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TRABALHADORES DA CÂMARA DO BARREIRO
PARTICIPAM EM RASTREIO A DOENÇAS PROVOCADAS PELO AMIANTO

TRABALHADORES DA CÂMARA DO BARREIRO <br />
PARTICIPAM EM RASTREIO A DOENÇAS PROVOCADAS PELO AMIANTO A SOS Amianto – Associação Portuguesa de Proteção Contra o Amiano está a desenvolver, em parceria com a Fundação Champalimaud, a primeira campanha de rastreio gratuito a doenças provocadas pelo Amianto, nomeadamente o diagnóstico ao Mesotelioma Pleural Maligno, com o objetivo de sinalizar precocemente qualquer alteração ou situação, permitindo a possibilidade de uma atuação que garanta a sobrevida das pessoas.

Este rastreio é direcionado para trabalhadores das antigas fábricas de fibrocimento, da indústria naval, da instalação ou manutenção de condutas de abastecimento de água ou saneamento, assim como de outras atividades profissionais que tenham obrigado à exposição ao amianto, numa duração temporal de pelo menos 10 anos de exposição.
A Câmara Municipal do Barreiro aderiu a este programa, selecionando alguns dos trabalhadores que possam estar elegíveis para a participação voluntaria, contribuindo para um melhor acompanhamento, proteção e articulação com os serviços de higiene e saúde no trabalho.

Este Programa de Diagnóstico Precoce utiliza uma abordagem inovadora pela captação do ar respirado, um método não invasivo, complementado com uma TAC torácica de baixa dose. Os promotores desta iniciativa pretendem ajudar a comunidade de trabalhadores que, alguns dos quais, deixaram de ser acompanhados e monitorizados.
O Mesotelioma Pleural Maligno é um tipo de tumor maligno da pleura associado diretamente à exposição ao amianto, com sintomas não específicos e com um diagnóstico difícil. Os sintomas mais comuns, como falta de ar, dor no peito, perda de peso e fadiga, geralmente aparecem em fases avançadas da doença, o que pode levar à confusão com outras doenças.

As fibras de Amianto foram amplamente utilizadas em edifícios e materiais de construção, máquinas, veículos e infraestruturas de transporte e produtos de consumo. O nome “amianto” foi adotado pelos Gregos por volta de 300 a.c. e foi adotado em Roma. Reza a história que um imperador romano possuía uma toalha de mesa feita de amianto e os persas surpreenderam a população limpando-a simplesmente expondo-a ao fogo. É conhecida a sua utilização histórica à pelo menos 4.500 anos, onde foi adicionado como material de reforço em faiança e panelas.

O uso industrial moderno do amianto data da segunda metade do século XIX, com muitas aplicações em isolamento, peças retardadoras de fogo e resistentes a ácidos, isolamento de tubos, etc. mais o uso de amianto como os retardadores de fogo eram de importância crítica para os navios de guerra. Nessa altura, os perigos do amianto para os trabalhadores dos estaleiros navais nem sequer eram considerados. A Segunda Guerra Mundial estimulou ainda mais o uso do amianto e a produção aumentou a partir dessa altura. Este era utilizado pelas suas reconhecidas propriedades de resistência ao fogo/calor, aos agentes biológicos e como isolante. As fibras eram frequentemente misturadas com cimento ou trabalhadas enquanto tecido, para uso diverso como o doméstico, em alguns produtos domésticos onde o isolamento térmico e elétrico era necessário (ex: fornos).

Estima-se que o pico do seu uso se deu na década de 70, quando o fabrico e a utilização de produtos de amianto atingiram os seus níveis máximos na Europa Ocidental, na Escandinávia, na América do Norte e na Austrália, e quando a produção mundial ultrapassou os cinco milhões de toneladas por ano. Desde então, a extração deste mineral nas pedreiras de amianto diminuiu consideravelmente, mas o uso ainda ascendeu a 1,2 milhões de toneladas métricas em 2020.

O Amianto é considerado um agente cancerígeno perigoso que mata mais de 70.000 pessoas por ano na Europa. É classificado como a causa principal de cancro relacionado com a exposição nos locais de trabalho - 78% dos cancros profissionais identificados na União Europeia estão associados à exposição ao Amianto.

Com a posterior confirmação dos efeitos provocados pela inalação de fibras de amianto, como cancro do pulmão, mesotelioma (cancro da membrana do pulmão) e asbestose, a União Europeia aplicou a sua proibição desde 2005, o que levou a que estas fibras não possam ser usadas no fabrico de novos materiais ou que, por exemplo, os materiais com amianto retirados (como telhas ou condutas) não possam ser reutilizados em outras aplicações. Apesar desta proibição, a sua presença é constante em diversos setores, edifícios e infraestruturas, o que perpetua o risco de exposição humana - ambiental e profissional – a este cancerígeno, o que obriga à necessidade de dedicar-lhe uma atenção constante e permanente.

Carmen Lima
Presidente da SOS Amianto

16.11.2024 - 13:39

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