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BARREIRO - No salão do GDR «OS LEÇAS»
CONFERÊNCIA «A GUERRA NA UCRÂNIA OBSERVADA DO PONTO DE VISTA GEOESTRATÉGICO»
A Conferência será precedida de prévio almoço de confraternização, pelas 13h30. Estão abertas as inscrições.
CONFERÊNCIA «A GUERRA NA UCRÂNIA OBSERVADA DO PONTO DE VISTA GEOESTRATÉGICO»
ALMOÇO
A Conferência será precedida de prévio almoço de confraternização, pelas 13h30, no mesmo local.
Em face da contingência de previamente se realizar um almoço de confraternização no salão da sociedade «OS LEÇAS», onde a conferência se irá realizar, as reservas para o almoço serão limitadas a 100 comensais. Por esse motivo, solicita-se o obséquio de as reservas serem feitas até às 18h00 do dia 4 de Novembro de 2024, para o seguinte endereço electrónico: luismartinslopes9@gmail.com
Para quaisquer dúvidas ou informações adicionais, contactar 925 648 100 ou 917 331 170 (entre as 15h00 e as 19h00)
A Guerra do Ucrânia Observada do Ponto de Vista Geostratégico
SINOPSE
O conflito que decorre no Leste da Europa, desde 24 de fevereiro de 2022, opondo a Ucrânia e a Federação Russa, tem origens muito anteriores. As suas reminiscências remontam à realidade geopolítica emergente da Segunda Guerra Mundial e mesmo ao redesenho do mapa político europeu que emergiu do conflito anterior, marcado pelo discurso do então presidente dos EUA Woodrow Wilson.
A nova ordem internacional baseada em regras que caraterizam o mundo unipolar, assente no primado da Democracia e da economia de mercado, sob a tutela de uma hiperpotência benévola (os EUA), não tem estado isenta de incidentes de percurso, a começar pelos bombardeamentos da NATO à Sérvia em 1999, a invasão do Iraque em 2003 e uma sucessão de ocorrências que agravaram a crispação entre o ocidente e o poder político em Moscovo.
O colapso da União Soviética e a turbulência que se lhe seguiu conduziram ao redesenho do espaço geopolítico da Europa Central e de Leste, tendo estado na génese dos conflitos nos Balcãs, da fragmentação amigável da Checoslováquia e de uma série de levantamentos que produziram mudanças de regime em alguns destes Estados.
O fim da Guerra Fria não esboroou antigas rivalidades, tendo acelerado a apetência pela ocupação dos espaços abertos pelo colapso do sistema bipolar. Verificou-se um impulso para Leste das instituições políticas e de segurança do ocidente, com a expansão da NATO e o alargamento da União Europeia aos antigos países do Pacto de Varsóvia e da própria URSS.
Ultrapassado o momento inicial de encantamento e de ilusão relativamente a uma desejada integração na comunidade ocidental, a Rússia de Vladimir Putin regressou progressivamente a uma política de afirmação dos seus interesses no espaço do designado “estrangeiro próximo”, reivindicando o estatuto de grande potência herdeira da União Soviética.
A perceção de cerco provocada pela aproximação da NATO das suas fronteiras agudizou-se com o convite endereçado à Ucrânia e à Geórgia na Cimeira da NATO de Bucareste de 2008, tendo despoletado a intervenção russa na Ossétia do Sul em agosto desse mesmo ano. Em 2014, o levantamento da Praça Maidan que derrubou o presidente Yanukovych, conduziu à intervenção e anexação da Crimeia na Federação Russa. A posição estratégica da península e a sua relevância no acesso aos “mares quentes” está na génese da intervenção ordenada por Moscovo, tendo em vista eliminar o risco de o país ficar geobloqueado a Sul.
O subsequente levantamento das populações russófonas no Donbass conduziu a uma guerra larvar no interior da Ucrânia durante oito anos. Simultaneamente foi-se desenvolvendo um conflito híbrido entre a Rússia e o ocidente, que culminou com a invasão da Ucrânia pela Federação Russa em 24 de fevereiro de 2022.
O dramático conflito que decorre há mais de dois anos e meio na Ucrânia, que já provocou centenas de milhares de mortos, a destruição de parte substancial do país e o êxodo de milhões dos seus habitantes, corre o risco de evoluir para uma situação semelhante à do conflito entre as Coreias, eternizando-se, com elevados custos económicos, sociais e políticos para o continente europeu.
Mais do que efetuar juízos de valor ou apreciações de caráter conjuntural sob a forma como o conflito se está a desenvolver, ou equacionar as tendências de evolução, interessará compreender a natureza dos atores (que não se subsumem à Ucrânia e à Federação Russa), os interesses em disputa, os fundamentos da sua atuação e o seu impacto na ordem geopolítica e geoestratégica global. Também deverão ser consideradas questões de natureza geoeconómica, nomeadamente o impacto nas rotas comerciais que se desenham no espaço euroasiático, no acesso aos recursos naturais, a par da retração do processo de globalização em curso e da transferência do centro de gravidade da economia global para a Ásia.
