reportagem
Universidade Sénior de Setúbal
«As Universidades seniores são respostas muito avançadas no contributo da dignificação do sénior, através do envelhecimento activo»

A então Universidade Setubalense da Terceira Idade, iniciou as suas actividades lectivas no dia 3 de Novembro de 2003. Nasceu sob a forma de cooperativa de ensino de carácter social, que conta actualmente com cerca de 30 Cooperadores e funciona independente de instituições políticas ou religiosas.
Armando Sacramento, actual presidente da direcção, está na Universidade desde a sua criação explicou como surgiu a UNISETI «há cerca de uma década atrás existiam em Portugal entre trinta a quarenta universidades seniores. Actualmente já ultrapassam um milhar.
Em Setúbal a Universidade Sénior nasce da sociedade civil sem ligação a nenhum movimento organizado. Nasce de uma grande procura, sobretudo, por parte de alguns sectores da sociedade que pretendiam manter a sua actividade intelectual».
Fomos recebidos por Arlindo Mota Coordenador pedagógico, que chegou á Universidade quando ela ainda funcionava no mesmo edifício da Associação de Municípios da Região de Setúbal, à qual, estava ligado. Já com a nova Direcção, e em pleno período de transição para as instalações do Bonfim, assumiu funções directivas e tem como tarefa a coordenação pedagógica.
Mudança de instalações e de filosofia
No final de 2013 a UNISETI mudou para as instalações cedidas pela Câmara Municipal de Setúbal período que Arlindo Mota caracteriza como «um período de alguma adversidade» e justifica «devido ao estado em que as instalações nos foram entregues, tivemos que fazer um investimento significativo quer a nível financeiro quer em termos de trabalho. Contudo, apesar das dificuldades, contámos com o apoio dos professores, que são extraordinários, e com a compreensão e colaboração dos alunos» afirmou este responsável.
A mudança de espaço coincidiu também com uma mudança a nível directivo em que se procurou imprimir novas dinâmicas de acordo com a sua visão própria sobre o funcionamento da instituição «não se trata de um corte com o passado, mas antes aproveitar o que existia de bom, e que era muito, imprimindo novas dinâmicas que passam também por uma maior participação por parte dos alunos».
Um bom exemplo da abertura á participação é o Centro de Iniciativas Manuel Medeiros (CIMM) que já desenvolveu diversas iniciativas de âmbito cultural levando também o nome da Universidade à comunidade envolvente. Exemplo desta dinâmica é também o CINE MAIOR IDADE, que por diversas vezes encheu o cine charlot com alunos e familiares dos estudantes da Universidade. Este ano estão também previstas como acções significativas, as comemora-ções dos 500 anos do Foral Manuelino da cidade de Setúbal e o prémio nacional de poesia popular António Maria Eusébio Calafate.
Outra das inovações que poderá verificar-se já este ano é o alargamento do período de funcionamento da Universidade, fazendo com que as actividades se prolonguem pois «a Universidade faz já parte do quotidiano de muitas pessoas pelo que pretendemos que a sua actividade se prolongue mais no tempo» referiu Arlindo Mota acrescentando «já este ano poderemos ter a funcionar uma Universidade de Verão com cursos abertos à comunidade, com preços muito razoáveis».
A receita para o sucesso
Os alunos da UNISETI podem escolher entre um diversificado conjunto de disciplinas, prácticas e teóricas, que vão desde as línguas estrangeiras, como o Inglês, o Alemão ou o Italiano, à pintura, ou da informática ao tricô, por exemplo, sem esquecer a actividade física. Esta última –Yoga, Educação Física e Hidroginástica - realiza-se fora das instalações da Universidade, todas as outras disciplinas decorrem nas salas de aula e auditório, ministradas por docentes – alguns deles catedráticos – que despendem do seu tempo para, de forma voluntária, partilharem o seu saber e contribuir para a formação dos alunos. Armando Sacramento explica a relação que “prende” tanto professores como alunos a este modelo de ensino «os alunos estão ávidos de conhecimento e os professores sentem-se úteis e valorizados na transmissão dos conhecimentos pelo interesse que os alunos têm em aprender» e acrescentou «não existe um modelo escolástico. Existe uma grande comunicação entre quem ensina e quem aprende e por isso muitas vezes os papéis invertem-se pois a partilha de conhecimentos e experiências funciona nos dois sentidos».
Esta busca pelo conhecimento por parte dos alunos e, por outro lado, a oferta formativa são possivelmente a receita do sucesso da instituição «a UNISETI não é um centro de dia. Para além do convívio as pessoas vêm sobretudo pela aprendizagem, pelo conhecimento de novas realidades e para manter a sua actividade física» sublinhou Armando Sacramento.
Também como parte do conteúdo programático da Universidade está fortemente desenvolvida a vertente do turismo sénior «fruto do grande saber e experiência de um docente» que fomenta não só o convívio mas proporciona igualmente um vasto enriquecimento cultural.
Quem são os alunos da UNISETI?
Um recente – e precioso estudo – realizado por Miguel Banha, do IPS de Setúbal, revela que os alunos da Uniseti têm uma média de idades entre os 65 e os 70 anos – apesar de terem uma aluna com 90 anos – e são na maioria mulheres. O número de alunos licenciados ultrapassa os 30% e a maioria frequenta a UNISETI há cinco ou mais anos.
Em jeito de conclusão Armando Sacramento refere que «as Universidades seniores são respostas muito avançadas no contributo da dignificação do sénior, através do envelhecimento activo baseado fundamentalmente na vontade de aprender e transmitir conhecimentos» sublinhou.
Rui Nobre
25.4.2014 - 22:17
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