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Barreiro – No Luso Futebol Clube apresentação dos livros
Juventude Desinquieta–o despertar da malta e Uma geração de verso e reverso
Uma sessão memorável e um livro para recordar: “Juventude desinquieta o despertar da malta”
Quando terminou a sessão de “Música e Poesia” organizada pelo Cine Clube com o apoio do Luso FC, e regressámos já perto da meia-noite ao catre modesto num canto da casa-de-fora, trazíamos “a alma cheia de poemas”, como cantou o poeta.
Aqueles que tínhamos ouvido naquela noite memorável (Odete Santos, José Afonso, Carlos Paredes, Teresa Paula Brito) colocaram ao rubro as “18 primaveras” com consciência social, mas ainda pequena consciência política. Como para outros jovens participantes aquele foi um grande sobressalto cívico.
Claro, não sabíamos das peripécias que envolveram a saída de Zeca Afonso pelo muro do campo de jogos, depois de ter soado o alarme de que a PIDE estava à porta do Luso!
A polícia política estava em todo o lado, com cerca de 3000 agentes e mais de 20 mil informadores em Portugal (também estava em força nas Colónias!). Vigiava de perto todas as manifestações culturais suspeitas de subversão contra a ditadura (eram todas!). Perseguia, prendia, interrogava, torturava quando se contestava a ordem fascista, já íamos no 41º ano de salazarismo!
Foi assim que na semana seguinte ao 11/11/1967, a direcção do Cine-Clube foi chamada à delegação de Setúbal da PIDE e o príncipe dos trovadores foi intimado a prestar declarações na sede, na rua António Maria Cardoso.
A geração retratada no livro “Juventude Desinquieta, o Despertar da Malta”, como naqueloutro, “Uma geração de verso e reverso”, de Amadeu Singens (também em apresentação), nasceu e cresceu neste ambiente de repressão, medo, ocupação militar da vila pela GNR, assaltos e rusgas pela PIDE, delações da “bufaria”! Mas também de resistência e de revolta, de espírito democrático e de consciência revolucionária, de luta corajosa e com convicção pelo derrube do fascismo, contra a exploração capitalista do trabalho e pela construção de um mundo novo.
A genuína participação e a generosidade da juventude que o livro conta e releva, não foram actos isolados de “bravura” ou de “altruísmo”, como ouvimos classificar recentemente. Foram participações conscientes, corajosas, determinadas, mesmo quando o medo apertava o peito, quando o chão tremia à passagem das lagartas dos tanques, quando a cavalaria carregava com bestas e animais fardados.
Estes livros constituem uma homenagem à geração de 60, à criação em 1969 do Movimento de Juventude Democrática (MJD) que precedeu o MJT – Movimento de Juventude Trabalhadora – e à contribuição inestimável que os jovens deram (estudantes, operários, trabalhadores) em tempo de luta contra a Guerra Colonial e a Guerra do Vietname, no caminho que levou à Revolução de Abril.
Um abraço dos autores
Armando Sousa Teixeira
01.05.2024 - 17:08
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