reportagem
BARREIRO - Encontro «Da violência doméstica à felicidade» na SFAL
Quebrar o ciclo de violência doméstica “isso é uma questão de educação”

“Se a pessoa aprender a dizer não ao primeiro comportamento da falta de respeito. Se a pessoa disser não me voltas a dizer isto e, se for preciso acabar a relação, antes da situação escambar para situações mais graves, se calhar conseguem evitar a situação de violência doméstica.”, sublinhou Sónia Pinela, Procuradora do Ministério Público.
No dia 25 de Novembro, decorreu na SFAL – Sociedade Filarmónica Agrícola Lavradiense um debate – Mesa Redonda, tendo como tema - «Da violência doméstica à felicidade» - promovido pela «Supera_te Associação.
Violência doméstica está ligada a um conceito de intergeracionalidade
No decorrer do debate, Sónia Pinela, Procuradora do Ministério Público – SEIVD, oradora do painel de convidados, sublinhou a importância de se “quebrar o ciclo de violência doméstica”, salientou que basicamente a violência doméstica é um ciclo onde se começa por sofrer e depois perpetua-se.
Na sua opinião a violência doméstica está ligada a um conceito de intergeracionalidade, porque na maior parte das vezes as situações de violência doméstica são o resultado de um ciclo, sofre-se em criança, assiste-se em criança e depois vai-se reproduzir esses modelos mais tarde.
“Muitos dos processos que tenho em cima da minha secretária são o reflexo de situações que já ocorreram lá atrás mas, depois, podem perpetuar-se mais à frente. As pessoas que aparecem ou são vitimas, ou agressores de violência doméstica, depois os filhos vão tornar-se vitimas ou agressores de violência doméstica. Isso é que é importante evitar.”
Salientou que, acima de tudo, para se quebrar este ciclo de violência doméstica “isso é uma questão de educação”, quer sobre o processo quer educação para promover relacionamentos saudáveis.
Muitos dos processos são por problemas comunicacionais
Recordou aquelas que são as características clássicas de violência doméstica “da pessoa dominadora, a pessoa que quer dominar a outra, e depois quando não consegue agride se for preciso”.
“Nós partimos do principio que as pessoas sabem relacionar-se, mas não, muitas das vezes, muitos dos processos que nós temos, são processos por problemas comunicacionais”, que resultam de situações com problemas “bipolares de comunicação e bipolares de lidar com a diferença do outro, bipolares de lidar com a frustração, dificuldades de transmitir hoje tive um dia mau, por isso estou a embirrar com tudo”.
“Muitas situações poderiam ser resolvidas se nós aprendêssemos a comunicar melhor com as pessoas com quem residimos, sejam os parceiros, sejam os filhos, sejam os pais, sejam os avós. Vivemos num contexto familiar e é importante que saibamos respeitar-nos uns aos outros, e saber dizer num dia que as coisas correram mal, peço imensa desculpa mas hoje estou a embirrar com tudo. Estou irritado, ou irritada, e isso nada tem a ver contigo”.
Ensinar quais os comportamentos que não se devem tolerar
Sublinhou que estas podem ser formas de evitar os problemas, por essa razão, defendeu que desde a escola, “ensinar quais são os comportamentos que não se devem tolerar.”
“Às vezes, as pessoas vítimas de violência doméstica são pessoas que aceitaram, permitiram que lhes fosse dito, sem ter protestado, por exemplo, o primeiro palavrão, ou a primeira falta de respeito, depois a primeira estalada, o primeiro pontapé, e depois questões mais fortes.
Se a pessoa aprender a dizer não ao primeiro comportamento da falta de respeito. Se a pessoa disser não me voltas a dizer isto e, se for preciso acabar a relação, antes da situação escambar para situações mais graves, se calhar conseguem evitar a situação de violência doméstica.”
Recordou que existem situações de pessoas que foram vítimas de vários agressores e que o mesmo agressor foi agressor de várias vitimas./>
“Ninguém tem escrito na testa que é uma vitima, ou que é um agressor”, disse.
Todos nós podemos ser vitimas ou agressores
Referiu que “todos nós podemos ser vitimas ou agressores, porque ao chegar a casa e por tudo e por nada começarmos a implicar com as pessoas com que estamos, começar a gritar com os outros, com os filhos, com as crianças porque não tem os brinquedos arrumados”, estes são exemplo de falta de comunicação, de não saber comunicar com o outro. É isto que torna tudo ciclíco.
Defendeu que melhor aprender a comunicar um com o outro a respeitar o outro, é o caminho para resolver metade dos problemas de violência doméstica.
Se formos felizes transmitimos mais felicidade ao outro
Sónia Pinela recordou que, se formos felizes transmitimos mais felicidade ao outro – “se todos nós contribuirmos para a felicidade da pessoa com que estamos”, assim, – “somos casais fluorescentes, somos casais felizes”.
“Procurar ser feliz e procurar contribuir para felicidade do outro, não é fazer a felicidade do outro como nós a queremos também, o outro se quiser ser feliz será, se não quiser se feliz não será, e, nem toda a gente tem capacidade para procurar ser feliz. Mas podemos contribuir com pequenas atitudes, com pequenos gestos, com pequenas compreensões podemos contribuir para a felicidade do outro, com isso fazemos casais felizes, casais não violentos e com isso também crianças felizes”.
Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres
Na Mesa Redonda - Encontro «Da violência doméstica à felicidade», o tema em debate foi : “O impacto da violência doméstica na estrutura organizacional”.
Foi uma tarde muito positiva que assinalou o Dia 25 de Novembro - Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres - com muitos temas de reflexão e situações da vida real.
Nesta iniciativa promovida pela «Supera_te Associação» cuja acção tem por finalidade - «Humanizar contra a violência doméstica é a nossa missão», foram oradores: Maria João Fernandes, Vice Presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens; Jorge Humberto Dias, Docente de Ética, Felicidade e Aconselhamento Filosófico no Instituto Universitário Atlântica; Sónia Pinela, Procuradora do Ministério Público – SEIVD; Alexandre Machado, Director Clinico, Neuropsicologia/ Analista Comportamental e Carlos Torres. Foi moderador: Miguel Fernandes, jornalista da TVI.
Registou-se, igualmente o contributo de diversos convidados que vão deram os seus testemunhos de vivências reais.
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27.11.2022 - 01:19
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