não é apenas um espetáculo, mas o reflexo de um processo vivido em conjunto, onde cada voz encontrou o seu lugar e deu corpo a uma narrativa comum.

Carina Silva
Rui Quintas

Ficha técnica e artística
Encenação - Carina Silva e Rui Quintas
. Interpretação - Ana Sofia Ribeiro, Carina Raposo, Diana Campos, Guilherme Filipe, Joana Augusto, João Neves, Raquel Nunes e Tiago Duarte

Assistência de Encenação - Catarina Santana
Cenografia - João Pimenta
Figurinos - Ana Pimpista
Música Fast - Eddie Nelson
Luminotecnia - João Oliveira Jr.
Operação Técnica - Maria Inês Santos
Design Gráfico - João Pimenta
Fotografias e Vídeos - Cláudio Ferreira
Produção Executiva - Catarina Santana

Espetáculo integrado no Projeto Comunidades em Ação
98ª produção da ArteViva – Companhia de Teatro do Barreiro

No Teatro Municipal do Barreiro
Sessões às sextas-feiras e sábados, às 21h30
Reservas: 910 093 886 e/ou geral@arteviva.pt
Bilhetes à venda em arteviva.bol.pt

15.10.2025 - 00:44

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