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O DESVIO
Por Emanuel Góis
Barreiro

O DESVIO<br />
Por Emanuel Góis<br />
Barreiro Não será dos termos que mais utilizamos no dia a dia, mas já é diferente quando empregado nos noticiários televisivos, na imprensa escrita, enfim, na comunicação social em geral, quando se referem a factos que, de um modo geral, abrangem o interesse da maioria das pessoas.
Falemos, então, do termo “desvio”.

Fazendo uma curta e superficial incursão ramatical, verificamos que é um nome masculino e significa, entre, outros; mudança de direcção; volta, sinuosidade, recanto, esconderijo, erro, sumiço, descaminho.

Existe também como tempo do verbo transitivo “des·vi·ar”ou seja, tirar do caminho, afastar, apartar, arredar, mudar a direcção de, impedir, dissuadir.

Pegando em alguns dos respectivos sinónimos existentes na nossa língua que caracterizam, também, o conceito de “desvio”, facilmente constataremos que são inúmeros.

Sem preocupações exaustivas, vejamos, assim, alguns deles.

Temos, por exemplo, aquelas aborrecidas placas amarelas a assinalar “desvio” na circulação rodoviária, o que nos obriga a dar umas voltinhas a mais para voltarmos, depois, a retomar a direcção que pretendíamos, muitas vezes, por apenas umas dezenas de metros.

Ficamos aborrecidos, mas, por fim, lá entendemos que são justificados por força das obras que a tal obrigam.
Paciência, dizemos em jeito de resignação. Aqui temos uma consequência do “desvio”.

Claro que também o encontramos nos percursos aéreos e marítimos, mas aqui, às vezes, até tem as suas vantagens, permitindo-nos conhecer outros locais e, importante, sem pagarmos mais um cêntimo.

Já agora, também encontramos o “desvio” na área ferroviária. Efectivamente, quem não viu ou ouviu falar da linha secundária que, nos caminhos-de-ferro, é aquela que está ligada à geral ou principal. Geralmente, ou as encontramos nas estações para manobras ou na separação das linhas consoante as direcções pretendidas. É aquilo que chamamos mudança de direcção.
Mais uma situação de “desvio”

Voltando ao que disse atrás, outro sinónimo, é “sumiço” descaminho.

Ora, quem não sabe o que significa sumiço, descaminho? Ai, que não sabemos. É o que mais se vai assistindo por aí.
E onde? Bom, um dos locais predilectos para o sumiço, descaminho, o “desvio” de que falo; área financeira, pois, claro. Uma das suas “praias” favoritas.

Quem não tem presente, pelo menos, um dos tais chamados “desvios” que não são assim tão pouco significativos? Estes “desvios” a que na linguagem jurídica se caracteriza pelos falados crimes de “colarinho branco”.

Como dizia o nosso saudoso Vasco Santana, “colarinhos há muitos, seu palerma”. Se há. Isto, claro, numa linguagem polida, daqueles que, estando e vivendo no, e, do poder, não precisam de armas. Basta um click para o “desvio”.
No fundo, tudo vai dar aos tais “desvios”.

Como referi acima, estes “desvios” são também, numa outra perspectiva, considerados caminhos sinuosos.

Convenhamos que essa sinuosidade nem sempre é perceptível pelo comum dos mortais. Mas, para isso, temos as polícias especializadas nesses “desvios”

Como se vê, uma palavra tão simples que nos passa despercebida, consegue encerrar, nas diferentes variantes , sentidos distintos consoante os contextos e forma em que é empregue ou utilizada.

Falta por fim, falar do verbo “desviar”. E aqui, o verbo pode ser aplicado a tantos “desvios” que não me atrevo a ir por esse caminho. Deixo à imaginação de cada um.

Por mim, escolho, a título de exemplo, a terceira pessoa do plural do presente do indicativo - Eles desviam. Pois sim. Mas, desviam o quê?

Neste caso, escolho da atenção, da preocupação, do interesse por qualquer coisa. E, assim sendo, aqui temos o tal caminho sinuoso ou erro , neste caso, na intencionalidade de o provocar.

Assim acontece, quando nos pretendem empurrar para outros temas ou assuntos. Isto é, como diz o verbo: “Eles desviam… a atenção”.

É isso mesmo. Como se verifica, é mais importante do que possa parecer, o “desvio”.

Por isso, procuro que não encontre por aí nenhum “desvio de atenção ou preocupação” de alguém que me surja disfarçado em alguma sinuosidade. Principalmente, na defesa dos princípios e valores humanistas, democráticos, solidários e da PAZ.
Mesmo que me coloquem na frente, as tais placas amarelas…

Aqui, não respeitarei o “desvio”, mudando de direcção.

Emanuel Góis

22.03.2022 - 23:14

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