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Nirvana: ao encontro da felicidade
Por Vera Silva
Barreiro

Nirvana: ao encontro da felicidade<br />
Por Vera Silva<br />
Barreiro Derivada do budismo, Nirvana, corresponde a um estado de libertação do ser humano que é atingido ao percorrer a procura do seu caminho espiritual, onde finda o sofrimento. É um estado eterno de graça que se atinge para muitos com superação do Karma. O desapego material e o caminho percorrido com o que se chama em Mindfulness de "let it go", permite atingir este estado de paz.

O estado de libertação limitado no tempo atingido através de substâncias de adição corresponde simplesmente a um esquecimento temporário dos desafios que a vida coloca numa tentativa de fuga aos mesmos. O ciclo no qual se entra através das substâncias de adição é destrutivo e jamais corresponde ao referido Nirvana. Atualmente a introdução da cannabis medicinal no mercado objetiva, apoiar os doentes com determinadas patologias e não algo que seja mais uma substância de adição, até porque existem testes genéticos que podem ser realizados para definir o grau de dependência do doente. Pelo que também não é por aqui que atingimos um estado de bem estar pleno. Nem com todos os antidepressivos e ansiolíticos que existam (estes são apenas uma ajuda temporária que pode ser necessária para que o nosso corpo diminua o estado de stress e assim consiga ultrapassar obstáculos da vida).

O verdadeiro estado de libertação humana ao percorrer o caminho espiritual é atingido pelo desprendimento material com a prática da meditação, no qual se atinge um estado de plenitude e paz interior.

Desde há vários anos que o planeta é fustigado com sinais desafiantes para a humanidade, desde doenças, guerras, fome, catástrofes naturais. Costuma-se dizer que depois do caos vem a bonança, no entanto parece que o estado de calmaria nunca mais chega. Pedimos a paz constantemente, pedimos o Nirvana, mas os mesmos não chegam enquanto dentro de cada um a mudança resistir em ocorrer. O que é facto é que nos são dadas as ferramentas para atingir esse estado de paz e quiçá de Nirvana, mas queremos soluções. Que tal fazermos uso das ferramentas que estão ao nosso alcance para que interiormente a alma se tranquilize? Verdade seja dita, isto é como na profissão, temos o pensamento focado no dinheiro e julgamos que trabalhamos para usufruir do dinheiro, o que é facto é que trabalhamos para contribuir para uma sociedade melhor. O dinheiro vem por acréscimo. Cada profissão é importantíssima para a sociedade e o seu contributo essencial, como seres humanos deveríamos focar-nos sobretudo no trabalho de equipa, ressarcindo da melhor forma cada um, em vez de remar cada um para seu lado. O barco perde-se e muitas vezes sem volta. Assim somos nós individualmente: ao focarmo-nos em múltiplas coisas que jamais nos dizem respeito, perdemo-nos como o barco, esquecemos o essencial - nós próprios, a nossa essência, a nossa paz, o Nirvana. De que valem guerras entre países onde morrem milhares de pessoas? Ajudam-se países, fazem-se campanhas de apoio às vítimas dessas guerras, mas e nós? Nós, por dentro, estamos em constante guerra. Estamos em conflito com a nossa alma que nos puxa para o Nirvana e nós a puxamos para o que os nossos olhos vêem: o material, a mesquinhez do dia a dia, o falar da vida alheia, o ignorar a bondade e o altruísmo. Que vai ser de nós e das nossas crianças que aprendem pelo exemplo? Lembrem-se que no fim de contas cabemos todos numa caixinha e sucumbimos ali. Parece um tema sem importância, mas acreditem que chegará a hora que isto fará sentido a todos.

Então se Nirvana corresponde a um estado de libertação do ser humano que é atingido ao percorrer a procura do seu caminho espiritual, vamos usar as ferramentas simples que temos ao nosso alcance para atingir esse estado de felicidade. A ferramenta mais simples que existe é o silêncio. A voz do silêncio é perfeita, através dela conseguimos escutar a nossa respiração, o bater do nosso coração, focarmos a atenção no essencial - meditamos. O mundo jamais se tem que calar para que haja silêncio, falo sim de um silêncio interior sem sentimentos reprimidos. O grande desafio é encontrar esse silêncio, essa meditação contínua num mundo em constante rebuliço. Se nos desafiarmos a tirar uns minutos do nosso dia para entrar em silêncio, escutar a nossa respiração, o bater do nosso coração, afastar as preocupações da mente, encontramos o lugar da alma, ela que é tão esquecida por nós. "Tudo vale a pena Se a alma não é pequena" como dizia Fernando Pessoa. E a alma de cada um nunca é pequena, é enorme, só se torna pequena porque evitamos olhá-la, porque se a olhássemos víamos o espelho de nós próprios luminoso. E não há nada que mais medo contenha, do que o medo da força da nossa Luz.
Atingida essa Luz chegámos ao estado Nirvana, mas para tal o caminho espiritual percorrido que leva à felicidade plena só depende da nossa coragem: de a cada queda nos levantarmos, seguirmos o nosso caminho e jamais o do outro. Em paz connosco próprios, nada nos atinge e em silêncio interior, a plenitude é atingida encontrando a felicidade no Nirvana.

Vera Silva

01.03.2023 - 09:31

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