reportagem

BARREIRO - Pedro Ferraz Abreu na Tertúlia de «Os Leças»
« O caminho da esquerda tem desencantado muita gente»

BARREIRO - Pedro Ferraz Abreu  na Tertúlia de «Os Leças»<br />
« O caminho da esquerda tem desencantado muita gente» Pedro Ferraz Abreu, hoje à tarde, presente na «Tertúlia de «Os Leças», salientou que “o caminho da esquerda tem desencantado muita gente”, porque “a esquerda está dominada por pessoas que vivem numa bolha”.

Hoje, no GDR «Os Leças» realizou-se a apresentação do livro «Por um mundo no a sério – uma ideologia progressista no século XXI», de Pedro Ferraz Abreu. Uma iniciativa da «Tertúlia de Os Leças», que contou o apoio do Grupo Dramático e Recreativo «Os Leças» e jornal «ROSTOS».

Sempre estivemos na luta contra as injustiças

A Mesa que dirigiu os trabalhos contou com a participação de Mário Durval e Carlos Bicas, membros da «Tertúlia de Os Leças», para além da presença do autor Pedro Ferraz Abreu e do poeta José Fanha.
Mário Durval, na abertura da sessão recordou a amizade que mantém com o autor, desde os tempos de estudante na Universidade.
Salientou que “andamos nestas iniciativas há muitos porque sempre estivemos na luta contra as injustiças”.
Na sua intervenção leu um poema, de sua autoria, de homenagem ao Padre Max, assassinado pelo MDLP, após a revolução de Abril.

Vê lá o que dizes nos cafés, porque há ouvidos nas paredes

José Fanha, referiu a importância da obra de Pedro Ferraz Abreu, e alertou para problemas que marca a vida nos tempos actuais, referiu que, “muitas pessoas que nasceram após o 25 de Abril não têm consciência do que era a vida em Portugal antes do 25 de Abril”.
O poeta considerou que ele e a sua geração – “temos falhado em dar a conhecer a essas gerações, o que era aquele tempo e contar-lhes tudo o que sentimos”. Recordou uma frase que a sua mãe lhe dizia: “Vê lá o que dizes nos cafés, porque há ouvidos nas paredes”

Sacudi a vida partidária da minha vida, não sacudi a política da minha vida

Pedro Ferraz Abreu começou a sua intervenção recordando os dias que viveu na clandestinidade, as memórias que guardava de Jose Gregório, militante do PCP que admirou pela sua frontalidade política e suas posições de reconhecer o direito à independência às colónias portuguesas.
Referiu, igualmente, o seu envolvimento na organização da manifestação de protesto, realizada em Lisboa, em Santos, no dia do funeral do estudante Ribeiro Santos, assassinado pelo PIDE.
O investigador referiu que, foi nesses tempos, e nesses acontecimentos, que estão as raízes que o motivaram a escrever o livro «O Mundo novo a sério», cujo título foi buscar a um poema de António Aleixo. A este propósito recordou as conversas que manteve com Umberto Eco, que sempre o alertou para a importância do «nome» de um livro.
Pedro Ferraz Abreu salientou que, perante os caminhos que a vida política partidária levou, nos últimos tempos, referiu que afastou-se da vida partidária.
Foi a publicação desta sua obra que o trouxe, de novo à ação politica, não à ação partidária, mas à política, neste contexto, acrescentou que, o seu percurso não foi afastar-se da politica, foi afastar-se da política partidária.
“Sacudi a vida partidária da minha vida, não sacudi a política da minha vida”, afirmou.

O caminho da esquerda tem desencantado muita gente

Pedro Ferraz Abreu, sublinhou que este seu livro defende um caminho para a ação politica, “é um livro com uma posição política forte”, é um estudo de base científica, a partir da realidade e de analise de posições políticas.
“O meu livro está centrado no presente e no futuro”, disse.
O investigador salientou que na vida política partidária, por vezes, “basta ter opinião para nos caírem em cima”, e perdem-se amizades. Perante estas situações recordou que “a amizade sustenta-se naquilo que somos”.
Pedro Ferraz Abreu salientou que “o caminho da esquerda tem desencantado muita gente”, porque “a esquerda está dominada por pessoas que vivem numa bolha”.
Após a sua entusiasmada e calorosa intervenção, seguiu-se um período de conversa e de abordagem de temas de actualidade nacional e internacional.

SINOPSE DO LIVRO
POR UM MUNDO NOVO, A SÉRIO - UMA IDEOLOGIA PROGRESSISTA NO SÉCULO XXI

Por uma Ideologia Progressista no Século XXI Apoiada na Ciência e na Experiência dos Movimentos Sociais 50 anos depois das lutas que conduziram à Revolução de 25 de Abril de 1974, o autor vem desafiar-nos a refletir sobre questões fundamentais de hoje, e sobre o rumo que a Esquerda tem estado a seguir nas últimas décadas. Vivemos uma era de grandes promessas, desafios e paradoxos. Mas existe uma profunda divisão na Sociedade, e no seio da própria Esquerda. Que caminho seguir? Afinal, que Mundo queremos - e poderemos - ter? Esta obra apresenta-nos um contributo único, porque baseado em muitos anos de investigação científica transdisciplinar (engenharia e ciências sociais), mas também de experiência de luta progressista.
Em particular, o autor apresenta a sua investigação científica sobre a evolução das tecnologias de informação e comunicação, e do seu impacto transversal em todas as áreas-chave da sociedade. Impacto que a Esquerda, no seu entender, não foi capaz de assimilar, em todas as suas implicações.
Para o autor, e 33 cidadãos que com ele subscrevem um "Prefácio Colectivo", a Esquerda parece estar limitada ao papel "pragmático" de mitigadora, moderadora, dos piores efeitos da crise económica e da guerra, mas sem uma visão de sociedade verdadeiramente autónoma da Direita; ou ao papel.
"radical" de paladina de "minorias", mas cujos exageros "identitários" distanciam o povo da Esquerda – e assim entregam as "maiorias" à Direita. Este livro aspira pois contribuir para uma sociedade mais digna, mais justa, e mais solidária.

NOTA BIOGRÁFICA
Prof. Doutor PEDRO FERRAZ DE ABREU

Pedro Ferraz de Abreu foi um líder da esquerda revolucionária na luta que conduziu ao 25 de Abril. Alvo de perseguição pelo regime da Ditadura Salazarista, foi proibido de entrar no seu Liceu (Pedro Nunes), expulso da Universidade, incorporado compulsivamente em batalhão disciplinar e obrigado à clandestinidade por mandatos de captura da PIDE. Estudou e ensinou durante 20 anos no prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT, EUA), onde fundou uma área científica transdisciplinar (e- Planning), que ensinou em Portugal como Professor Catedrático Convidado, nas Universidades de Lisboa e de Aveiro. É actualmente Research Affiliate do MIT, Investigador na Univ. de Lisboa e Presidente do Centro de Investigação de Tecnologias de Informação para uma Democracia Participativa.

05.07.2025 - 20:48

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