reportagem

Barreiro – "Desconstrução" de Augusto António Cabrita.
A lucidez de analisar este tempo de forma critica

Barreiro – A lucidez de analisar este tempo de forma critica"> O "Espaço - Rizoma Cultural", no centro da cidade do Barreiro, recebeu a sessão de apresentação do livro "Desconstrução" de Augusto António Cabrita.

“Desconstrução” - “é um livro que, a brincar com as palavras, a brincar com a linguagem, a subverter o seu uso normal, isso, dá-lhe uma força muito especial”., disse Elisa Scarpa, no decorrer da apresentação da obra.

O livro de poesia "Desconstrução", de Augusto António Cabrita ", foi apresentado no dia 28 de dezembro de 2024, em Lisboa.
A sessão que decorreu no "Espaço - Rizoma Cultural", no Barreiro, a obra foi apresentada por Elisa Scarpa, escritora e artista visual, surrealista, que recordou o facto do livro do barreirense Augusto António Cabrita, ter sido editado no ano 2024, ano em que foi assinalado o centenário da publicação do Manifesto Surrealista, e ser uma obra que “tem um atravessamento do discurso da literatura surrealista, que eu gosto muito”.

A brincar com as palavras subverter o seu uso normal

Na apresentação da obra a escritora salientou que “o real é sempre o mesmo, em principio, mas a maneira como nós nos aproximamos desse real altera as coisas. Se vimos as coisas de cima, ou em picado, elas têm uma forma, parecem longínquas às vezes, se as virmos em contra-picado parecem-nos gigantescas”, e, com esta nota introdutória, acrescentou que o livro “Desconstrução” - “é um livro que, a brincar com as palavras, a brincar com a linguagem, a subverter o seu uso normal, isso, dá-lhe uma força muito especial”.
“Este é um livro que eu aconselho vivamente” , referiu a escritora.

Uma reflexão sobre o mundo carregado de tecnologia

Elisa Scarpa afirmou que a obra de Augusto António Cabrita – “é uma reflexão sobre o nosso mundo que está, neste momento, carregado de tecnologia, e, está quase de uma forma ofensiva.”
“Nós estamos a ser todos os dias metralhados com tecnologia, o que nos cria, obviamente, alguns problemas adequação. Somos obrigados as lidar com uma tecnologia que é estranha para nós, e, nos obriga, sobretudo a outro ritmo. Hoje, tem que ser tudo muito rápido. Estamos a falar de um usufruto do tempo que tem ser muito rápido”.

Estamos a ser compelidos a ser mecânicos

A escritora sublinhou que o livro reflecte – “sobre esse tempo acelerado. Esse tempo em que nós fomos metidos. Como se fossemos metidos num foguetão, de tanto acelerado, nós temos que atravessar o tempo e fazer tudo muito rapidamente. Temos que ser eficientes e não podemos errar. O ego é uma coisa que não nos é permitida. De uma certa forma, quase que estamos a ser compelidos a ser mecânicos, porque uma máquina, em princípio não erra.”

Atravessamento do discurso da literatura surrealista

Elisa Scarpa sublinhou que no livro - “há uma critica muito forte e muito eficaz à nossa civilização tecnológica, e, também, há um atravessamento do discurso da literatura surrealista, que eu gosto muito. Posso dizer isso, porque estou a jogar em casa.”

A poesia é uma a página em branco

Augusto António Cabrita, sobre o seu livro “Desconstrução”, salientou que a sua forma de expressão que é a arte poética, da qual gosta mais do que de fotografia, embora, também goste de fotografia, no entanto considera que a fotografia parte de um mundo que existe, enquanto que a poesia, ou a prosa, é uma a página em branco.
“É essa fenomenologia transbordante, apaixonante, cheia de volúpia, que gostei na arte poética, e, gostei bastante daquilo que foi a mudança, que esse acontecimento proporcionou na minha forma de expressão. Não estava à espera, honestamente.”, disse

O importante é submeter-me à transformação

“Se eu continuar a escrever, daqui a uns anos, acho superinteressante que o primeiro livro não tenha nada a ver com o segundo, o segundo nada tenha a ver com o terceiro, o quarto que nada tenha a ver com os outros anteriores, e, que o quarto seja um esqueleto duplicado do primeiro.”, salientou o poeta
“O importante é submeter-me à transformação, submeter-me à experiência”, disse.

Arte pode ser um meio para gerar revolta

Augusto António Cabrita defendeu que –“a arte e a poesia, não tem que ser só o aprimorado da forma, aquela procura pelo belo”, na sua opinião, “a arte pode ser um meio para gerar revolta, para gerar movimento, nas pessoas que, neste caso, vão ler a poesia.”
Referiu que o seu livro “Desconstrução”, é uma obra – “quase, na ordem do absurdo, é um processo de individuação, de construção do sujeito”.

Houve uma metamorfose na poesia

“Um individuo estagnado, mapeável, é algo que me deixa apoquentado, é algo que eu evito, porque estou sempre submetido a este processo de individuação. Agora, houve uma metamorfose na poesia, condizente com essa transformação do sujeito, porque, acho que estou a mudar constantemente, por aquilo que leio, por aquilo que vejo da Elisa, que é uma artista fantástica. Tudo isso muda-me. Tudo isso transforma. E tem-se repercutido na forma de expressão poética.”

És um homem deste tempo

“És um homem deste tempo, mas tens a lucidez de analisar este tempo de forma critica. Sais do real e tens uma perspectiva critica. Tens uma vontade de sobressalto”, disse Elisa Scarpa num comentário após a leitura de diversos poemas de Augusto António Cabrita.

António Sousa Pereira
TE – 180
Equiparado a Jornalista

12.01.2025 - 20:10

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