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Outubro, o mês da Padroeira do Barreiro
Nª Srª do Rosário protetora dos pescadores do Tejo estreita laços com Rio de Janeiro
Na sequência da vitória da Liga Cristã contra os Otomanos, na batalha naval de Lepanto, em 1571, foi proclamado o dia do confronto– 7 de outubro - como Festa de Nossa Senhora do Rosário.
Pio XI tinha convocado vários estados cristãos para que, coligados, impedissem o avanço do Império Otomano sobre a Europa, da mesma forma tendo incitado toda a Cristandade a rezar o Rosário durante o confronto, atribuindo, assim, a vitória à intercessão da Virgem Maria e ao Santo Rosário. Intensifica-se, doravante, a devoção a Nossa Senhora do Rosário (que tivera os seus alvores no seio dos dominicanos, entre os séculos XIII e XV), não só na Europa como nos outros continentes, onde florescem templos e Irmandades, levada sobretudo pelas naus ibéricas.
Em Portugal, a primeira Irmandade do orago fora fundada em São Domingos de Lisboa, entre 1470 e 1480, proliferando outras, nos séculos seguintes, do norte ao sul da metrópole, bem como nas regiões colonizadas. Primeiramente constituídas por homens livres e brancos, deram lugar a mistas ou só formadas por homens negros, quer escravos, quer alforriados, sendo exemplo a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, de Palhais. Inicialmente junto à ermida do Rosarinho, no concelho da Moita, desembarcavam os devotos e a imagem da Senhora, que vinham em procissão de Lisboa, mais tarde passando a aportar no Barreiro e dirigindo-se à capela de S. Roque. Após o terramoto de 1755, no recinto desta capela, bastante danificada pelo sismo, seria edificada a atual Igreja de Nossa Senhora do Rosário, com alvará da rainha D. Maria I, que também fundava uma associação devocional do orago – a Real Irmandade de Nossa Senhora do Rosário que, entretanto, viria a extinguir-se.
No Brasil, ainda no século da chegada de Álvares Cabral, difunde-se o culto entre as populações, essencialmente entre os escravos negros, oriundos de África, cujas práticas devocionais se manifestam em sincretismos do rito católico e dos ritos das suas tribos de origem. Entre nós, estas associações devocionais foram expirando e, no caso do Barreiro, a Irmandade de N. S. do Rosário viu o seu término no início do Séc. XX, mas no Brasil, muitas das confrarias e irmandades continuam ativas e, curiosamente, algumas delas perpetuando os rituais antigos, como as congadas nas festas do orago, em Salvador da Bahia.
Em 2023, a Paróquia de Santa Cruz, que integra a Igreja de N.S. do Rosário do Barreiro, convidou uma irmandade homónima do Rio de Janeiro a participar na missa de Natal, vindo esta também em 2024 e, em 2025, onde participou na procissão das velas de 7 de outubro. Trata-se da Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos do Rio de Janeiro, fundada em 1640, a mesma que acolheu D. Maria I e a família real em 1808, associação que mantem viva a memória dos seus antepassados, através das suas celebrações e do espólio do Museu do Negro, nas instalações da sua Igreja. Três membros estiveram connosco em representação da Irmandade, que atravessaram o Atlântico para partilhar a sua Fé com os barreirenses! Ou não fosse o Mundo uma aldeia global, nas palavras de McLuhan!
Eis Nossa Senhora do Rosário, protetora dos pescadores do Tejo e de outros rios, que hoje encurta distâncias e estreita laços!
Lina Soares
01.11.2025 - 00:40
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