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“A Cor dos Poemas”, de Elvira Carvalho
Uma poesia que agarra a esperança, que agarra a vida
Barreiro

“A Cor dos Poemas”, de Elvira Carvalho<br />
Uma poesia que agarra a esperança,  que agarra a vida<br />
Barreiro A poesia é o encontro entre, aquilo que vivem, os nossos sentidos com o pulsar do nosso sangue, por dentro da nossa interioridade, esse lugar onde somos únicos e descobrimos o nosso silêncio.

A poesia nasce quando o nosso pensamento beija a nossa vida, em toda a sua plenitude, pelo som, pela luz, pela cor, pela matéria, e, por essa energia universal, onde nos perdemos e renascemos, fazendo humanidade e construindo fraternidade.

Um poema permite pensar. Um poema permiti sentir. Um poema é uma fotografia, uma tela, uma canção, que guardamos nos ossos e eternizamos no nosso coração, numa relação pura, entre o sentir e o saber, entre o corpo e o cérebro, entre o eu e o tu, entre o eu e o nós. Porque somos sempre com os outros. É por isso que, na solidão, o poema abraça o mundo.
Pela poesia, sentimos que não estamos sós.
Pela poesia, construímos memória.
Pela poesia, o nosso silêncio interior transforma-se em universalidade.

Por essa razão costumo afirmar, que a poesia tem uma dimensão ética, essa, pela qual, com as palavras, desnudamos o nosso carácter.
A poesia tem uma dimensão estética, essa, pela qual, os nossos sentidos abraçam a beleza e a ternura.
A poesia tem uma dimensão hermenêutica, essa, pela qual o poeta interpreta o mundo, a sua vida, o seu tempo, e, olhando por dentro da consciência, através da contemplação, o poema, transformam-se em energia que se faz acção.
É pela poesia que o poeta abraça a memória, se inscreve no presente e inventa o futuro.

Vem tudo isto, a propósito da leitura do primeiro livro de poesia «A Cor dos Poemas» de Elvira Carvalho. Uma obra que é isso mesmo, um mergulho por dentro da interioridade da poetisa, um navegar na memória, um legado de futuro.

Um livro onde sentimos, pensamos, saboreamos, palavras que marcam uma vida: Amor, Liberdade, Sonho, Desilusão, Mundo, Loucura, Mulher, Morte, e, acima de tudo, sentimos presente o amor à vida.
“Bom dia, vida
Gosto de ti sabes?”
Essa vida que um dia se interrogou: “Há alguma coisa mais importante que um homem e uma mulher que se amam ?’’
E, no silêncio do poema responde: “Penso em ti, obrigada, amor!”
Uma poesia que nos proporciona um encontro com a gratidão, com a ternura, e abre o caminho para “despertar o sentimento do amor nas pequenas coisas”.
Uma poesia que nos diz que “o olhar é mágico” e, para cada um de nós, tal como para a poetisa ele “é o portal da emoção”.
Elvira Carvalho, com os seus poemas interroga-se e motiva-nos a interrogarmo-nos: “Terá alma o sonho? Terá alma a vida? Terá alma o amor?”
Por essa razão, a poetisa, salienta que “com as minhas palavras invento a Liberdade”.
“Terá alma a Liberdade?” – interroga.

A poesia inscrita na obra “A Cor dos Poemas” é uma viagem pelo tempo, pelas experiências vividas, são reflexões, sobre o mundo, esse lugar onde a autora refere: “ardem-me os olhos, de chorar o mundo”.
A fome, a miséria, o emigrante, o velho abandonado, o jovem em busca de emprego, a loucura, o desespero, a prostituição, o suicídio, as desilusões, a violência doméstica, a hipocrisia, a ambição, a guerra – “almas mutiladas” ou “ceifadas como searas”, são poemas-retratos do tempo que vive. Uma poesia inscrita na vida.
Uma poesia que recorda o tal Jesus – “ a criança morta pelos reis”, e, nas suas palavras evoca, o Dia de Finados, que sente nas “pétalas de uma flor que já murchou”.
Uma poesia com risos e silêncios, com cansaço nos olhos, que agarra a esperança, que agarra a vida, porque sente o seu lugar no mundo, ali, vivo, na seu cantinho – “a minha casa é um Palácio”.
A Liberdade, a fraternidade, o amor, as três palavras, que são, afinal, os três castelos de areia que “em criança construi à beira -mar”.
A tal Liberdade nascida em Abril, transportando a esperança e o sonho, que abriu caminho à dignidade de ser mulher e abraçar o amor.
Uma poesia, de uma mulher que nasceu na Azinheira Velha, aprendeu a amar a leitura e pela leitura abraçou a escrita, para, com coragem, cantar que – “o mais difícil hoje é inventar a vida no espaço da sobrevivência”, porque, afinal, “uma árvore seca na berma da estrada”, é “o retrato da humanidade”.
Mas, Elvira Carvalho, neste livro de poemas, escrito entre a esperança e a angústia, através do pensar e sentir a sua vida na partilha com o tempo que vive e viveu, com os outros, sempre com os olhos no mundo, acredita, que a vida é “amor” e que “o amor é como um incêndio, em dia de vento”.
Por isso termino, com um estas palavras que escrevo a parafrasear, a capa do seu livro, com este, dito, talvez, POEMA BREVE:

Penso em ti,
poema do nosso amor nascido,
hoje como ontem,
flor entre flores,
amor,
amantes,
recordações,
interrogações,
risos,
loucura,
Liberdade.

Bom Dia!

Escuta
Liberdade sempre!

Sinceramente
Obrigada Amor!

Barreiro, 2 de março de 2024
António Sousa Pereira
TE – 180
Equiparado a Jornalista

02.03.2024 - 19:01

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