Entender este conflito à luz das profundas alterações que se desenham no sistema internacional, com a transição para uma nova ordem internacional multipolar e policêntrica, patente na emergência de novas organizações multilaterais que desafiam as herdadas da segunda-guerra mundial, é igualmente um exercício necessário.
A complexidade e a perigosidade do momento em que vivemos, comportando riscos existenciais, recomenda ainda uma reflexão sobre qual deverá ser o papel da União Europeia como projeto de paz e desenvolvimento do continente europeu, desenhado para ultrapassar os traumas da Segunda Guerra Mundial e da retração dos impérios coloniais.
Neste contexto, Portugal como país europeu de vocação universalista, com presença em várias geografias, tanto mercê da sua diáspora como em virtude de laços históricos criados durante séculos de convivência com outros povos deverá ponderar os seus interesses e a sua política externa, tendo em conta que o fins-últimos do Estado são garantir a Segurança e o Bem-estar dos cidadãos.
A leitura dos fundamentos das principais teorias geopolíticas, do britânico Halford Mackinder ao norte-americano Zbigniew Brzezinski, passando pelo polaco Józef Piłsudski, ajudam-nos a efetuar uma leitura mais clara dos acontecimentos e a entender os objetivos políticos dos diferentes atores.
NOTA BIOGRÁFICA DO ORADOR
Major-General AGOSTINHO COSTA
O Major-General Agostinho Costa ingressou na Academia Militar em 1977, tendo concluído a licenciatura em Ciências Militares em outubro de 1982. É oriundo da Arma de Infantaria, tendo sido promovido ao atual posto em fevereiro de 2010.
Averba diversos cursos e qualificações na área das ciências militares, destacando-se o Curso de Estado-Maior frequentado no Instituto de Altos Estudos Militares (atual IUM - Instituto Universitário Militar), Curso de Planeamento de Operações Conjuntas frequentado no Reino Unido, Curso Promoção a Oficial General frequentado no Instituto de Estudos Superiores Militares (atual Instituto Universitário Militar) e o Top Senior Police Officer Course: The Stockholm Programme Realisation, ministrado pela Agência Europeia de Formação Policial (CEPOL).
É mestre em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa, tendo apresentado uma dissertação subordinada ao tema “Os Sérvios e a estabilidade dos Balcãs”.
Ao longo da sua carreira desempenhou várias funções em Portugal e no estrangeiro, das quais se destacam, no estrangeiro: a de Observador Militar das Nações Unidas no período inicial do conflito da ex-Jugoslávia; Oficial de Operações do Estado-Maior da 3ª Divisão Italiana/Allied Rapid Reaction Corps, em Itália; Chefe da Repartição de Operações do Estado-Maior da Brigada Multinacional Oeste no Kosovo, imediatamente após a campanha aérea da NATO; como Oficial General foi Chefe do Estado-Maior da EUROFOR (European Rapid Operational Force), em Itália.
Em Portugal, nos postos iniciais da carreira serviu nas Tropas Paraquedistas. No posto de Coronel comandou a Escola de Tropas Aerotransportadas e chefiou o Gabinete de Planeamento e Programação do Instituto de Estudos Superiores Militares (atual IUM). Na Guarda Nacional Republicana, desempenhou como Oficial General as funções de Comandante da Escola da Guarda, Comandante do Comando da Doutrina e Formação, Comandante do Comando Operacional e Segundo Comandante-Geral da GNR.
Ao longo da sua carreira foi distinguido com vários louvores, tendo sido agraciado com diversas condecorações de Portugal, Espanha, Itália, da ONU e da NATO.
É membro de diversas associações cívicas e think tanks da área da segurança e defesa, com destaque para o Centro de Estudos EuroDefense-Portugal de que foi vice-presidente.
É coautor das publicações “Segurança Horizonte 2025 - Um Conceito Estratégico de Segurança Interna” e “Estratégia de Segurança Nacional - Horizonte 2030”, elaboradas como contributo para o pensamento estruturado em matérias de Segurança Nacional.
Tem dedicado especial atenção ao processo de transição para uma nova ordem multipolar e policêntrica, com emergência de novos polos do poder na Eurásia, em África e na América Latina, sendo presença frequente no espaço comunicacional através de intervenção pública e artigos de opinião sobre questões de geopolítica, geoestratégia, relações internacionais e de segurança e defesa.
Barreiro, 23 de Outubro de 2024
28.10.2024 - 10:09
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