colunistas
O Tejo, a verdade e a propaganda - o caso da Moita e do Barreiro
Por Nuno Cavaco
Moita
As melhorias nas águas do Tejo são visíveis e constatadas pela presença de Flamingos e até de golfinhos, para além do retorno de várias espécies pouco tolerantes à poluição.
Apesar de ser uma aspiração dos autarcas da região desde o início do Poder Local Democrático em 1976, foram necessários 35 anos de propostas recusadas pelos Governos de PS, PSD e CDS, para finalmente se concretizar um projecto fundamental para a sustentabilidade ambiental da região. Da parte da CDU, quer ao nível autárquico, quer na Assembleia da República, não faltaram propostas, nem acção, com a estruturação das redes de águas residuais e de águas pluviais, em investimentos que somam largos milhões de euros.
No entanto, o modelo que o governo de então aceitou, e que todos os que lhe sucederam defendem, não só retira capacidade de decisão aos Municípios, como empurra para cima destes os custos de um sistema de tratamento de águas residuais, que depois são legalmente obrigados a fazer recair esses custos na população, entre outros, sob pena de perderem acessos aos fundos comunitários. A consequência é hoje bem visível nas facturas da água dos munícipes.
Simultaneamente, durante estas décadas, a CDU valorizou e promoveu a cultura ribeirinha, protegendo um património que também nos define, e que se estava a perder: as embarcações típicas ou tradicionais do Tejo. Outrora responsáveis pelo tráfego de mercadorias entre as duas margens, foram substituídas com o incremento do transporte rodoviário e perdendo o seu uso perderam também a razão para a sua existência. Resgatadas a esse destino pelas autarquias CDU, desde meados dos anos 80, são recuperadas e reconstruídas, assumindo então uma nova função: o lazer. Se na Moita o trabalho intenso no trabalho com os centros náuticos permitiu que particulares recuperassem dezenas de embarcações, muitas das quais hoje se encontram no museu vivo criado junto ao cais centenário, no Barreiro, deu-se corpo à recuperação da embarcação mais emblemática do concelho: o Varino.
Hoje em dia, a conjugação da melhoria na qualidade das águas com a preservação do património, permitem um novo modo de fruição, aliando a preservação da natureza à conservação do património cultural, transformando o modo como esta região é reconhecida em Portugal, e não só.
Infelizmente nos últimos anos assistimos a uma desvalorização deste trabalho de décadas. Na Moita, por interesses eleitorais, não se olhou a meios para transformar problemas pontuais na ideia de que os esgotos não são tratados, impregnando na população uma ideia profundamente errada de todo um sistema que atinge cerca de 44 km de emissários e condutas, assim como 18 estações elevatórias.
No Barreiro, após um atraso que nunca foi convenientemente explicado, a Muleta, embarcação típica cuja imagem consta no brasão do município, foi entregue a uma empresa privada, e apesar de pouco servir o Barreiro, apresenta já evidentes sinais de descaracterização.
Estes são sintomas de uma diferença fundamental no modo de fazer política. A CDU planeia e executa a curto, médio e longo prazo, o PS usa o Propaganda.
Nuno Cavaco
Militante do Partido Comunista Português
12.09.2023 - 20:33
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