personalidades
BARREIRO - Centenário do poeta António Monginho
Celebrado com apresentação da sua obra «Das Sete Cidades - Antologia»

O poeta, natural de Évora, residiu durante largos anos no Barreiro, onde cultivou amizades, partilhou o seu amor pelo Tejo, pela poesia e viveu o seu amor à Liberdade.
António Monginho nasceu em Évora, em 1925. Após a II Guerra Mundial, em Lisboa, conviveu com pintores, músicos e escritores.
Foi sócio e director do Cinema Clube Imagem. Aos vinte anos ingressou na Administração Pública. Reformou-se no ano de 1985.
Viveu em sete lugares: Évora, Lisboa, Almada, Queluz, Faro, Barreiro e Sintra, onde residiu até à sua morte em Junho de 2009.
António Monginho, nos anos 50 conviveu com os homens do surrealismo, no Café Gelo : Cesariny, Luis Pacheco, Herberto Helder, Manuel de Castro, António Barahona, João Rodrigues, Virgilio Martinho e António José Fortes, são parceiros de vivências diárias.
Em 1980 publicou, no Barreiro, o seu primeiro livro de poesia – “Das Sete Cidades”, seguindo-se “Entre o Vento e o Orvalho”, 1980; “Tudo o que me dói”, 1981; e “As palavras Antropófagas”, 1987; "O Rio à beira de um homem", 1991; e, "A Sombra e o Desejo", 1995.
Publicou ainda um conjunto de textos – “Cantares de Amigos”. Está presente em Antologias - “O Trabalho” e “Poetas do Barreiro”.
Chão dos Impérios
Saio de manhã
com gaivotas
o sol irrompe
já no meio do Tejo
neste Tejo operário
despojado de pompas
sem lirismos
Os que sobraram
do Império
choram a Índia
as terras de África
- outras águas
outros réditos
Desconformam-se
com as malhas
apertadas deste rio
(É este o rio onde
as mágoas explodem?)
Português que não
sonhou impérios
também eu
vou saudoso doutro
chão
doutras miragens
Ai Alentejo
meu país
sombras
também eu sou
no Tejo
mercador doutros
destinos
António Monginho
Évora, 10/2/1989
António Monginho, é um poeta de prestígio, que inscreveu seu nome nas vivências culturais do Barreiro, partilhando a amizade com Augusto Cabrita, Kira, Carlos Alberto Correia, Ana Garrido e Carlos Bicas, entre outros.
Conheci António Monginho, em Tertúlias Poéticas, que decorriam com regularidade no Barreiro, muitas delas promovidas pela Junta de Freguesia do Alto do Seixalinho, na época liderada por Artur Martins.
Ele sempre com a sua cigarilha. Eu sempre com o meu cachimbo.
Partilhamos estes encontros cultivando amizade e voando por dentro das palavras.
Ele poeta. Eu artesão de palavras. Por vezes, escrevia "poemas" no decorrer da tertúlia. Ele, então, comentava : "a poesia nasce-te nas mãos".
Fico feliz por saber que neste ano do centenário do seu nascimento, seu nome vai ser evocado e recordado nesta terra que ele sempre manteve viva e bem viva no seu coração.
António Monginho é uma memória do Barreiro.
António Sousa Pereira
18.05.2025 - 12:42
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