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Leal da Silva – Rosto do Ano 2022 Área Veterano
Manter o protagonismo do Barreiro ou cair na situação de ser cada vez mais arrabalde

A propósito da atribuição da Distinção Rosto do Ano 2022, na Área Veterano a Leal da Silva, recebemos de sua parte o comentário que editamos:
Meu caro Sousa Pereira,
Em primeiro lugar agradeço explicitamente a "Rostos" e implicitamente a si e ao painel de escolha a minha designação como "Veterano" que muito me honrou. Em 1961 cheguei aqui para seguir o caminho fabril que sempre tinha sonhado. Fiz nisso o que pude e o que soube, sempre na boa companhia e no valor dos que aqui encontrei, dos que me concederam um lugar na equipa, dos que - por palavras e obras - me fizeram algo ensinar e muito aprender. Menos terei feito nas minas do Alentejo, onde "estatutei" a EMMA e batizei a a Somincor e em que procurei contrariar o fadário português de dar a outros os recursos que poderíamos ter e em que - mormente após Camarate - acabei contrariado - mas saí sem indemnização, o que em termos atuais poderá ter sido "anjisse". O logotipo da segunda que o desvende.
Escola Alfredo da Silva : reivindicativa a favor do Barreiro
Saúdo-o também por relembrar no "Rostos" a Escola Alfredo da Silva que foi igualmente um centro de instabilidade produtiva e reivindicativa a favor do Barreiro. Seguindo um princípio do que foi a CUF e contrariando aqueles que esquecem ou escondem a preocupação formativa que nela existia, e não apenas para "uso interno", procurou-se incentivar que quadros dessa Empresa ensinassem na então EICAS - e assim eu recordo o infelizmente curto tempo em que, com outros, por aí andei (eu a lecionar Química) até que uma legislação vesga cortou, por via fiscal, esse salutar diálogo. Recordo igualmente os colegas da carreira letiva com quem lá discutíamos a ambição de trazer o ensino superior ao Barreiro e que prosseguiram seguidamente essa luta até obterem tal objetivo, mesmo que "em segunda derivada".
O problema da "alma cultural" desta cidade
Quando, mais adiante e igualmente no "Rostos", pontua e até contrapõe "Da Tecnologia ao imobiliário" levanta o problema da "alma cultural" desta cidade: com a deslocação imobiliária para sul do Tejo: vamos manter o protagonismo que o Barreiro sempre teve, lutou e até pagou por isso ou cair sucessivamente na situação cinzenta de ser cada vez mais aplastado e agravado arrabalde? Dir-se-á que um tal desígnio, dificilmente quantificável ou talvez não, não atinge motivo nominável nas ambições imediatas de um qualquer poder autárquico quando mais voltado for para objetivos económicos. Discordo e insisto: centre-se no Barreiro o estudo das alternativas proporcionadas pelos centros urbanos continentais (e não só) atingidos pela desindustrialização, da definição dos seus marcos culturais, de trazer cá e de ir lá ver e auscultar a experiência de cada um. Tomem-se posições claras nas ambições do coletivo urbano barreirense e que elas saltem para fora, para motivo de todos os dias. E que se procure de facto saber o que pode ser uma cidade feliz com uma história e cultura própria e mantida, em lugar de um conjunto de bairros e rotundas que "na outra banda" vão crescendo amorfos, quiçá especulativos e na procura preferencial e quadrianual de "obra feita". Haja no elenco camarário a vereação do "bem-estar autárquico", sem prejuízo da Cultura, com blogue ou canal permanente de contacto aberto MAS QUE FUNCIONE E HABITUE A FUNCIONAR "DE E PARA", E TAMBÉM, LOGO A SEGUIR, EM RESPOSTA DE "PARA E DE". Ou algo assim que mexa com cada um das gentes que somos e queremos continuar a ser. E que as leve a dizer, preto no branco, se o rei vai nu ou se está demasiadamente vestido.
Fui longe demais, mas cumpri o agradecimento devido e, sem sono, diverti-me. Dizem-me os árabes: "não durmas, já que terás toda uma eternidade para o fazer",
Um abraço.
Leal da Silva
Nota – Títulos e sub-títulos da responsabilidade de jornal «Rostos»
21.01.2023 - 16:43
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