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Projéctor - Companhia de Teatro do Barreiro
«As Mamas de Tirésias» - uma peça que diverte e agita os neurónios.

Projéctor - Companhia de Teatro do Barreiro<br />
«As Mamas de Tirésias» - uma peça que diverte e agita os neurónios. O Projéctor - Companhia de Teatro do Barreiro estreou a sua 45ª produção «As Mamas de Tirésias», de Guillaume Apollinaire, com encenação de Abílio Apolinário e banda sonora de Paulo Cavaco.
Uma peça que apetecia, em muitos momentos aplaudir, que divertiu, que colocou temas para reflexão, que tem uma encenação que só pode ser definida numa palavra: «Sublime!».

Erguer, num espaço de Teatro de Bolso, com uma enorme qualidade e beleza, como foi feito, por Abílio Apolinário, com esta peça «As Mamas de Tirésias», é, sem dúvida, uma obra de arte genial. Sente-se como, com grande imaginação e criatividade, o encenador deu vida ao espaço cénico, nos cenários, nos silêncios, na musicalidade, na fluidez das sucessivas cenas, na marcação dos personagens. Um espectáculo enorme, com grande dimensão estética.
Na verdade, só quem sente, com paixão e imaginação, que o teatro é “arte no espaço”, ergue de forma sublime, com sobriedade, dignidade e beleza, este espectáculo, que tem um texto exigente, e, flui numa diversidade de situações cénicas tempestivas e surrealistas. Uma peça que tem ritmo, tem luz, tem cor, tem poesia, tem musicalidade. É arte. É teatro.
Por essa razão, começo por expressar ao encenador Abílio Apolinário, um enorme «Bravo! Bravo! Bravo!».

Não resisti a aplaudir, no decorrer do prólogo, pela energia que recebi do coro, pelo calor humano forjado na força da palavra declamada, de forma sincopada, rítmica, perceptível, um prólogo que permite sentir como esta peça é, ela mesma, fruto de um trabalho de equipa, de disciplinas artísticas, de criatividade partilhada em complementaridade, do encenador à coreógrafa – Inês Nunes - dos figurinos à criatividade musical – Paulo Cavaco. A beleza dos figurinos, de forma brilhante faz emergir a festa do teatro, numa explosão de cor e emoções. Sente-se o teatro na sua diversidade cénica - o drama, o musical. A palavra e a sonoridade musical. O coro é, sem dúvida, excelente na sua interpretação poética e musical.

A peça decorre com fluidez, os actores são dinâmicos, vivem as suas personagens com intensidade, e os diferentes contextos cénicos, do burlesco ao dramático, são suportados por um texto, que abre campos de reflexão, coloca desafios, desconstrói a realidade, abre portas a ilusões, permite rir e pensar. Um texto com uma dimensão ética, que, de facto, mais que deixar perguntas ou querer dar respostas, obriga-nos a pensar o tempo que vivemos. As relações humanas. O sexo. O amor. A humanidade. A cultura. A dialéctica. A igualdade de género. A desigualdade de género. A transsexualidade. A homosexualidade. A história. O ser humano nos seus contextos epocais. Um texto forte, intenso, bem interpretado. O tempo que fomos, o tempo que somos. A procura de caminhos. Uma peça que diverte e agita os neurónios.

Ricardo Gião, no seu papel de Marido, enche o palco, dá força à personagem, ao nível gestual, na experssão plástica, na dicção, na partilha do espaço cénico com os outros personagens. Integra-se no texto e na personagem. Hilariante. Dramático. Ironia.
Um registo. Uma palavra para Anabela Pereira, na personagem de Tirésias ou Cartomante, dá grandeza às personagens, com uma grande representação e uma interpretação com dignidade.


Uma peça com um belo texto, uma interpretação cinco estrelas, uma coreografia de qualidade, um trabalho de equipa, que cresce com a energia de uma encenação sublime. A excelência da arte. Gostei. Obrigado.

António Sousa Pereira
TE – 180
Equiparado a Jornalista

«As Mamas de Tirésias», de Guillaume Apollinaire
45ª produção de Projéctor - Companhia de Teatro do Barreiro

Ficha Técnica

Encenação : Abílio Apolinário
Banda Sonora ; Paulo Cavaco
Coreografias: Inês Nunes
Assistência Geral: Luciano Barata
Figurinos : Inês Nunes e Isabel Silva

Elenco
Valter Soeiro (Director da Companhia)
Anabela Pereira (Teresa/Tirésias/Cartomante)
Ricardo Gião (Marido)
Ébi Nangura (Polícia)
Lídia Baptista (Lacoufe)
Mariana Bárbaro (Presto)
Ângela Gomes (Quiosque)
Svetlana Manta (Jornalista)
Mariana Bárbaro (Filho)
Hélia Monteiro (Dama)

Coro
Ana Matos
Ângela Gomes
Hélia Monteiro
Lídia Baptista
Maria J. Quaresma
Mariana Bárbaro
Svetlana Manta
Ébi Nangura

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20.03.2024 - 20:10

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