reportagem

No Espaço Sala 6, Escola de Jazz do Barreiro
Mariana do Ó apresentou livro de poesia «Ovoláctea»
Pensar a vida e descobrir a eternidade

No Espaço Sala 6, Escola de Jazz do Barreiro<br />
Mariana do Ó apresentou livro de poesia «Ovoláctea»<br />
Pensar a vida e descobrir a eternidade . Que tempos estes, onde a segregação ganha voz e a liberdade já nem no peito cabe

Ontem à tarde, no Espaço Sala 6, Escola de Jazz do Barreiro, decorreu a sessão de lançamento do primeiro livro de poesia «Ovoláctea», da jovem actriz barreirense Mariana do Ó.
Uma tarde onde as palavras abriram espaço ao pensar poesia e as artes.

A sessão decorreu com simplicidade, naquele espaço agradável, uma esplanada interior, no centro da cidade, onde sentia-se o afecto e amizade fluir em abraços de ternura - "Obrigado, por teres vindo!".
A abrir a sessão, Mariana do Ó, sublinhou que com esta sua obra poética lançou o desafio a diversas artistas plásticas que, “em liberdade”, cada uma delas com a sua “maneira de sentir” traduzissem o poema para a sua linguagem”. A poesia e as artes plásticas de mãos dadas.

Carlota, artista plástica, autora da ilustração da capa, salientou que Mariana do Ó, - “quando a conheci foi inspiradora”, acrescentando que sempre lhe disse –“ és um mundo, precisas de asas para voar”.
Referiu que esta obra «Ovoláctea» “é uma obra profunda” e a sua leitura – “conduziu-me ao interior de mim mesma”.
As artistas plásticas, autoras das diversas ilustrações que integram o livro de Mariaba do Ó, comentaram, o processo criativo que viveram, e a forma como receberam a proposta de criação sobre um poema, fosse o transmitir de uma emoção, uma sensação, uma memória, em suma o prazer de ilustrar um poema.
A Inês, que ilustrou o poema «Sonâmbulo», comentou sentiu no poema “uma linha entre duas árvores” e “equilibram-se”, assim como se fosse “uma corrente de vento” que faz sentir “uma energia que passa por nós”.
A Rita, ilustrou o poema «Sintonia» criou uma peça com base em recortes físicos, “uma imagem do digital”, foi um poema que “sintonizei minha própria energia”.
A Luana, sublinhou que foi uma surpresa o convite que recebeu, e, com esta proposta feita coma base na pelna “liberdade de criar” e, assim, viveu a experiência de a partir de um poema, sentir “o processo criativo”.

Mariana do Ó, agradeceu o contributo voluntário de todas as artistas plásticas, o terem aceite o desafio de criar a partir de um poema.
Referiu as motivações que deram origem ao título da sua obra poética, a história do ovo e da galinha, através da qual podemos pensar o processo criativo, através de um olhar para as coisas e sentirmos “as coisas como criação”.
“O ovo é para além de uma coisa em si”, disse, porque é importante pensar “o que está dentro do ovo”.
Acrescentou que descobriu no céu, nos caminhos de Santiago, a «via láctea», como uma estrada dos peregrinos” , foi no encontro entre esse pensar criativo, “juntei o ovo com a via láctea”, um encontro com os caminhos que nos fazem viver.

A Matilde, proporcionou um momento de dança, de grande beleza, vivendo de forma intensa a intensidade musical e a energia da poesia. Foi lindo, foi isso sentir e viver p momento.
Vários convidados leram poemas escolhidos, ou por si próprios, ou Maria do Ó, uma forma de despertar para a energia poética e motivar a leitura da obra.
Tive o privilégio, inesperado e de surpresa, de ser um dos convidados da jovem actriz barreirense, então, para memória futura, aqui fica o poema de Mariana do Ó que li, maquela tarde de sábado, em pleno centro do Barreiro:

Estes Tempos

Que tempos estes,
onde a vida acontece de cabeça para baixo e é projetada
em pequenos ecrãs,
onde a fibra move massas e as massas movem-se a si próprias.
Seremos nós a resistência ou vítimas de defeito de fábrica?
Que tempos estes,
onde a segregação ganha voz e a liberdade já nem no peito cabe,
onde nem o despertar do sol é avistado pelos heróis, e, mesmo
assim, andamos nós a erguer cravos.
De que serve?
Se nem arrancados serão nossos.

Que tempos estes
onde ao tempo é retirado tempo
sem que sobre alguma coisa.

Após a leitura dos poemas, seguiu-se um agradável momento de convívio, e a autora autografou a sua obra, sempre com um sorriso.
A Mariana é mesmo um sorriso aberto à vida…à via láctea.

António Sousa Pereira

SINOPSE
Ovo

A esperança sobre qualquer coisa que está para vir, a fronteira entre o que julgo conhecer e o que realmente desconheço, a perfeição- e eu sei como é utópico o caminho até ela. (…)
Ser ovo é ser em união e é sobre essa caminhada partilhada que a minha obra aflora.
Ser ovo é o meio, é a via.

A Via Láctea dos seres mortais. (…)

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10.09.2023 - 13:06

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