colunistas
II Fórum do Associativismo Municipal
Por João Naia da Silva
Barreiro
Na passada quarta-feira, dia 17 de abril, fez-se sentir novamente o pulsar do movimento associativo no concelho do Barreiro, com a realização do II Fórum do Associativismo Municipal. O evento decorreu à noite, na Sociedade de Instrução e Recreio Barreirense “Os Penicheiros” e contou com uma casa bem recheada, entre o pessoal da organização e os dirigentes de diversas associações de todo o concelho do Barreiro.
Para ser honesto, gostei bastante do ambiente que se gerou. Na mistura de sentimentos que tive ao longo da noite, praticamente todos eles bastante positivos, destaco aquele que mais vezes experienciei: todas as pessoas ali presentes procuravam, num esforço comum, produzir trabalho em prol da comunidade municipal, tanto no âmbito desportivo e cultural como noutros âmbitos como o social, o humanitário, o patrimonial, entre tantos outros. É o exato oposto do individualismo ou do egocentrismo, que tanto assola a contemporaneidade. E na minha opinião, é também uma bela forma de democracia e liberdade! As pessoas participarem ativamente em coletivos que trabalham em prol da comunidade, tendo liberdade para isso!
Apesar da lista de trabalhos ter sido extensa - cerca de 8 ou 9 pontos - a verdade é que não senti que tenha sido entediante ou moroso. Talvez pela leveza do evento, pelas temáticas debatidas e pela forma como o mesmo foi conduzido. Destaco positivamente o “tempo de antena” que foi sendo dado, ao longo do debate dos diversos pontos da ordem de trabalho, às associações presentes, que permitiu uma exposição de ideias e testemunhos bastante enriquecedora para todos.
Ao longo da noite, vários foram os momentos em que me senti num ambiente saudável, com uma mistura de emoções e sensações bastante positivas, mas que mantenho alguma dificuldade em explicar ou colocar por escrito. De todos esses momentos, um dos que mais me enterneceu foi quando, já na reta final do fórum, foi dado mais algum tempo para as associações divulgarem os seus próximos eventos, nomeadamente no âmbito das comemorações do 25 de abril. Neste ambiente de participação e promoção, e muito resumidamente, a dirigente da Associação de Mulheres com Patologia Mamária - AMPA - lamentou serem uma associação “fora da caixa” - ipsis verbis - e não possuírem um espaço físico extenso o suficiente que lhes permitisse realizar eventos mais amplos para a comunidade, a par das restantes associações ali presentes.
Rapidamente, e numa enxurrada de vozes, cada uma à sua vez, diversas foram as associações que se ofereceram para cedência dos seus espaços, mediante apenas algumas negociações horárias, para qualquer que fosse o evento que a AMPM tencionasse ou idealizasse realizar. Isto foi sem dúvida um momento tão bonito de se assistir. Foi genuíno, desprovido de interesses, irreverências ou segundas intenções. O único propósito das restantes associações foi ajudar e pelo sorriso da dirigente da AMPM, foi muito bem conseguido!
Por outro lado, devo aqui destacar um outro sentimento que experienciei e que de certa forma me despertou alguma preocupação: a avançada média de idades dos presentes naquela sala. Acredito até que deva, eu, ter sido um dos membros mais novos ali presente. E esse foi, de resto, um dos pontos ali debatidos também, a pouca aderência dos jovens aos movimentos associativos e principalmente às direções e organizações dos mesmos. Pelos testemunhos dados, esta fraca aderência é neste momento bastante, e cada vez mais, evidente. É já, para algumas associações, um problema bastante crítico e que não se prevê que tenda a melhorar.
Apesar de ser uma questão delicada, acredito que no panorama concelhio, o associativismo já passou por momentos piores. Talvez seja agora necessária, para uma maior aderência dos jovens às associações e ao movimento associativo, algumas iniciativas que promovam uma maior proximidade entre ambos, nomeadamente a ida às próprias escolas na tentativa de cativar a ala juvenil da comunidade. É um assunto complicado de se avaliar e resolver e acredito que não haja nem só uma solução, nem a solução perfeita e infalível.
Ainda assim, e em nota de rodapé, ainda se sente com bastante firmeza o cheiro a associativismo no Barreiro! E esperemos que assim se mantenha por muito tempo, afinal de contas, esta também é uma forma de LIBERDADE!
João Naia da Silva
19.04.2024 - 11:05
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