reportagem
No Barreiro
Apresentação do livro “Etna no vendaval da Perestroika”
“Um livro de espanto e de esperança”
Ontem, foi apresentado, na sede da Cooperativa Cultural Popular Barreirense, o livro “Etna no vendaval da Perestroika”, escrito a quatro mãos pelos autores Ana Catarina Almeida e Miguel Urbano Rodrigues.
“Um livro de espanto e de esperança” foram estas palavras que a professora Manuela Fonseca utilizou para expressar a sua opinião em relação à obra e, estendendo os elogios aos autores da obra, acrescentou: “como um homem e uma mulher da história fizeram tão bem a ficção que se cruza com a vida”.
A ideia do livro “nasceu” numa visita às ruínas do Teatro Romano
A escritora portuense Ana Catarina de Almeida explicou que a ideia do livro “nasceu” de uma visita a Mérida, nas ruínas do Teatro Romano, em Setembro de 2005, enquanto os dois autores, de gerações diferentes, trocavam palavras à luz do tema do Império Romano, discutindo as ideias da ambição do poder e do fim dos impérios. Pela experiência da autora que se licenciou na Ucrânia, onde viveu entre os anos de 85 e 91, o escritor e jornalista Miguel Urbano Rodrigues lançou-lhe um desafio, para que, com base no conhecimento que a autora tinha da vida de uma geração de estudantes portugueses que estudaram nas universidades soviéticas, se lançassem na escrita de um livro. E assim nasceu o primeiro romance português que tem como tema central o sistema político e social que destruiu a União Soviética, ao que Miguel Urbano Rodrigues chama de “ terramoto”.
“Etna é a síntese das várias raparigas que estudaram nas universidades soviéticas”
Numa escrita que joga com a primeira e a terceira pessoa do singular, assim se desenrola a história de uma mulher, Etna, uma “personagem vulcânica”, nas palavras de Ana Catarina de Almeida. E os capítulos foram sendo escritos de forma aleatória, como refere a autora. E a vida de uma estudante portuguesa, em terras soviéticas, era composta, uma história que se inicia em 85 e que se prolonga pela actualidade passando por Kiev, Leninegrado, China e ruínas da Pérsia antiga. Quanto à escolha do nome para a personagem, conta a autora, surgiu pela necessidade de encontrar uma denominação que não coincidisse com nenhuma estudante portuguesa. Ao que Miguel Urbano Rodrigues acrescenta: “Etna é a síntese das várias raparigas que estudaram nas universidades soviéticas”.
Para o capítulo final os dois autores acordaram ir até ao Irão
A respeito da escrita, Ana Catarina de Almeida diz ter-se empenhado nas questões do quotidiano, de modo a traçar o ambiente que se viveu na União Soviética. Quanto a Miguel Urbano Rodrigues, diz ter-se debruçado mais sobre as questões da História. Fazendo com que se chegasse a dois planos, a visão de Etna e de outro estudantes vistos de fora e a visão do interior do aparelho político. Para o capítulo final, a autora conta que os dois autores acordaram em ir até ao Irão, o que tem uma explicação “uma vez que tinha sido na antiga Pérsia que surgiu a ideia de Estado Universal há 2500 anos”.
“Iluminar o lado positivo e o lado negativo” da Queda do império Soviético
Miguel Urbano Rodrigues diz que na composição da “estória” de Etna houve a preocupação de procurar “iluminar o lado positivo e o lado negativo”, daquilo que considera ter sido um acontecimento trágico para a Humanidade: A queda do Império Soviético, que se para alguns representava a ameaça, também era visto como uma esperança, considera o autor, ao que comenta: “A vida teve de mudar”.
“É positivo estar numa terra, como o Barreiro, cujos trabalhadores têm desempenhado um papel importante nas lutas sociais”
O autor acabou por se mostrar um pouco descontente relativamente à apreciação dos críticos, considerando que a “crítica se silenciou” relativamente ao livro, acrescentando que apenas um órgão de comunicação social se debruçou sobre ele, numa crítica que, na sua opinião, lhe pareceu “uma torrente de insultos”. As razões para tal mudez, no seu ponto de vista, resultam do facto de “ser incómodo forçar as pessoas a reflectir sobre determinados acontecimentos da humanidade”.
Relativamente à apresentação do livro no Barreiro, Miguel Urbano Rodrigues referiu: ”é positivo estar numa terra, como o Barreiro, cujos trabalhadores têm desempenhado um papel importante nas lutas sociais”. Comentando: “que bom seria que a consciência social e cívica que se vive no Barreiro fosse seguida noutros locais”.
Andreia Lopes Gonçalves
30.6.2007 - 19:03
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