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Aulas de Informática – UTI Barreiro
“Entraram a medo e saíram confiantes”
Vítor Encarnação, de 68 anos ingressou a UTIB para ocupar os tempos livres. “Não tinha nada que fazer depois de me reformar”, afirmou este ex Maquinista Marítimo. Quando ali chegou não sabia nada de Internet e admite: “uma das coisas que me impressionou bastante foi isto dos computadores e foi o entrar para aqui que me levou a tomar o gosto pela informática”.
A Universidade da Terceira Idade (UTIB) tem como objectivos proporcionar o bem-estar pessoal e social da população, gerar sinergias entre os membros da comunidade, desenvolver o espírito de solidariedade e promover a aprendizagem ao longo da vida. Para tal, a UTIB oferece uma variedade de disciplinas que abrangem vários campos desde Língua Portuguesa, Línguas Estrangeiras, Ciências Sociais, Expressão Artística, Expressão Musical, Actividade Física, Saúde e Informática. Por ser uma das áreas mais desconhecidas mas também das mais aliciantes para os menos jovens, o “Rostos” foi visitar a aula de informática e saber mais sobre esta disciplina.
Ávidos entusiastas na utilização diária da Internet
Luís Mário Cunha, Professor e Coordenador do Departamento de Informática, garantiu que “desde há três anos a esta parte, 119 pessoas criaram e-mail” na aula. O pedagogo descreve-os como “os tais que tinham medo dos computadores, que tinham medo da Internet…” De facto, e segundo o docente, grande parte destes alunos são, actualmente “ávidos entusiastas na utilização diária da Internet, não só no envio e recepção de mensagens, mas especialmente na comunicação on-line”, assegurando que grande parte da informação entre professor/alunos e vice-versa e entre os próprios aprendizes, é já feita já com recurso ao correio electrónico.
Dar um conhecimento do que é o computador
Mas as aulas de informática não se resumem à Internet. O Coordenador esclareceu que a as aulas de Informática se dividem em 3 módulos: Teoria, Internet e Oficina de Computadores. Na parte teórica, o que é pretendido é dar um conhecimento do que é o computador, para que serve e “essencialmente para desmistificar um pouco a ideia de ´não mexer para não estragar` que grassava entre estes alunos mais entradotes”, explicou Luís Mário Cunha. Desta forma, é-lhes dada as noções básicas e proporcionado o contacto com os diversos componentes do computador: CPU, monitor, teclado e rato dando iniciação à utilização da máquina e principais mensagens de erro. A parte teórica inclui ainda a componente avançada, especialmente vocacionada para a utilização e desenvolvimento dos conhecimentos dos Programas Microsoft Word e Microsoft Excel.
Manuseamento de ferramentas como o e-mail
No módulo Internet são adestrados conteúdos práticos e teóricos que passam pelo apresentação e ambientação dos termos, que na sua maioria são em inglês, pelo manuseamento de ferramentas como o e-mail, o site, fazendo uso da pesquisa e tomando a noção de como a informação chega até ao destino.
“Se soubessem inglês avançariam muito mais rapidamente, não saber inglês é para eles um grande handycap”, assumiu Luís Mário Cunha. Para estes alunos, uma das possibilidades mais aliciantes da Internet é o envio e recepção de ficheiros pelo que o docente justifica: “a maior parte dos alunos têm aulas de teatro, de dança, têm o coro e gostam de passar as fotografias entre eles”.
Oficina de Computadores única em todo o País
Por fim, na Oficina de Computadores, única em todo o País no universo das UTI´s, é dada uma noção específica e estudo dos diversos componentes que constituem um CPU, a sua identificação, utilidade e função. Neste módulo é feita a substituição de componentes, fornecidas informações sobre as anomalias mais vulgares e principais medidas de intervenção. Numa componente social, de ligação à Escola e à Comunidade, os alunos desta oficina já recuperaram equipamentos, ofertando-os posteriormente a alunos de fracos recursos. “Actualmente já se ofereceram 12 equipamentos recuperados na Oficina”, comentou o Coordenador. Para além disso, como referiu um aluno, “esta ´Clínica Geral dos Computadores` proporciona a todos momentos de enorme actividade, designadamente com a electrificação das mesas de trabalho na sala de aula, com as pequenas reparações dos aparelhos dos próprios alunos, pela estimulação criativa e ainda pela preparação e recuperação de todo o equipamento doado”.
