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Fuck Elon
Por Nuno Santa Clara
Barreiro

Fuck Elon<br />
Por Nuno Santa Clara<br />
Barreiro Com este curto slogan foram contempladas dezenas de automóveis da marca Tesla, sobretudo no Estado da Florida.
Antes de mais, convém declarar que me recuso a fazer a tradução. E, para os que não falam inglês (e que são cada vez menos, porque por aqui ainda se investe da Educação), o agudo sentido de humor e a natural intuição dos portugueses resolve o problema.

Donald Trump reagiu de pronto, para já via tweet (maravilhas da tecnologia), sendo de esperar que posteriormente por outros meios mais robustos.
Nada mais lógico. Lá insultar a memória de Henry Ford, escarnecer da Boeing, insultar Joseph Bezos ou grafitar fuck Bill Gates, vá; mas beliscar o guru, o mentor, o financiador, o ganhador de eleições, é demais.

Chama-se isto crime de lesa-majestade, previsto e punido com a morte (não muito rápida) nos regimes absolutistas.
A classificação jurídica deste crime foi já enunciada: terrorismo interno. Assim mesmo, a par de assassinatos, atentados e outras formas de violência. Quando cometidos pelos outros, porque, para os leigos, terrorismo e legítima defesa confundem-se, havendo que recorrer à identificação do(s) autor(es) para separar o trigo do joio.

Será difícil identificar quem fez a pichagem, havendo tantos suspeitos a deter para interrogar (mais fácil que interrogar para deter) que
os processos ultrapassariam, em tempo, os de José Sócrates ou Ricardo Salgado.
Sendo a Florida um Estado de imigrantes, será de esperar deportações em massa. E, se para Guantanamo, até se poderia recorrer ao ferry boat, com manifesta economia.
Deixemos os meandros da justiça (não confundir com a Justiça) e vamos a medidas concretas.
Poderá haver actos de expiação, destinados a aplacar a ira divina provocada por profanações, heresias e blasfémias. Bem como cerimónias públicas de expiação, e obras alusivas, como o Senhor Roubado, no Olival Basto, Odivelas.
Mas, com a recente perda da maioria na Câmara dos Representantes, o Partido Republicano teria dificuldades em avançar com uma mobilização nacional.
Mais fácil é a compensação material.

E esta até seria bem-vinda, dado que a Tesla está em perda acentuada de vendas, dentro e fora dos EUA, e igualmente em queda nos mercados bolsistas.
Transformando o empresário achincalhado em vítima de uma cabala, fácil será promover uma forma de indemnização para a quebra de vendas e de imagem, associando o crime a um atentado contra o sacrossanto american dream (o que é um sacrilégio).
Pois bem, se energúmenos não identificados pretendem vilipendiar e diminuir o herói, a resposta adequada é compensá-lo.
Voltando aos tempos do absolutismo, quando o Rei pretendia retribuir os serviços de um leal servidor, dava-lhe uma comenda de uma Ordem Militar (o que não pesava no Erário Régio), ou concedia-lhe um exclusivo, como a pimenta da Índia, o açúcar da Madeira ou os escravos da Guiné.

Porque não dar a Elon Musk o privilégio do fornecimento de viaturas eléctricas para as instituições federais, estatais e locais americanas? Poupa-se dinheiro em concursos públicos, apoia-se a indústria nacional (?) em crise e contribui-se para que a América Seja Grande Outra Vez.
Mas, se disseram que a ideia foi minha, eu nego. N. E. G. O.

Nuno Santa Clara



13.03.2025 - 00:54

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