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Ainda por cá andamos
Por Jorge Fagundes
Barreiro

Ainda por cá andamos<br />
Por Jorge Fagundes<br />
Barreiro Esta manhã estava na esplanada habitual junto ao Mercado quando me apareceu o meu velho Amigo e Colega da Escola Alfredo da Silva.
“Bom dia. Como estás?”
“Bom dia. Até que enfim que voltaste ao Barreiro!”
“É verdade. Durante a pandemia e até há dias estive na minha casa em Albufeira. Mas voltei e por aqui tenciono ficar algum tempo”.


“Ainda bem! O nosso contacto presencial é muito mais agradável do que através do fb”.
“Tens razão. Aproveitei a altura das Festas para regressar. E gostei do que vi, muito em especial da nova forma da Procissão. E aos poucos vou dar umas voltas para verificar as mudanças ocorridas na minha ausência. E tu, continuas a escrever?”
“Sim, continuo a escrever e estou a preparar a saída de mais um livro de poemas lá para o fim do ano”.
“Muito bem. Espero não faltar ao seu lançamento. E como correram as comemorações dos setenta e cinco anos da nossa Escola?”

“Tanto quanto vi publicado não devem ter corrido mal de todo. Mas, ao contrário do que seria de esperar, sem o relevo das comemorações dos cinquenta anos”.
“Então?”
“Como bem te deves recordar, além da Missa celebrada na Igreja do Rosário, na Escola esteve patente uma excelente exposição alusiva e na Sessão Solene estiveram presentes o Presidente da República, dois ministros, um diretor geral e a sala cheia de antigos alunos e não só”.
“Claro que me lembro. A teu pedido até te emprestei algumas fotografias para essa exposição”.
“É verdade. Para essa exposição arranjei muitas fotografias, cadernos de alunos, livros que eram usados nesse tempo, diplomas de antigos alunos e ainda o quadro com o retrato de uma aluna pintado pelo primeiro Diretor, Portugal de Lacerda”.
“É verdade. Mas tenho de o dizer: por mais de uma vez me vieram as lágrimas aos olhos durante a leitura da tua intervenção em nome dos antigos alunos”.
“Boa! Na véspera, quando a acabei de escrever, face a tantas recordações, deu-me um ataque de choro e julguei que no dia seguinte não seria capaz de ler. Mas consegui”.

“E agora, nos setenta e cinco anos, não foste ouvido?”
“Nem ouvido, nem achado e tanto quanto sei, nem um único aluno do ano da fundação! E muitos me vieram perguntar o porquê. Por razões que desconheço quem organizou
as comemorações, alunos de uma geração mais nova, e quem dirige a Escola não se lembrou dos antigos alunos de 1947. E mesmo que o faço em defesa de causa própria, entendo que foi uma grave omissão”.
“Também acho”.
“Quando em Outubro de 1947 nós e muitas largas dezenas de rapazes e de raparigas entraram para o Ciclo Preparatório, tínhamos entre doze e treze anos de idade.
Os alunos que entraram em Janeiro desse ano eram uns anos mais velhos.
Assim sendo, somos hoje cotas nas casas dos oitenta e noventa anos. Mas, quer queiram, quer não, ainda por cá andamos!”

Jorge Fagundes

19.08.2022 - 17:30

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