poesia

madrugadas vindas duma longa noite
Por Alvaro Giesta

Com o meu abraço e votos de bom dia de trabalho para toda a equipa do “rostos”.

madrugadas vindas duma longa noite

Dai-me uma folha que seja seca, ao menos, para escrever.
Eu quero escrever as coisas inconcretas
que saem desta minha sã loucura misturada com laivos
de furibunda melancolia.
Quero imaginar outro mundo com malmequeres coloridos
que apaguem do mapa este mundo actual
em guerra sempre envolvido. Oh ironia!
Oh madrugadas vindas duma longa noite, ímpia noite
secreta e tenebrosa noite que tarda tanto em fazer-se claro dia.

Passeio pelas varandas interiores da alma e verifico
que trago em mim as imagens da limpidez da água
que tanta guerra teima em turvar e fazer lama.
Rios de sangue rubro, como a rosa rubra que já murcha exangue,
teimam em fazer murchar o meu poema!
O meu poema há-de ser grande…
e, como uma espada levantada o gume aponte
para novas formas de pensar a humanidade,
e dê a um mundo novo um novo rumo e um mais próspero horizonte.

E é desse novo mundo onde só floresça o trevo
de quatro folhas orvalhado, no odor do malmequer campestre,
que eu hei-de compor poemas com mãos de mestre.
E com um nome sonante. Sim.
Porque eu quero para esses novos poemas usar um nome sonante.
Um nome que vá para além de mim. Para além do meu.
Não quero um nome como este tão simples, assim…
quero um nome sem ser nome de cédula de baptismo,
com um som sonoro diferente do meu
para que todos saibam que quem escreveu esses versos não fui eu
mas outro para além de mim, o outro meu eu
como se o meu nome fosse os degraus na terra
e o outro eu os anéis que prende a Terra ao Céu.

Alvaro Giesta (pseud)

6.6.2007 - 0:25

Imprimir   imprimir

PUB.

Pesquisar outras notícias no Google

Design: Rostos Design

Fotografia e Textos: Jornal Rostos.

Copyright © 2002-2025 Todos os direitos reservados.