as escolas
BARREIRO - 17.ª edição do Colóquio dos Jovens Filósofos
Filosofia ferramenta essencial para compreender o mundo contemporâneo

Organizado pela Escola Secundária de Casquilhos, sob a coordenação da Professora Maria Emília Palma Santos, o Colóquio reuniu estudantes, professores e convidados em torno da filosofia e de complexos temas do nosso tempo.
A sessão de abertura contou com a presença de várias figuras institucionais e académicas: o Professor Doutor Pedro Neto (Diretor da Escola Superior de Tecnologia do Barreiro), a Dr.ª Sara Ferreira (Vereadora da Cultura da Câmara Municipal do Barreiro), a Professora Luísa Dias (Diretora do Agrupamento de Escolas de Casquilhos), o Professor Doutor Nuno Nabais (Professor da Faculdade da Universidade de Lisboa) e a Professora Maria Emília Santos, docente de Filosofia e coordenadora do projeto.
O momento inaugural sublinhou a importância da filosofia como ferramenta essencial para compreender o mundo contemporâneo. Não sendo apenas uma disciplina teórica, a filosofia foi apresentada como o necessário exercício de análise crítica dos problemas quotidianos — sociais, políticos, psicológicos e éticos — que estimula a autonomia do pensamento. Através do estudo de obras clássicas e atuais, os alunos oradores são desafiados a construir e a fundamentar as suas perspetivas, desenvolvendo competências de argumentação, exposição e diálogo. Para este trabalho de acompanhamento contou-se com a participação e orientação da Professora Maria Emília Santos, da Professora Marília Constantino e do aluno de Mestrado Pedro Gonçalves.
O primeiro painel de apresentações trouxe ao auditório uma diversidade de temas, refletidos com seriedade e entusiasmo pelos estudantes:
1. Mateus Nascimento e Rafael Medina, sobre Desobedecer, de Frédéric Gros (2019), Lisboa: Antígona;
2. Maria Moutas, com a apresentação de um capítulo da obra Novas Janelas para a Filosofia, de Aires Almeida e Desidério Murcho (2024), Lisboa: Gradiva;
3. Gonçalo Martins e Gustavo Gomes, a propósito de um tema da obra Nexus, de Yuval Noah Harari (2024), Lisboa: Penguin Random House;
4. André Ramos, discutindo o tema da inteligência artificial com base em Breves Respostas às Grandes Perguntas, de Stephen Hawking (2018), Lisboa: Crítica;
5. Inês Barbudo, refletindo sobre Igualdade, de Devon Cass (2024), Lisboa: Edições 70.
No final, após a intervenção do Professor Nuno Nabais, que elogiou a qualidade e a profundidade dos trabalhos, bem como a hodierna pertinência dos temas, seguiu-se um animado debate. A Professora Maria Emília Palma Santos destacou a importância da seleção criteriosa das obras trabalhadas, garantindo temas atuais e filosoficamente densos, que convidam à problematização e à crítica. Como tem sido hábito na estrutura do ensaio (desde o seu momento inaugural em 2006), cada aluno partiu de uma questão central, mobilizando o raciocínio para além da simples exposição de ideias.
Após uma breve pausa, onde foi servido (pelos alunos de restauração do Agrupamento de Escolas de Santo António, orientados pelos professores, Christine Iglésias e Francisco Torrão) um modesto beberete. O segundo painel deu continuidade ao espírito reflexivo do evento, com temas igualmente desafiantes:
6. Lucas Correia, com uma leitura interpretativa de Persépolis, de Marjane Satrapi (2007), Lisboa: Bertrand Editora;
7. Inês Rosa, refletindo sobre a ciência na obra O Significado de Tudo, de Richard Feynman (2001), Lisboa: Gradiva;
8. Beatriz Sérgio, Francisco Guerreiro e Martim Silva, com uma análise de Infocracia, de Byung-Chul Han (2022), Lisboa: Relógio D’Água;
9. Beatriz Martins, Carolina Martins e Leonor Oliveira, aprofundando a leitura de A Era do Capitalismo da Vigilância, de Shoshana Zuboff (2019), Lisboa: Relógio D’Água;
10. Cecília Ramirez, com uma reflexão sobre A Tirania da Minoria: Porque Estão as Democracias em Perigo, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt (2024), Lisboa: Penguin Grupo Editorial;
11. E, por fim, Bruno Lopes, analisando o clássico Carta sobre a Felicidade ou da Conduta Humana para a Saúde do Espírito, de Epicuro (2008), Lisboa: Padrões Culturais.
Concluído o segundo painel, seguiu-se novo debate. Os alunos demonstraram notável capacidade de síntese e profundidade nas respostas às questões colocadas, sendo-lhes lançado um desafio, em tom de questão provocadora: “Que atitude prática podem os jovens adotar perante os dilemas políticos, éticos e sociais que enfrentamos hoje?” As respostas revelaram, no plano de um agir de intenções, o compromisso dos alunos com uma cidadania ativa. A Professora Maria Emília Palma Santos reforçou a ideia, propondo ações concretas através da literatura, da arte, do associativismo e da participação em projetos cívicos.
O encerramento ficou a cargo do Professor Nuno Nabais, que, qual Ave de Minerva, identificou um elo comum entre todas as intervenções: a noção de conflito — enquanto motor de transformação e de diálogo — e a capacidade do pensamento filosófico de criar consensos a partir do dissenso e da Professora Maria Emília Santos que terminou com sinceros agradecimentos às várias Instituições e colaboradores, sem o qual, não seria possível aquele momento de reflexão.
Mais do que um evento académico, o Colóquio dos Jovens Filósofos é a prova viva de que a juventude pensa, questiona e quer transformar o mundo.
Pedro Gonçalves
09.05.2025 - 11:45
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