Não tinham nenhuma noção do que era a Internet
Luís Mário Cunha considera ainda que “o importante na terceira idade não é que se crie engenheiros informáticos, mas que comecem a perceber, tendo a idade que têm, que a informática, como inovadora que é, pode ser um grande auxiliar”. O docente relembra que “eram pessoas, na grande maioria, que não tinham nenhuma noção do que era a Internet nem de informática”. No entanto, com algum trabalho, esforço e perseverança os objectivos têm sido claramente alcançados. É caso para dizer que “entraram a medo e saíram confiantes”, conclui.
Em conversa com alguns alunos, o “Rostos” tentou saber o que fazem eles com estes conhecimentos, como encaram esta aula e quais as suas principais dificuldades.
Não tinha nada que fazer depois de me reformar,
Vítor Encarnação, de 68 anos ingressou a UTIB para ocupar os tempos livres. “Não tinha nada que fazer depois de me reformar”, afirmou este ex Maquinista Marítimo. Quando ali chegou não sabia nada de Internet e admite: “uma das coisas que me impressionou bastante foi isto dos computadores e foi o entrar para aqui que me levou a tomar o gosto pela informática”. Hoje em dia, considera a Internet “belíssima”, tem e-mail e são várias as ferramentas que utiliza. “Faço muita coisa, pesquiso, envio mails, recebo, falo directamente com as pessoas através da vídeo câmara, gosto muito de trabalhar com fotografia também”, referiu. A sua maior dificuldade deveu-se à linguagem utilizada mas com o problema ultrapassado, Vítor Encarnação já se considera um verdadeiro viciado da Internet. “Em casa, entretenho-me com os jogos de snooker que vou buscar à Internet e isso prende-me muito tempo”, concluiu.
Luísa Pires decidiu integrar as aulas de informática porque “têm a ver com o meu trabalho e porque queria aprender”. Esta secretária de 52 anos, ainda se não se sente à vontade para trabalhar com os computadores, principalmente no que toca aos termos estrangeiros mas promete seguir com esta aprendizagem: “é útil e é para continuar”.
Uma forma de ainda me sentir útil e ocupado
Fernando Zarcos, outro dos alunos, queria continuar a ter uma actividade depois de se ter reformado. “É um pouco aborrecido estar sem fazer nada e é uma forma de ainda me sentir útil e ocupado”, referiu o estudante de 70 anos. Desenhador de profissão, contou que lidava com desenhos feitos por computador mas nunca chegou a trabalhar nesses programas. “De Internet praticamente não sabia nada, apenas consultava desenhos”, afirmou. Actualmente já vai fazendo um pouco de tudo mas a sua maior dificuldade é quando se depara com algum problema que não sabe resolver “perco-me por completo, fico atrapalhado mas com a ajuda do professor logo tudo se resolve.”
Aqui aprende-se sempre mais alguma coisa
Acabada de se reformar, Maria Fernanda Zarcos decidiu acompanhar o marido de forma a “sair de casa e conviver com outras pessoas”. Ex Administrativa era Chefe de Secção, já tendo, portanto, conhecimentos na área da Informática. A vinda para esta disciplina “é mais para não esquecer, para fazer uma manutenção, mas é muito pelo convívio, assegura a aluna de 62 anos. No entanto, “aqui aprende-se sempre mais alguma coisa”, acrescenta por fim.
Como nota final fica a referência aos professores que têm levado a cabo a docência desta disciplina. As aulas teóricas são leccionadas pelos professores Francisco Pina e Risette no Centro de Formação de Professores no Barreiro (Antigo Mendonça Furtado), sendo as aulas de Internet e Oficina de Computadores leccionadas pelo professor luís Cunha no Espaço Internet na Biblioteca Municipal do Barreiro e a na Escola Secundária de Casquilhos, respectivamente.
Ângela Tavares Belo
22.6.2007 - 0:02
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