reportagem
BARREIRO - Centenário do nascimento do Poeta António Monginho
Com o boné torto e a cigarrilha apagada...ele deve estar nalgum lado

O evento contou ainda com um momento cultural, que proporcionou uma viagem pela vida e obra de António Monginho, com a participação de Carlos Alberto Correia, Jorge Matos, Ana Garrido, Ana Francisca e António Sousa Pereira. O grupo promotor deste evento, que contou também com o contributo de Fernanda Afonso.
Foi recordado que o poeta António Monginho veio viver para o Barreiro em 1976. A cidade onde ele cultivou amizades. Que foi nesta terra que ele editou o seu primeiro livro de poesia, no ano de 1980, motivado pelo seu amigo Kira.
Igualmente, salientou-se a ligação de Monginho a vários grupos de poetas surrealistas no Café Gelo, ou no Monte Carlo, em Lisboa, e, particularmente com seu amigo Herberto Helder.
Falou-se da sua ligação ao Barreiro, a Évora, à criação da ANES - Associação de Novos Escritores do Sul, que teve sede em Beja e no Barreiro, que editou o jornal literário «O Cardo».
Naquela Tertúlia, ao vivo, um grupo de amigos na mesa do café - recordaram a Tertúlia do Café Santa Maria, no Barreiro, onde todos eram cúmplices de poemas. E, ontem como hoje, o António Monginho tinha o seu lugar marcado. com o boné torto, a cigarrilha apagada e a chávená de café.
«O Monginho vem ?»- interrogou Ana Garrido.
«Já cá está. Olha a chávena. A cigarrilha. E o boné» - respondeu Carlos Alberto Correia.
E assim começou a conversa encenada em torno da vida e da obra de António Monginho. Com estórias e memórias, de Évora ao Barreiro. Do Barreiro a Beja. Entre outras cidades que foram suas. O tempo por dentro do tempo que o poeta deixou como legado, inscrito na sua obra poética.
No final, Jorge Matos olha a cadeira vazia ao seu lado e comentou : «Ele não está ausente. Está disperso nas nossas frases. Nos nossos cafés.»
"De certa forma, nunca partiu. Apenas se escreveu noutro tempo", sublinha Ana Garrido.
"E deve estar nalgum lado, a rir disto tudo. Com o boné torto e a cigarrilha apagada", comentou Carlos Alberto Correia.
"Há uma cadeira vazia. Um nome. Uma chávena fria. Quem aqui passou. Deixou palavras do Sul. Cigarrilha meio fumada na rota azul", o poema dito com delicadeza, por Ana Francisca. Um poema a fechar o pano, de uma tertúlia, um tempo poético.
Sim, para quem assistiu, as palavras ditas ficam inscritas na ternura do tempo, neste tempo, que marca o centenário de um poeta - "escondido em sombra de versos. No mapa da memória de amígos...
Julieta Monginho, sua filha, celebrou neste dias, a festa de dois Antónios - o seu neto baptizado no dia de hoje e seu seu pai recordado nesta efeméride do primeiro centenário.
Esta foi a primeira iniciativa para assinalar o centenário que, disse, fez questão que começasse a ser assinalada no Barreiro - "a terra onde ele cultivou amizades". A terra do seu coração.
Na conversa que decorreu recordaram-se vivências, cumplicidades, e, como disse António Sousa Pereira - "O Monginho nas suas dedicatórias escrevia muitas vezes..."com amizade e a fraternidade activa. Foi isso que ele descobriu e viveu no Barreiro, nas tertúlias poéticas, que aconteciam nos anos 80, nas quais estava sempre presente".
Hoje, no Barreiro, numa sessão com grande simplicidade e dignidade, num ambiente intimista, evocou-se a memória de um poeta que, certamente... esteve sentado à mesa do café a sorrir com saudade do Tejo, do Barreiro e do futuro!
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27.06.2025 - 23:14
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